
“Nossos resultados revelaram um melhor entendimento de como as pessoas est�o afetando a Amaz�nia e seu ecossistema”. O professor C�ssio Alencar Nunes, da Universidade Federal de Lavras (UFLA) e da Lancaster University no Reino Unido, em parceria com outros acad�micos, acaba de publicar um artigo na 'Proceedings of the National Academy of Sciences' sobre o desmatamento e a transforma��o de parte da Floresta Amaz�nica em �reas de pastagens (leia o artigo, em ingl�s). O estudo foi concentrado em dados coletados nas regi�es de Santar�m e Paragominas, no Par�.
“Enquanto o maior foco tem sido no desmatamento, sabemos que as paisagens de florestas tropicais est�o sendo alteradas por uma gama muito maior de atividades humanas. As modifica��es incluem desmatamento e degrada��o de florestas prim�rias, por exemplo atrav�s de corte seletivo e fogo”, explica o professor.
No levantamento, a equipe constatou que entre 2006 e 2019, 24 mil quil�metros quadrados de florestas se transformaram em pastagens e em terras de agricultura mecanizada. Com isso, a biodiversidade diminuiu radicalmente, com esp�cies nativas se tornando praticamente extintas. Al�m disso, a diversidade de formigas e p�ssaros reduziu em 30% e 59% respectivamente, no per�odo.
“O desmatamento de florestas prim�rias para cria��o de pastagens � a mudan�a de uso do solo mais prejudicial na Amaz�nia Brasileira. Isso ressalta a import�ncia cr�tica e urgente do combate ao desmatamento, que vem aumentando nos �ltimos anos”, destaca.
C�ssio explicou que desde 2012, quando os n�veis de desmatamento da Amaz�nia foram os menores da hist�ria, h� um crescimento no total de florestas desmatadas. “Pudemos observar uma tend�ncia de aumento na convers�o de florestas para pastagens na �ltima d�cada. Essa tend�ncia est� seguindo o padr�o do desmatamento em geral, que atingiu o menor valor em 2012 e vem aumentando desde ent�o”, diz o pesquisador.
Import�ncia das florestas secund�rias
No estudo que o professor da UFLA, C�ssio Alencar Nunes, participou tamb�m foram analisados os dados de florestas secund�rias, que s�o �reas que foram desmatadas e que, ap�s um per�odo, passaram por um novo plantio.
No trabalho, os pesquisadores descobriram que ap�s 20 anos do plantio, dobrou o n�mero de �rvores grandes e se observou um crescimento de 55% nas �rvores pequenas. Segundo a pesquisa, isso traz ganhos de biodiversidade e maior armazenamento de carbono.

“Estas s�o descobertas importantes, pois mostram que h� uma infinidade de a��es que podem ser tomadas para proteger e melhorar a ecologia da Amaz�nia. Ao reduzir a quantidade de terra que � convertida para agricultura mecanizada e permitir que as florestas secund�rias voltem a crescer, podemos obter ganhos significativos de restaura��o ecol�gica na Amaz�nia”, afirma.
Na entrevista, o professor negou que falte pol�ticas para a prote��o da floresta. Na avalia��o de C�ssio, o que falta � interesse em proteger a Amaz�nia.
“N�s temos pol�ticas, ferramentas e tecnologias que nos auxiliam a monitorar o desmatamento. No entanto, atualmente h� uma fraca governan�a ambiental associada a uma falta de investimentos para fortalecer a fiscaliza��o e combate do desmatamento em campo. Tamb�m faltam investimentos para favorecer a regenera��o das florestas secund�rias e pol�ticas que as protejam e permitam que elas amadure�am”, aponta C�ssio.
Mesma vis�o que tem o professor da Lancaster University, Jos Barlow, co-autor da pesquisa. “Nossos resultados enfatizam mais uma vez a import�ncia de combater o desmatamento, bem como os benef�cios adicionais de evitar a degrada��o e aumentar a perman�ncia das florestas secund�rias. No entanto, alcan�ar isso exigir� transformar a maneira como a Amaz�nia est� sendo gerenciada atualmente, incluindo uma integra��o muito maior entre ci�ncia, pol�tica e pr�ticas locais”, afirmou o pesquisador ingl�s.

Por fim, C�ssio destacou que o objetivo do grupo � aumentar a pesquisa, coletando dados de outras regi�es da Amaz�nia. "A ideia � tentar entender as amea�as que a Amaz�nia como um todo est� sofrendo e para isso nosso grupo de pesquisa atua em diferentes partes da Amaz�nia Brasileira. Nosso grupo de pesquisa est� sempre empenhado em gerar conhecimento sobre as amea�as e oportunidades para tornar a Amaz�nia mais sustent�vel”, destacou o professor, que faz parte da Rede Amaz�nia Sustent�vel, grupo que re�ne mais de 30 pesquisadores sobre a floresta.