Fortaleza – O procurador da Rep�blica Oscar Costa Filho, do Minist�rio P�blico Federal do Cear� (MPF-CE), disse nessa sexta-feira que os cadernos do pr�-teste do Exame Nacional do Ensino M�dio (Enem), aplicados em 2010, podem ter sido vazados em outros col�gios. As investiga��es revelaram que em uma reuni�o ocorrida no Col�gio Santo In�cio, em Fortaleza, a representante da Funda��o Cesgranrio contratada para coordenar a a realiza��o do pr�-teste entregou os malotes com os cadernos aos coordenadores de aproximadamente 30 escolas, sem autoriza��o legal.
Nessa etapa, os col�gios apenas cedem o espa�o f�sico e os alunos, ficando a cargo da Cesgranrio aplicar as provas, com supervis�o do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais An�sio Teixeira (Inep), �rg�o respons�vel pelo Enem. Ao entregar os malotes aos coordenadores das escolas, abriu-se a possibilidade de vazamento das quest�es. Para Costa Filho, agora � preciso saber se o crime se repetiu em outros col�gios. “Como n�o existia log�stica para aplica��o dos pr�-testes, a representante da Cesgranrio entregou os malotes aos coordenadores. Temos comprova��o de que o Col�gio Christus copiou o conte�do e distribuiu aos alunos. Agora, precisamos saber se outras escolas tamb�m agiram da mesma forma. Vamos pedir � Pol�cia Federal que continue as investiga��es, agora ampliando o foco”, afirmou o procurador.
Costa Filho coloca tamb�m em xeque o pr�-teste aplicado na capital cearense em 2011, pois n�o h� garantias de que o problema n�o se repetiu. Para ele, a postura do Minist�rio da Educa��o (MEC) e do Inep foi de acobertar a extens�o real do vazamento. O procurador acredita que o grande impacto do vazamento dos pr�-testes s� foi poss�vel porque o Banco Nacional de Itens n�o conta com um n�mero m�nimo de quest�es para garantir a seguran�a do Enem. Na sua opini�o, enquanto esse problema n�o for resolvido, n�o h� condi��es para realiza��o do exame.
“O MEC e o Inep causaram tudo isso quando insistiram fazer uma prova sem os requisitos exigidos, como a implementa��o de um banco de itens significativo. A quantidade de itens � que d� seguran�a. Em um concurso dessa natureza, com essa log�stica irrespons�vel, n�o h� como garantir de que n�o vai vazar. Mas o vazamento n�o teria a consequ�ncia que teve se o banco fosse realmente grande.”
Na quinta-feira, o MPF-CE denunciou cinco pessoas pelo vazamento de quest�es do pr�-teste, sendo dois representantes do Inep, um da Cesgranrio e dois do Col�gio Christus. Os membros do instituto foram acusados de falsidade ideol�gica ao negarem ser poss�vel obter os cadernos de quest�o. J� a funcion�ria do Cesgranrio cometeu crime ao entregar os malotes aos coordenadores sem autoriza��o legal. E um professor e um coordenador do Col�gio Christus foram denunciados por uso e divulga��o indevida do material.
Sem coment�rios
Procurado pela reportagem, o Col�gio Christus disse que ainda n�o tinha sido informado sobre a decis�o. J� o Minist�rio da Educa��o (MEC) afirmou, em nota, que n�o vai comentar a den�ncia do MPF pela imprensa. A representante da Cesgranrio n�o trabalha mais para a funda��o. Em outubro, alunos do Col�gio Christus confirmaram ter recebido um material que continha quest�es id�nticas ou parecidas com as que haviam ca�do no Enem. Segundo a escola, as quest�es fariam parte de um banco de perguntas que o col�gio recebe de professores, alunos e ex-alunos para promover simulados. O MEC constatou que a escola distribuiu os cadernos nas semanas anteriores ao exame, com quest�es iguais e uma similar �s que ca�ram nas provas realizadas no Enem e cancelou as provas feitas pelos 639 alunos do col�gio.