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Estado de Minas OPINI�O

Desafio para o novo governo: impedir a 'deforma' do ensino m�dio

Se a bomba at�mica � a estrat�gia mais r�pida para destruir um territ�rio, o Novo Ensino M�dio � a forma mais eficiente de detonar a aprendizagem de um povo


18/11/2022 06:43 - atualizado 18/11/2022 11:43

Sala de aula
"Aprender � um ato e, como tal, depende de exerc�cios cont�nuos e esfor�o progressivo para sua aquisi��o" (foto: Gabriel Jabur/Ag�ncia Brasil)
Entra governo, sai governo, criam minist�rios e trocam Ministros, mas a Educa��o ainda � uma das pautas mais importantes do cen�rio nacional. Isso porque existem v�rias formas de prejudicar povo inteiro, mas, sem d�vida, a mais eficiente � a cria��o de uma pol�tica educacional malfeita. Nesse momento, estamos diante de uma das maiores deforma��es da educa��o brasileira, denominada Novo Ensino M�dio. Devemos consider�-lo como uma das principais pautas para discuss�o do Governo Eleito. 

O NEM, sigla que define de forma fiel esse desprop�sito educacional, porque nem ajuda os profissionais da educa��o, nem os estudantes prejudicados pela pandemia, mas enriquece os grandes conglomerados financeiros que descobriram novas estrat�gias parar parasitar a educa��o b�sica, se for levado a s�rio em todo seu potencial destrutivo poder� ser a medida educacional mais aniquiladora em rela��o � aprendizagem qualificada em nosso pa�s. 

O projeto

� consenso entre as grandes universidades do pa�s que a discuss�o foi excludente, retirando o poder de fala dos principais envolvidos em reformas dessa natureza: professores e estudantes. Reservado a grupos financeiros que desejavam investir na educa��o brasileira, quase sempre mantendo rela��es com bancos e acionistas estrangeiros, todas decis�es foram tomadas em gabinete, sem nenhum lastro com o contexto real das escolas do pa�s. 

Caso queiram comprovar esse ponto, basta verificar com qualquer gestor escolar ou professor da educa��o b�sica pr�ximo � sua casa. Atualmente, todas as escolas caminham �s cegas a respeito desse projeto. H� uma grande expectativa em rela��o ao Novo ENEM, projetado para 2024, no entanto n�o foi elaborada nem matriz de refer�ncia para a avalia��o. 

Os itiner�rios formativos

Divididos entre Ci�ncias Humanas, Ci�ncias na Natureza, Matem�tica e Linguagens o pseudoprojeto de uma educa��o inovadora prop�e uma etapa curricular composta pelos chamados Itiner�rios Formativos. O que isso significa? Um amontoado de disciplinas, eletivas, projetos, media��es, cria��es, atra��es e pirotecnias que n�o possuem objetivo pedag�gico claro, podendo suportar desde uma aula de empreendedorismo de p�o de queijo, passando por yoga ancestral dos antepassados alien�genas e culminando com inicia��o cient�fica para pesquisa de imagens no google. 

Com a diminui��o da carga hor�ria das disciplinas cl�ssicas, como Geografia, Hist�ria, Biologia, Filosofia essa deforma��o educacional aposta em metodologias t�o inovadoras que nem foram testadas ainda. Em resumo: chutes pedag�gicos que pretendem fazer com que a aula seja mais interessante para os estudantes que n�o desejam se esfor�ar para consolidarem conhecimento. Afinal, todos sabemos que a intelig�ncia n�o se desenvolve pelo comodismo ou concentra-se, apenas, no elemento l�dico. Aprender � um ato e, como tal, depende de exerc�cios cont�nuos e esfor�o progressivo para sua aquisi��o. 

Os professores

A aberra��o � t�o grande que a proposta come�ou apresentando a possibilidade de contrata��o de profissionais com not�rio saber. De certa forma, esse � ponto mais rid�culo (e olha que a disputa nesse quesito � grande) na composi��o das linhas que apresentam esse desprop�sito pedag�gico. Na realidade, essa � uma brecha para que as licenciaturas continuem sendo desvalorizadas no pa�s, em um ciclo vicioso: quanto mais desvaloriza��o, menos candidatos � profiss�o docente, quanto menos pessoas interessadas, maior o abatimento do professorado. 

De forma clara,  chamamos de not�rio saber a quantidade de horas/giz que um professor carrega em sua bagagem formativa. Em tese, a ideia dos empres�rios que emplacaram o NEM � colocar dentro da escola profissionais de outros setores que pretendem entrar em uma sala de aula sem nenhum preparo did�tico, mas ‘ajeitados’ por padrinhos do mercado financeiro que nutrem outros desejos, passando longe de objetivos verdadeiramente pedag�gicos. 

A ideia de escolha

Esse � uma das tem�ticas mais falsas da nova proposta de destrui��o da educa��o brasileira. A maioria das escolas p�blicas n�o conseguir� oferecer os quatro itiner�rios formativos. Essa impossibilidade, na pr�tica, inviabiliza os processos de escolha, principalmente dos estudantes mais pobres. 

Nas escolas particulares a situa��o � diferente. A maioria consegue oferecer todos os Itiner�rios, ainda incrementando com componentes eletivos e acompanhamento vocacional. Os estudantes das classes sociais mais favorecidas ter�o um grande leque para a escolha das diversas �reas de saber, com possibilidade de experimentar melhores pr�ticas pedag�gicas. 

Esse ponto tende a aumentar (e muito!) o abismo educacional brasileiro, fragmentando, ainda mais, a sociedade. De um lado, aqueles que tiveram possibilidade de uma boa caminhada escolar, do outro lado, aqueles que foram bloqueados em suas potencialidades cognitivas. 

Foi constru�da a esdr�xula ideia, de forma mais acintosa, que as escolas p�blicas privilegiem a Forma��o T�cnica e Profissional, explicitando uma vis�o preconceituosa, referendada por algumas pessoas p�blicas, que cursar uma Universidade n�o � direito de todos, mas privil�gio de uma classe de pessoas reservada aos ausp�cios intelectuais. Do outro lado da balan�a, colocamos aqueles a quem devemos, apenas, qualific�-los ao trabalho bra�al.  

Em resumo esse movimento pode ser definido por um termo muito interessante: piolhagem educacional. Como todo parasita, eles vivem apenas sugando as vitaminas de um corpo que produz energia, mas hora nenhuma se comprometem com ele. S�o agentes externos que viram na educa��o b�sica uma rentabilidade muito maior que nos cursos superiores. Na gradua��o o lucro fica limitado a quatro anos, nas escolas de educa��o b�sica temos uma m�dia de 10 anos para margens lucrativas dos investimentos, time is money! 

Se o Governo Eleito tiver coragem de revogar a Reforma do Ensino M�dio ele come�ar� bem. Do contr�rio, continuar� cedendo a interesses daqueles que nunca estiveram ao lado da educa��o do povo brasileiro. 

- Renato de Faria � professor e fil�sofo. Buscando as problem�ticas da vida diante das solucion�ticas do mundo.


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