
Na casa de Ana Paula Alves Silva, no Bairro Santo Andr�, na Regi�o Noroeste de Belo Horizonte, a mudan�a de rotina foi radical. A garota quer disputar uma vaga em direito na Universidade Federal de Minas Gerais, mas antes tem pela frente o Enem. Para n�o deixar o sonho da filha cair por terra, a m�e, a empregada dom�stica Cleuza Maria Silva, de 44 anos, est� se desdobrando em trabalho extra. O dinheiro das roupas que ela passa fora do hor�rio de trabalho � o complemento para pagar, al�m das despesas habituais, os R$ 153 de cursinho particular e R$ 115 de passagem para a menina.
“Ela sempre foi uma �tima aluna e agora estou com medo at� de ela tomar bomba no col�gio. Nem todos os pais t�m condi��es de arcar com esse tipo de gasto, como � o meu caso. Ela far� inscri��o na UFMG e ningu�m me dar� de volta o dinheiro, caso o ano letivo seja anulado. Estou tendo que tirar de uma coisa para pagar outra”, afirma Cleuza. Ela diz que se a greve se arrastar mais est� disposta a formar uma comiss�o de pais para cobrar provid�ncias dos grevistas e do governo.

A colega dela, Lorena Anita da Silva, moradora do Bairro Bom Jesus, tamb�m na Regi�o Noroeste, pensou at� mesmo em mudar de escola. O problema � que nenhum col�gio aceita os alunos das escolas em greve, que s� conclu�ram o primeiro bimestre. “Estou de p�s e m�os atadas, pois tenho medo de fazer cursinho e n�o me formar. Nem sei se farei a inscri��o da UFMG, porque acho que ser� � toa”, diz a candidata a uma vaga em rela��es internacionais. O sonho de se tornar uma diplomata, por enquanto, est� congelado: “N�o tenho mais o que fazer, a n�o ser esperar. Tudo o que eu poderia come�ar no ano que vem terei de adiar para 2013. No fim, os �nicos prejudicados somos n�s, alunos”.
Indigesto

Os professores decidiram na ter�a-feira manter a greve. A pr�xima reuni�o da categoria est� marcada para quarta-feira. A Secretaria de Estado de Educa��o (SEE) nega que haja possibilidade de anular o ano letivo e afirma que, na pior das hip�teses, o calend�rio de reposi��o, apresentado por cada escola, vai se estender 2012 adentro. Ainda de acordo com a SEE, 87 escolas estaduais aderiram ao movimento e 628 est�o parcialmente paralisadas. O total de institui��es � de 3.778.
Sal�rios
O ministro da Educa��o, Fernando Haddad, foi incisivo sobre o sal�rio base: “N�o h� mais o que discutir, o STF considerou constitucional o piso de R$ 1.187,14. Estados e munic�pios devem cumprir a Constitui��o”. Os professores de Minas reivindicam piso de R$ 1.597,87, mas o Sind-UTE sinalizou que est� disposto a negociar com base no valor proposto pelo MEC. A categoria informou que recorrer� da decis�o que derrubou o mandado de seguran�a que impedia a contrata��o de professores substitutos.