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Estado de Minas

Apenas 0,5% dos professores de educa��o infantil em BH s�o homens

S�o 12 homens entre 2.247 mulheresl, e eles ainda t�m de lutar contra o preconceito e as dificuldades de aceita��o de pais e colegas


postado em 23/04/2012 07:34 / atualizado em 23/04/2012 07:45


Bendito � o fruto entre as mulheres, ou melhor, entre as professoras. Nas salas de aula da educa��o infantil, homens s�o minoria e destoam num universo tipicamente feminino. Entre os 2.259 funcion�rios da rede municipal de Belo Horizonte que lidam com crian�as com menos de 6 anos de idade, eles s�o apenas 12, ou seja, 0,5%. Sandro Vin�cius Sales dos Santos e Leandro de Jesus Gomes, ambos de 32 anos, fazem parte desse seleto time que n�o se intimida diante da tarefa de trocar fraldas, dar banho e mamadeira, ninar at� o sono chegar, descer no escorregador durante as brincadeiras e ensinar as primeiras letras.

Com 125 quilos distribu�dos em 1,84 metro de altura, barba por fazer e “cara de bravo” – como ele mesmo se define –, Sandro abre um sorriso carinhoso sempre que entra no ber��rio da Unidade Municipal de Educa��o Infantil (Umei) Jatob� IV, na Regi�o do Barreiro, onde trabalha com crian�as com menos de 3 anos. Basta colocar os p�s na salinha de repouso, espa�o reservado para o sono de oito meninos e meninas, para que ele fareje algo estranho no ar: “Tem algu�m de coc� a�”. � hora de tirar o beb� do colchonete, lev�-lo para o ber�o e, com a destreza de quem tem experi�ncia de sobra no assunto, limp�-lo com um len�o umedecido e colocar uma fralda novinha em folha.

“Sou pai, sempre cuidei da minha filha e me preocupo com a educa��o dela. Percebo que � dif�cil romper a barreira do senso comum de que cuidar de crian�a � tarefa feminina. As pessoas tendem a aceitar melhor a presen�a do homem na educa��o f�sica e em atividades de apoio, mas ainda h� preconceito quando se trata de dar banho, trocar fralda e alimentar os alunos. Passei num concurso p�blico e, mesmo assim, tive que provar minha capacidade para exercer a profiss�o. Tamb�m vivi uma vigil�ncia velada dos pais e dos colegas de trabalho e tive minha sexualidade colocada em xeque”, conta Sandro, hoje no segundo casamento e pai de uma menina de 10 anos.

Experi�ncias como a de Sandro motivaram uma disserta��o no mestrado do Programa de P�s-Gradua��o em Educa��o da PUC Minas para responder uma pergunta b�sica: h� lugar para o homem na educa��o infantil? Durante mais de dois anos, o pesquisador Joaquim Ramos entrevistou 47 pessoas e fez uma radiografia desse setor de ensino dentro nas institui��es municipais de Belo Horizonte. A conclus�o � de que, apesar da abertura do mercado para professores do sexo masculino na �ltima d�cada e de uma t�nue mudan�a cultural para aceita��o desses profissionais, tabus e preconceitos ainda s�o realidade nas salas de aula.

MUDAN�AS

Segundo Joaquim Ramos, a entrada dos homens na educa��o infantil ganhou for�a a partir de 2004, com a realiza��o de concursos p�blicos na capital para preencher vagas em Umeis e em escolas municipais de n�vel fundamental com turmas infantis. Mas o in�cio das mudan�as remete � Constitui��o federal de 1988 e � Lei de Diretrizes e Bases da Educa��o (LDB), de 1996. “Essas legisla��es definiram de forma clara a responsabilidade do Estado com a educa��o infantil, o que tem pressionado o poder p�blico a ampliar o atendimento e a fazer concursos p�blicos. Por meio dos concursos, os professores homens t�m ocupado, legitimamente, os cargos de docentes”, explica.

No entanto, Joaquim ressalta que, no Brasil o cuidado e a educa��o de crian�as pequenas em creches e escolas costuma ocorrer, culturalmente, como uma extens�o do ambiente dom�stico, marcado pela l�gica da rela��o de m�e e filho. Por isso, � comum os homens assumirem o papel de educador infantil na rede p�blica de BH e encontrarem resist�ncia por parte de colegas de trabalho, da dire��o da institui��o e tamb�m das fam�lias das crian�as, que demonstram estranhamento � presen�a masculina em espa�os at� ent�o com predomin�ncia de mulheres.

Segundo a professora do Programa de P�s-Gradua��o em Educa��o da PUC Minas e orientadora da pesquisa, Maria do Carmo Xavier, essa resist�ncia cultural faz com que os homens passem por um “per�odo comprobat�rio” nas Umeis. “H� um julgamento moral do comportamento do professor, que aparece como uma amea�a �s crian�as na concep��o da sexualidade. Ele esbarra com quest�es de pedofilia, abuso sexual, homossexualidade e tem de provar ser uma pessoa �ntegra e id�nea. Num per�odo comprobat�rio, ele precisa desarmar o grupo em rela��o aos estere�tipos do feminino e do masculino para ser incorporado”, avalia a especialista.

Enquanto isso, greve caminha para o fim


A greve dos educadores infantis pode ter fim na assembleia de hoje, que ocorrer� na C�mara Municipal, a partir das 14h. Isso porque o Legislativo recebeu da Prefeitura de BH o substitutivo ao Projeto de Lei 2.068/12, que atende o pedido da categoria e unifica as carreiras de educadores e professores, inclusive sal�rios. Eles passar�o a receber como os professores da rede municipal, de acordo com a forma��o – n�vel m�dio ou superior. Essa � a principal reivindica��o dos grevistas. O PL em tramita��o no Legislativo previa a mudan�a de cargo de educador infantil para professor da educa��o infantil, al�m de algumas garantias legais, como o tempo e o tipo de aposentadoria. Mas para o Sindicato dos Trabalhadores em Educa��o da Rede P�blica Municipal (SindRede-BH), a proposta altera apenas a nomenclatura do cargo e n�o inclui os servidores no plano de carreira da educa��o municipal. A unifica��o nas carreiras de professores da educa��o b�sica – infantil, ensino fundamental e m�dio – se tornou tema de uma peti��o p�blica nacional que est� na internet e j� conta com 363 assinaturas.


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