
Um estudo desenvolvido por pesquisadores do Instituto Alfa e Beto (IAB) aponta que quanto melhor for a flu�ncia de leitura dos estudantes, maior ser� a compreens�o do que leem. Intitulada como "Rela��o entre flu�ncia e compreens�o de leitura: evid�ncias para falantes do portugu�s-brasileiro", a pesquisa analisou o desenvolvimento de 147 alunos do 2� ano, 160 alunos do 3� ano e 197 alunos do 4� ano do ensino fundamental.
Com base no estudo dos pesquisadores do IAB, alunos dessa etapa da educa��o b�sica que leem mais palavras em um minuto e com maior quantidade de acertos apresentaram�melhores pontua��es�em uma atividade de compreens�o e senten�as. Os resultados indicam ainda que a promo��o da flu�ncia de leitura na sala de aula � fundamental para alcan�ar essa resposta.
Ainda segundo os pesquisadores, a flu�ncia remete �qualidade da leitura do estudante, que � medida a partir dos seguintes pontos: velocidade de palavras lidas, quantidade de erros e a pros�dia. J� a compreens�o, como o nome sugere, � a capacidade de o aluno extrair o sentido do texto. Ao final do primeiro ano do�ensino fundamental, o ideal � conseguir ler entre 60 e 80 palavras por minuto, com porcentagem de erro abaixo de 5%.
Pesquisas internacionais j� apontavam que a melhor flu�ncia de leitura est� relacionada � melhor compreens�o. No entanto, havia necessidade de entender como acontece no portugu�s brasileiro. O artigo resultante da pesquisa do Instituto Alfa e Beto foi aceito e publicado na revista cient�fica "Cadernos de Lingu�stica", da Associa��o Brasileira de Lingu�stica.
Professora e escritora infanto-juvenil defende projetos de leitura desde a inf�ncia
A escritora de livros infantis e professora M�rcia Mendes, especialista em Estudos Lingu�sticos e Liter�rios pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), acredita que a quest�o da leitura no Brasil demanda pol�ticas p�blicas comprometidas com o acesso � literatura na linguagem oral, como conta��o de hist�rias, e escrita, por meio de livros, considerando a media��o de leitura. Para M�rcia, � necess�rio ampliar a forma��o leitora de todos os profissionais envolvidos no processo educacional.
"� importante que esses profissionais tenham um repert�rio leitor que sirva de base para a sele��o de narrativas em que circulem temas relevantes e, por conseguinte, revelem a linguagem plurissignificativa t�o cara para a literatura. Projetos de incentivo � leitura, desde a inf�ncia, contribuir�o de maneira assertiva para a forma��o leitora das crian�as na escola e em casa", defende com propriedade do lugar que ocupa, tanto como autora como educadora.
Para M�rcia, leis como a 5.108/2019, que estipula o compromisso da educa��o b�sica com a alfabetiza��o plena e a capacita��o gradual para a leitura, em conson�ncia com a Lei 10639/2003, que institui o ensino da "Hist�ria e Cultura Afro-Brasileira", devem fazer parte do ensino o ano inteiro em todos os componentes curriculares. "Na luta antirracista a linguagem liter�ria tem tamb�m um papel preponderante de ler e contar narrativas que contribuam para curar feridas porque, como sinaliza a professora Glenda Melo, a linguagem fere, mas tamb�m pode curar. A literatura abre possibilidades para recriar mundos destru�dos, por isso deve tamb�m ser pensada para todas as inf�ncias", finaliza.