Apitos, narizes de palha�o e muitas faixas. Estas foram as 'armas' utilizadas pelos mestrandos e doutorandos da Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) durante um protesto realizado, na tarde desta quarta-feira, no campus da UFMG na Pampulha. Pac�fica e barulhenta, a manifesta��o teve como objetivo chamar a aten��o para a necessidade de um reajuste nas bolsas de pesquisa oferecidas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cient�fico e Tecnol�gico (CNPq) e pela Coordena��o de Aperfei�oamento de Pessoal de N�vel Superior (CAPES), ambas congeladas h� quatro anos. "Como n�o dirigimos �nibus nem fazemos a seguran�a do carnaval na Bahia, n�o adianta greve, mas temos que pelo menos chamar a aten��o para o debate", disparou Armando de Menezes Neto, doutorando em Ci�ncias da Sa�de pela Fiocruz e um dos organizadores do movimento em Belo Horizonte.
Durante o protesto, os pesquisadores ocuparam as principais vias do campus e caminharam de pr�dio em pr�dio, passando pelos departamentos de Ci�ncias Exatas, Biol�gicas, Filosofia e Ci�ncias Humanas. A cada novo instituto, mais mestrandos e doutorandos aderiam � a��o puxada pelos pesquisadores da Fiocruz e dos laborat�rios de Qu�mica e F�sica da UFMG. Entre as paradas, a reitoria, onde os manifestantes cobraram apoio do reitor da universidade, Cl�lio Campolina, ao movimento. "H� quatro anos sem aumentar, a bolsa tem que valorizar", cantavam os p�s-graduandos - atualmente, CNPq e CAPES oferecem bolsas para mestrandos e doutorandos de R$ 1200 e R$ 1800, respectivamente. "Honestamente, hoje em dia n�o d� mais para se viver com a bolsa, principalmente as pessoas que s�o do interior e vem para um p�lo de excel�ncia em cursos de p�s-gradua��o como Belo Horizonte", criticou Menezes Neto. Entre estes p�s-graduandos, est� a doutoranda da Fiocruz Caroline Macedo, que veio de Curvelo, no Centro de Minas. Ela explica que precisa bancar com o valor da bolsa as despesas da profiss�o, como congressos e publica��es, e os custos de morar em outra cidade. "Para voc� ter uma ideia, ainda dependo da ajuda dos meus mais", exemplificou.
Protesto nacional
O manifesto realizado nesta tarde faz parte da paralisa��o de 24 horas nas pesquisas de p�s-gradua��o, articulada pela Associa��o Nacional de P�s-graduandos (ANPG). Em Minas, tamb�m est�o previstas a��es na PUC Minas (onde deve ser instalado um contador com os dias sem reajuste), na Universidade Federal de Lavras (UFLA) e na Universidade Federal de Vi�osa (UFV), que no in�cio do m�s organizou uma "festa de anivers�rio" para as bolsas. Os protestos acontecem duas semanas ap�s a publica��o de uma reportagem pelo Estado de Minas relatando a realidade de quem depende das bolsas para sobreviver.
Outros pontos cobrados
Entre as principais reivindica��es dos p�s-graduandos est�o direitos trabalhistas e uma maior agilidade para a aprova��o do PL 2315/2003, de autoria do Deputado Jorge Bittar (PT-RJ), que atrela os valores das bolsas ao sal�rio dos docentes – o projeto tramita na C�mara desde 2003. "O pesquisador � praticamente uma pessoa ausente da sociedade durante seu doutorado, j� que ele trabalha, mas n�o contibui (com a previd�ncia) e n�o tem direitos trabalhistas", pontua Laura Xavier, doutoranda em Qu�mica pela UFMG e uma das articuladoras do movimento na universidade.
Outro ponto em debate pela ANPG � a validade da Portaria Conjunta CAPES/CNPq nº 01/2010, que cria a possibilidade dos p�s-graduandos trabalharem e receberem a bolsa, desde que em atividades de "interesse para sua forma��o acad�mica, cient�fica e tecnol�gica". "Essa n�o � uma sa�da porque o mercado n�o absorve todo mundo e alguns cursos realmente precisam de dedica��o exclusiva. O correto realmente seria uma pol�tica de valoriza��o das bolsas", opina Armando Menezes.
O EM viu
O protesto dos pesquisadores foi pac�fico e atraiu a aten��o de professores e muitos olhares curiosos na UFMG. Enquanto graduandos aplicavam trotes nos calouros do Instituto de Ci�ncias Exatas, os seguran�as da universidade optaram por acompanhar os p�s-graduandos e organizar o tr�nsito no campus, que fluiu sem problemas. O �nico momento tenso aconteceu em frente a reitoria, quando um dos homens da seguran�a nacional das universidades come�ou a fotografar os manifestantes, que questionaram o objetivo da fotos.
Outros protestos pelo Pa�s
Segundo a ANPG, est�o marcados protestos nas universidades federais do Rio Grande do Sul (UFRGS), Santa Catarina (UFSC), Cear� (UFC) e Goi�s (UFG). Tamb�m est�o previstas a��es na Universidade Estadual de Maring� (UEM), no Paran�; na Fiocruz, no Rio de janeiro; e na Universidade do Estado do Par� (UEPA). Em S�o Paulo existem a��es agendadas na USP Leste, PUC, USP Ribeir�o e UFSCar.