Profissionais acima de 40 anos: como se manter ou conseguir um emprego?

A HUB 40+, comunidade voltada para a empregabilidade e marketing de pessoas acima dos 40 anos, prova que h� um movimento para impulsionar a cria��o de profiss�es, postos de trabalho e variados cursos voltados a todas as idades.

Mauro Wainstock, s�cio fundador da HUB 40+  e Linkedin Top Voice, destaca que, um dos temas de suas palestras “Os 40+: de invis�veis a protagonistas”, alerta sobre o valor e potencial dessa gera��o, ainda mais relevante com a  pandemia.

“Se hoje este p�blico � o principal grupo de risco, amanh�, no mundo p�s-revolu��o coronav�rus, ser� um enorme risco para sociedade se ela n�o valorizar o vasto conhecimento, a inestim�vel experi�ncia e o enorme potencial de consumo deste grupo et�rio.”

A boa not�cia, conforme Mauro Wainstock, � que algumas empresas j� perceberam a import�ncia desse p�blico e criaram programas espec�ficos para essa faixa et�ria. “Outras lan�aram projetos que pretendem aproveitar o conhecimento acumulado destes profissionais por meio de consultorias. Este � um processo irrevers�vel, at� mesmo se levarmos em considera��o que, at� 2040, 57% da for�a de trabalho no Brasil ser� 45."

"No entanto, estas iniciativas n�o devem ser estrat�gias midi�ticas apenas para engrandecer momentaneamente a reputa��o da marca, mas uma cultura genu�na, urgente e indispens�vel, para propiciar resultados sustent�veis aos acionistas e, paralelamente, um benef�cio incomensur�vel � sociedade.”

Ali�s, nos dias atuais, vale destacar que vivemos um tempo em que os velhos s�o a gera��o nascida depois da Segunda Guerra, a gera��o baby boomer, hoje indiv�duos com 70, 60 anos, que protagonizaram transforma��es hist�ricas na sociedade.

Eles viveram o movimento feminista, as mudan�as de comportamento sexual, novos modelos de casamento e fam�lia, a mulher no mercado de trabalho e nas universidades, o uso da p�lula anticoncepcional, a contracultura, a lei do div�rcio, a luta contra a ditadura no Brasil, e este grupo no auge de sete ou seis d�cadas de vida querem, se aptos, continuar atuantes, ativos, ensinando e aprendendo. Sem que isso seja um favor, exce��o ou algo digno de exclama��o, mas como natural da caminhada.

Diante dos desafios de quem passa dos 40 anos, imagina os obst�culos para quem tem idade ou j� se aposentou? Como se manter no mercado de trabalho? Como retornar e ainda se ver produtivo, entregando resultado e com sede de ensinar e aprender? Ser� que a �nica sa�da � empreender?

“H� uma frase do s�bio Hillel que gosto de citar: 'Se n�o eu por mim, quem ser�? Se eu for s� por mim, quem sou eu? Se n�o for agora, quando?'. Portanto, resultados s�o proporcionais ao esfor�o e � vontade genu�na de cada um. Uma pesquisa de 2019 da consultoria Robert Half concluiu que 69% das empresas n�o contratam colaboradores com mais de 50 anos. � uma contradi��o, na medida em que a m�dia de idade dos CEOs das empresas listadas no B3 (Bolsa de Valores), as maiores do Brasil, � de 53,6 anos”, alerta Mauro Wainstock.

Globalmente, a idade m�dia dos fundadores das startups de sucesso � de 45 anos. No Brasil, uma pesquisa do Kantar Ibope Media comprovou que o p�blico 60 � economicamente ativo, aberto ao uso de tecnologias e est� ansioso para consumir conte�do, produtos e servi�os. Por outro lado, os 50 precisam entender que as formas de trabalho est�o em constante muta��o

Mauro Wainstock, s�cio-fundador da HUB 40 e Linkedin Top Voice

Por outro lado, Mauro Wainstock conta que, de acordo com o Sebrae, em 2020 cerca de 2,5 milh�es profissionais com 50 iniciaram um neg�cio pr�prio.

“Sem d�vida, o empreendedorismo representa uma das formas mais relevantes de empoderamento deste p�blico e contribui para manter essa parcela da popula��o dentro da economia produtiva, com possibilidade de conquistar a independ�ncia financeira e ter longevidade ativa e equilibrada.

Diante do envelhecimento, os homens se saem melhor? H� menos peso para a ala masculina em termos de perman�ncia no mercado de trabalho, cobran�as e exig�ncias? “Diariamente converso com executivos de RHs de empresas de grande porte, inclusive multinacionais, e a minha sensa��o � a de que eles ainda se sentem inseguros em rela��o � diversidade et�ria. Consideram t�o relevante quanto as outras, mas ainda n�o a priorizam, talvez por ela ainda n�o ter conquistado a mesma proje��o do que as demais, j� que outras causas, todas igualmente pertinentes e leg�timas, t�m atuado h� muito mais tempo."

Ele conta que um diretor de uma das principais empresas globais de tecnologia confidenciou: “Antes de criar mais um pilar, preciso avan�ar mais nos demais”.

Conforme Mauro Wainstock, � justamente a diversidade et�ria que abra�a as outras. “Todos, independentemente do g�nero, da ra�a, da defici�ncia ou se pertencem ao grupo LGBTI, querem ter uma longevidade produtiva, equilibrada e feliz.”

DIFICULDADE DE CONSTRUIR UMA MARCA PESSOAL RELEVANTE

Mauro Wainstock revela que na HUB 40 entre as principais quest�es que recebe est� a dificuldade desses profissionais conseguirem um emprego formal e a constru��o de uma marca pessoal realmente relevante. Os dois aspectos est�o profundamente associados.

"Muitas vezes, os 40 negligenciam o poder de seus relacionamentos e esquecem os resultados que j� produziram em suas carreiras. A autoestima, a vontade genu�na e o autoconhecimento tamb�m s�o fundamentais neste processo.”

Mauro Wainstock enfatiza que cerca de  85% das recoloca��es ocorrem por meio de recomenda��o. “Ent�o, uma enriquecedora presen�a virtual, com o aprofundamento deste networking, e a possibilidade do profissional ser refer�ncia na sua �rea de atua��o por meio do oferecimento de conte�do relevante, s�o fatores que podem contribuir significativamente para este profissional alcan�ar seus objetivos mais rapidamente.”

A HUB 40 , destaca Mauro Wainstock, tamb�m atua com projetos para o fortalecimento da marca empregadora e estrat�gias para incrementar o relacionamento e os neg�cios da empresa com os consumidores 40.

"Desenvolvemos todas as etapas para a publica��o de biografias: um legado para a fam�lia e a sociedade. Recente pesquisa constatou que o empreendedorismo 50 � o que mais cresce em rela��o �s demais faixas et�rias e outro estudo concluiu que h� 24% mais chance de uma empresa ser mais saud�vel no Brasil se tiver s�cios acima dos 60 anos.”

Mauro Wainstock diz que � importante ressaltar que empreender pode significar ser professor, mentor ou consultor, por exemplo. Por sua vez, um m�dico que tem um consult�rio tamb�m � um empreendedor. Al�m de realizar a sua atividade t�cnica, precisa gerenciar uma equipe e administrar quest�es como as finan�as, a contabilidade e o marketing, apenas para citar alguns aspectos inerentes ao seu dia a dia.

Atitude empreendedora � detectar e solucionar com efici�ncia uma “dor” real do mercado, seja na empresa em que trabalha, seja em seu pr�prio neg�cio. Neste caso, o projeto precisa ser estruturado e planejado adequadamente para que produza resultados rent�veis e sustent�veis, explica.

Os profissionais 40+  necessitam de aten��o com o futuro da carreira. “Tanto produtos, como servi�os e a pr�pria comunica��o direcionada a este nicho n�o tem uma linguagem inclusiva e nem adequada. Quase a metade desse p�blico reclama que suas demandas n�o s�o atendidas pelo mercado. E a� surgem oportunidades que precisam ser preenchidas e hoje s�o desperdi�adas. Ningu�m melhor do que os pr�prios 40+, que sentem estas 'dores' no dia a dia, para criar alternativas para super�-las."

Em termos globais, h� v�rios profissionais que utilizaram a sabedoria e a experi�ncia acumuladas para criar neg�cios pr�prios ap�s esta idade; muitos dos quais promoveram verdadeiras disrup��es nos mais diversos segmentos do mercado, destaca Mauro Wainstock.

Entre os muitos mitos que os profissionais mais velhos precisam encarar para evitar o descarte por determinados setores (como sal�rios mais altos), conforme Mauro Wainstock, � o da inova��o: “Globalmente, a idade m�dia dos fundadores das startups de sucesso � de 45 anos. No Brasil, uma pesquisa do Kantar Ibope Media comprovou que o p�blico 60 � economicamente ativo, aberto ao uso de tecnologias e est� ansioso para consumir conte�do, produtos e servi�os".

Por outro lado, os 50+ precisam entender que as formas de trabalho est�o em constante muta��o. O trip� “educa��o-emprego-aposentadoria” j� virou obsoleto, caracter�sticas que antes eram seletivas, hoje s�o obrigat�rias no processo de recoloca��o.

"Neste sentido, estar sempre atualizado, inclusive para ter condi��es de se reinventar e encontrar novas oportunidades, demonstrar resili�ncia e intelig�ncia emocional, ter adaptabilidade e ser assertivo na comunica��o tornaram-se exig�ncias e n�o mais vantagens competitivas dos candidatos que realmente querem se diferenciar.”

Para M�ria Reis, professora de gest�o de RH Est�cio Belo Horizonte, "na d�cada de 1980 – quando iniciei minha atua��o em RH –, aos 40 anos o profissional era considerado velho para o mercado de trabalho. Apesar de todas as mudan�as ocorridas desde ent�o, e dos discursos de inclus�o, igualdade e diversidade, os desafios persistem".

 

Na an�lise de M�ria Reis, "observamos nas empresas que o percentual de profissionais com idade acima de 60 anos � m�nimo. Por isso, a maioria dos desocupados com mais de 50 anos aproveitam sua s�lida forma��o para atuar como consultores e se manter no mercado."

Para M�ria, a prefer�ncia por profissionais mais jovens continua sendo superior. "Vemos ent�o uma contradi��o: as empresas exigem conhecimento, experi�ncia, por�m pouca idade, como � poss�vel? Percebo que as dificuldades enfrentadas pelos jovens e idosos acabam sendo similares. Ainda temos um longo caminho.”

*Fonte: M�ria Reis, professora de gest�o de RH Est�cio Belo Horizonte