O envolvimento de um terceiro policial civil na morte de Eliza Samudio est� sendo investigado pela pol�cia, a pedido do Minist�rio P�blico. O novo suspeito, o agente Gilson Costa, � corr�u no processo do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, sobre o desaparecimento e morte de duas pessoas em Esmeraldas, na Grande BH, h� cinco anos. Os dois atuaram juntos no extinto Grupamento de Respostas Especiais (GRE) e mantiveram, segundo a promotoria, “in�meros contatos telef�nicos” durante o per�odo em que a ex-amante do goleiro Bruno Fernandes esteve em Minas Gerais, inclusive no dia da morte dela.
�s v�speras do julgamento de Bruno, marcado para segunda-feira, o documento sigiloso assinado pelo promotor Henry Wagner Vasconcelos – ao qual o Estado de Minas teve acesso por outras fontes – inclui ainda informa��es de que Bola teria estado em Santos, no litoral paulista, dois meses antes do desaparecimento de Eliza, de tocaia � modelo. Outro policial investigado no caso � Jos� Lauriano de Assis Filho, o Zez�. O promotor informou, por meio da assessoria de imprensa, que ainda re�ne provas para denunci�-lo.
Segundo o delegado Wagner Pinto, do Departamento Investiga��o de Homic�dios e Prote��o a Pessoa (DHPP) de Belo Horizonte, as novas investiga��es est�o em curso e os suspeitos n�o foram ouvidos ainda. Ele confirma, no entanto, que Bola, Zez� e Gilson (investigado ainda pela Corregedoria da Pol�cia Civil) conversaram no per�odo em quest�o.
O documento assinado pelo promotor cita ainda as “reiteradas informa��es” que chegaram ao Minist�rio P�blico, de que Bola teria estado em Santos, dois meses antes de Eliza desaparecer. Com medo das amea�as de Bruno, a mo�a vivia escondida na casa de uma amiga com seu filho, Bruninho, e dizia a amigos, por mensagens de bate-papo na internet, que evitava dizer onde estava. Pessoas pr�ximas ao goleiro tentaram descobrir o endere�o, mas Eliza sempre se negava a passar. Segundo o promotor, Bola estaria armado e at� teria sido detido por porte ilegal de arma. No entanto, ele alerta que n�o h� registro formal da pris�o do ex-policial, porque um advogado atuante em Minas Gerais, a pedido de Macarr�o, teria providenciado o suborno de agentes paulistas.
Ainda que n�o tenha sido apontado por Macarr�o, j� condenado, nem pelo primo de Bruno, na entrevista que concedeu no domingo ao Fant�stico, da Rede Globo, Bola pode estar ainda mais complicado por essas rela��es. Ele e Gilson Costa respondem pelo desaparecimento, tortura e morte de Marildo Dias de Moura e Paulo C�sar Fernandes, no interior do centro de treinamento do GRE, em 2008. Assim como o corpo de Eliza, os restos mortais das duas v�timas nunca foram encontrados.
DEFESA Segundo a advogada de Gilson, Rita Virg�nia das Gra�as Andrade, o processo da comarca de Esmeraldas ainda est� na fase de depoimentos, mas ela garante que o policial � inocente porque estava em Patos de Minas, no Alto Parana�ba, na �poca desse crime. Segundo a advogada, Gilson e Bola s� mantiveram relacionamento profissional e n�o s�o amigos. Ela afirma que seu cliente nem estava em BH quando Eliza foi trazida a Minas.
Bola e Zez� foram da mesma turma na Pol�cia Civil. Foi Zez�, inclusive, quem apresentou Bola a Bruno e Macarr�o. O argumento alegado, por�m, � de que o filho de Bola sonhava ser jogador de futebol. O rastreamento das liga��es dos suspeitos mostra, entretanto, que Zez� falou 53 vezes por celular com Macarr�o, Bola e com o primo de Bruno, que era menor na �poca do crime, nos dias em que Eliza foi mantida no s�tio. Apenas entre Zez� e Macarr�o foram 37 liga��es em cinco dias. Segundo as investiga��es, Zez� e Bola se falaram no dia da morte de Eliza e se encontraram pouco tempo depois do assassinato dela.
O policial aposentado tamb�m conversou 18 vezes com o caseiro do s�tio de Esmeraldas, Elenilson Vitor da Silva, entre 5 e 10 de junho de 2010, per�odo em que Eliza e o filho estavam no local. No processo consta que Zez� ligou para a delegacia no dia em que ex-mulher de Bruno Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, detida, foi acusada de sequestrar o beb�. Naquela data, foi ele quem mandou uma mensagem para o celular de Macarr�o, informando-o sobre a movimenta��o da pol�cia em busca do menino. Zez� e os advogados de Bola n�o foram encontrados para comentar o caso.
DEN�NCIA A suspeita do Minist�rio P�blico � confirmada pelo assistente de acusa��o do caso Bruno, Jos� Arteiro. “J� existiam suspeitas sobre a presen�a de Bola e dois policiais em Santos para executar Eliza. Os tr�s teriam sido presos e um advogado mineiro intermediou o pagamento de propina para liberta��o deles”, disse. “T�o logo Bruno seja condenado, acredito que os outros dois policiais ser�o denunciados”, completou.
QUEM � QUEM
Marcos Aparecido dos Santos, o Bola
Ex-policial civil, acusado de matar e ocultar o corpo de Eliza Samudio. Ele foi absolvido, em novembro, da acusa��o de ter assassinado um carcereiro em 2000, em Contagem, mas responde a um processo pelo desaparecimento, tortura e morte de duas pessoas no centro de treinamento do Grupo de Respostas Especiais (GRE), em Esmeraldas.
Jos� Lauriano de Assis Filho, o Zez�
Policial aposentado que foi da turma de Bola no curso para a Pol�cia Civil. Rastreamento telef�nico mostra que ele conversou 37 vezes com Macarr�o, 15 minutos antes de Eliza ter sido trazida do Rio e nos dias em que permaneceu no s�tio. Zez� tamb�m falou com Bola momentos antes e depois do crime e o recebeu na delegacia do Bairro Floramar, levantando a suspeita da pol�cia de que possa ter ajudado a ocultar o cad�ver.
Gilson Costa
Policial civil da ativa. Ele e Bola trabalharam juntos no GRE e s�o r�us no processo na comarca de Esmeralda, que apura o desaparecimento, tortura e morte de duas pessoas em 2008. Os corpos nunca foram encontrados. Por esse crime, Gilson tamb�m � investigado pela corregedoria. Mas no per�odo em que Eliza esteve em Minas, segundo a promotoria, ele conversou diversas vezes por telefone, em momentos cruciais, com os policiais envolvidos.