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Estado de Minas

Estudantes tentam encontrar maneira de driblar greve em Minas

Paralisa��o prolongada dos professores da rede p�blica obriga os alunos a buscarem alternativas para garantir estudos e provas do Enem, que abre portas para faculdades


postado em 18/08/2011 06:00 / atualizado em 18/08/2011 16:38

A estudante Ana Paula Alves Silva, 17 anos e sua mãe Cleuza Maria Silva, 44. Greve dos professores muda a rotina da família (foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
A estudante Ana Paula Alves Silva, 17 anos e sua m�e Cleuza Maria Silva, 44. Greve dos professores muda a rotina da fam�lia (foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
Tr�s adolescentes com o futuro na ponta da l�ngua e o desejo enorme de extrair da vida mais do que ela tem a oferecer. Ana Paula e Lorena, de 17 anos, e Marcelle, de 18, sonham com a universidade, se posicionam em campos ainda desconhecidos de profiss�es bem concorridas, mas encontram obst�culos justamente no que h� de mais real at� o momento: a formatura no ensino m�dio. A conta � simples: sem esse �ltimo ingrediente, nada de passos mais largos. As tr�s compartilham com estudantes de 715 escolas de Minas Gerais em greve total ou parcial o drama de ver o Exame Nacional do Ensino M�dio (Enem) bater � porta e as inscri��es dos vestibulares serem abertas sem qualquer perspectiva se ter�o pelo menos um diploma na m�o. A greve entra hoje no 72º dia (40º letivo) e, para quem n�o quer perder a oportunidade, o jeito � correr por fora. E, nessas horas, haja malabarismo.

Na casa de Ana Paula Alves Silva, no Bairro Santo Andr�, na Regi�o Noroeste de Belo Horizonte, a mudan�a de rotina foi radical. A garota quer disputar uma vaga em direito na Universidade Federal de Minas Gerais, mas antes tem pela frente o Enem. Para n�o deixar o sonho da filha cair por terra, a m�e, a empregada dom�stica Cleuza Maria Silva, de 44 anos, est� se desdobrando em trabalho extra. O dinheiro das roupas que ela passa fora do hor�rio de trabalho � o complemento para pagar, al�m das despesas habituais, os R$ 153 de cursinho particular e R$ 115 de passagem para a menina.

“Ela sempre foi uma �tima aluna e agora estou com medo at� de ela tomar bomba no col�gio. Nem todos os pais t�m condi��es de arcar com esse tipo de gasto, como � o meu caso. Ela far� inscri��o na UFMG e ningu�m me dar� de volta o dinheiro, caso o ano letivo seja anulado. Estou tendo que tirar de uma coisa para pagar outra”, afirma Cleuza. Ela diz que se a greve se arrastar mais est� disposta a formar uma comiss�o de pais para cobrar provid�ncias dos grevistas e do governo.

A estudante Lorena Anita de 17 anos também está sem aulas por causa da greve dos professores (foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
A estudante Lorena Anita de 17 anos tamb�m est� sem aulas por causa da greve dos professores (foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
A matr�cula no cursinho foi resolvida de �ltima hora, quando m�e e filha perceberam que o tempo de prepara��o para o Enem estava acabando. Ana Paula entrou num intensivo e come�ou as aulas no in�cio deste m�s. “Eu n�o pensava nessa possibilidade, pois a escola (Instituto de Educa��o) estava boa. Mas foi a �nica que encontrei para recuperar. O ritmo est� muito pesado e frequento aulas em plant�es � noite e aos s�bados, pois h� mat�rias que n�o estudei no col�gio”, relata.

A colega dela, Lorena Anita da Silva, moradora do Bairro Bom Jesus, tamb�m na Regi�o Noroeste, pensou at� mesmo em mudar de escola. O problema � que nenhum col�gio aceita os alunos das escolas em greve, que s� conclu�ram o primeiro bimestre. “Estou de p�s e m�os atadas, pois tenho medo de fazer cursinho e n�o me formar. Nem sei se farei a inscri��o da UFMG, porque acho que ser� � toa”, diz a candidata a uma vaga em rela��es internacionais. O sonho de se tornar uma diplomata, por enquanto, est� congelado: “N�o tenho mais o que fazer, a n�o ser esperar. Tudo o que eu poderia come�ar no ano que vem terei de adiar para 2013. No fim, os �nicos prejudicados somos n�s, alunos”.

Indigesto

A estudante Marcelle Sabrine Alves Diniz, 18 anos - Vitimas da greve dos professores da rede pública estadual de ensino (foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
A estudante Marcelle Sabrine Alves Diniz, 18 anos - Vitimas da greve dos professores da rede p�blica estadual de ensino (foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
Marcelle Sabrine Alves Diniz, candidata a medicina ou direito, passa o dia em casa, com a irm� Ana Paula, de 10 anos, que tamb�m est� sem aulas. Como a fam�lia n�o pode pagar um cursinho, o jeito � estudar por conta pr�pria, pegando firme em matem�tica e hist�ria. “At� hoje n�o fiz a inscri��o na UFMG. Estou pensando em adiar para o ano que vem, pois, mesmo estudando 24 horas, preciso de uma base escolar”, diz. Adiar o sonho ainda soa algo indigesto para a adolescente: “A gente pagar� o preju�zo, pois eles (os professores) j� s�o formados e n�s estamos apenas come�ando”.

Os professores decidiram na ter�a-feira manter a greve. A pr�xima reuni�o da categoria est� marcada para quarta-feira. A Secretaria de Estado de Educa��o (SEE) nega que haja possibilidade de anular o ano letivo e afirma que, na pior das hip�teses, o calend�rio de reposi��o, apresentado por cada escola, vai se estender 2012 adentro. Ainda de acordo com a SEE, 87 escolas estaduais aderiram ao movimento e 628 est�o parcialmente paralisadas. O total de institui��es � de 3.778.

 

 

Sal�rios
O ministro da Educa��o, Fernando Haddad, foi incisivo sobre o sal�rio base: “N�o h� mais o que discutir, o STF considerou constitucional o piso de R$ 1.187,14. Estados e munic�pios devem cumprir a Constitui��o”. Os professores de Minas reivindicam piso de R$ 1.597,87, mas o Sind-UTE sinalizou que est� disposto a negociar com base no valor proposto pelo MEC. A categoria informou que recorrer� da decis�o que derrubou o mandado de seguran�a que impedia a contrata��o de professores substitutos.


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