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Inclus�o social �, numa tradu��o livre, "enxergar o mundo em todas as perspectivas, permitindo a liberdade e boas condi��es de conviv�ncia para todos". Em tese, era para ser assim. Por�m, na pr�tica isso � muito diferente. Pelo menos para a auxiliar administrativa Jaciara Silva Magalh�es a diferen�a � grande. A profissional tem 1,34m de altura, os membros encurtados e p�s pequenos (cal�a sapatos de n�mero 30), mas isso n�o a impede de ter sonhos grandes. Jaci, como gosta de ser chamada, sonha com um mundo onde o respeito pelo outro v� al�m do discurso.
Mesmo com todas as dificuldades de mobilidade que enfrenta todos os dias, ela considera o preconceito das pessoas o maior desafio a ser enfrentado quando sai de casa. "Muita gente d� risada na rua quando eu passo. Como j� tenho muita maturidade eu encaro isso com leveza, mas j� tive momentos de me sentir muito triste por isso".
Recentemente, al�m de todos os obst�culos do dia a dia, Jaci precisou travar uma luta com o pedreiro que reformava sua casa por conta da altura das janelas. Ele n�o entendia que a obra n�o podia seguir o padr�o. "As janelas da minha casa s�o bem baixinhas que � para eu poder enxergar o mundo!".
Assim como Jaci, outros brasileiros com potencialidades incr�veis t�m nanismo, transtorno que se caracteriza por uma defici�ncia no crescimento, que resulta numa pessoa com baixa estatura se comparada com a m�dia da popula��o da mesma idade e sexo. O Brasil n�o tem dados estat�sticos oficiais, mas a estimativa � que de cada 15 mil nascidos vivos, um beb� nasce com algum tipo de nanismo. E s�o mais de 400 tipos.
M�e de um menino que nasceu com nanismo, V�lvit Severo se tornou uma ativista da causa. Formada em Tecnologias em Sistemas para Internet, ela voltou a estudar para se munir de conhecimento para lutar pela inclus�o e combater o preconceito. "� doloroso demais ter que conversar com um filho de sete anos sobre suic�dio porque outras crian�as riram dele na rua e o chamaram de an�o", lamenta V�lvit, que integra a diretoria da Associa��o Nanismo Brasil (Annabra). Graduanda em Educa��o Inclusiva, V�lvit � autora da cartilha Escola para Todos: Nanismo, lan�ada em 2018, em uma audi�ncia p�blica no Senado Federal com objetivo de conscientizar pais e educadores sobre como acolher crian�as com nanismo.
Al�m de adapta��es simples na estrutura f�sica das escolas, como apoio para os p�s nas cadeiras e bebedouros e banheiros adaptados, a mudan�a principal � fruto de conversas que fomentem o respeito � diversidade. "N�o queremos romantizar a defici�ncia, mas com di�logo, podemos trabalhar a aceita��o, o respeito �s diferen�as porque cada ser humano � �nico nas suas especificidades", defende lembrando que a cartilha pode ser acessada no site por apenas R$ 10. O conte�do � apresentado de forma l�dica no YouTube, tamb�m legendado e com tradu��o para a linguagem de Libras.�
Literatura Inclusiva
Viver diferente do padr�o � para os grandes. Em uma sociedade que ainda precisa avan�ar muito nos quesitos respeito � diversidade e inclus�o, quem nasce com nanismo ou alguma outra condi��o que compromete o crescimento tem que aprender desde cedo a se enxergar al�m dos olhares curiosos e de chacotas. O pequeno Ti�o, protagonista do mais novo livro de literatura inclusiva de Celina Bezerra, aprendeu r�pido a li��o. "Gosto de, atrav�s das minhas hist�rias, quebrar paradigmas e contribuir para que as pessoas olhem, n�o para as defici�ncias, mas sim para as potencialidades do outro", explica a autora carioca que mora na Bahia h� duas d�cadas.
O pequeno grande Ti�o, o menino com nanismo integra a s�rie Amigos Especiais da Editora InVerso e tem ilustra��es assinadas por Kitty Yoshioka. A baixa estatura n�o comprometia a felicidade do menino que vive em uma cidade do interior com sua fam�lia. As peraltices eram as mesmas de toda crian�a, com a vantagem de que ele podia se esconder nos lugares mais inusitados onde mais ningu�m cabia. Nada o impedia de fazer o que queria. Em casa, seus pais adaptaram sua cama, os m�veis, a pia e at� o vaso do banheiro. Todos adoravam o pequeno amigo de cora��o enorme. Ningu�m o tratava diferente por conta da sua altura.
Ti�o n�o sabia o que era Bullying at� que precisou se mudar com a fam�lia para uma outra cidade, onde foi recepcionado por olhares curiosos, gargalhadas e at� piadas. "Por ter sido criado em uma comunidade que o aceitava, Ti�o conseguiu enfrentar a situa��o. Se n�o fosse seguro de si, poderia se fechar para o mundo como acontece com muita gente", avalia a autora. Formada em Letras e p�s-graduada em Educa��o Inclusiva e em Educa��o da inf�ncia com Ludicidade, Celina tem se destacado na cena liter�ria pela escrita necess�ria dedicada �s tem�ticas da diversidade e inclus�o. "O livro Ti�o traz esclarecimentos para as crian�as e para os pais tamb�m, sobre a import�ncia do respeito �s diferen�as", avalia Jaciara Magalh�es, que se sentiu representada pela obra liter�ria.��
Ti�o, Bruna, Sabrina, Charles... personagens at� bem pouco tempo invis�veis na literatura infantil protagonizam hist�rias de inclus�o que brotam do imagin�rio da escritora Celina Bezerra. O livro de estreia foi "Bruna, uma amiga Down mais que especial", lan�ado em 2017. Dois anos depois, "Sabrina, a menina albina" ganhava os holofotes. Em 2021, Charles, a estrela autista chegava ao mercado. "Tenho 12 tem�ticas listadas para escrever. Ainda pretendo lan�ar livros com personagens que representem crian�as com defici�ncia auditiva, visual, paralisia cerebral", lista a autora cujos livros podem ser adquiridos nas livrarias, no site da editora (www.editorainverso.com.br) ou nas redes sociais da autora @celina_bezerra.
Link da cartilha: https://cartilhananismo.com/�
Annabra: https://annabra.org.br/