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Estado de Minas O DRAMA DOS SEM-DIPLOMA

Greve compromete futuro de quem concluiria gradua��o este ano

Universit�rios que tra�aram planejamento r�gido que inclui concursos p�blicos, cursos no exterior ou continuidade dos estudos veem projetos desmoronarem com greve nas federais


postado em 04/09/2012 06:00 / atualizado em 04/09/2012 07:19

A rotina intensa de estudos para garantir aprova��o no concurso p�blico rendeu ao estudante Hayssen Hilel, de 24 anos, a t�o sonhada vaga de engenheiro mec�nico na Petrobras. Selecionado em mar�o, ele tinha planos de concluir a gradua��o no Centro Federal de Educa��o Tecnol�gica de Minas Gerais (Cefet/MG) em julho e fazer um curso de l�nguas no exterior e outro voltado para petr�leo e g�s no Rio de Janeiro. A data limite prevista no edital para contrata��o, 5 de mar�o do ano que vem, era o prazo que teria para se aperfei�oar. Mas a greve das federais, dois meses antes de terminar o curso superior, modificou seus planos e trouxe ang�stia sobre a possibilidade de conseguir o diploma a tempo de tomar posse no cargo p�blico.

 Hayssen chegou a solicitar ao Cefet a formatura em regime especial, o que lhe foi negado. A manuten��o da greve, mesmo com o fim das negocia��es com o governo federal, tem trazido amea�a ao sonho do universit�rio, de uma carreira est�vel e segura. Nos meses que antecederam o concurso, o estudante conciliou est�gio di�rio de seis horas, 18 disciplinas na faculdade e dedica��o ao processo de sele��o da Petrobras. “Resolvi puxar logo as mat�rias para me formar o quanto antes e ter tempo de fazer os cursos que pretendia, at� ser convocado. A Petrobras tinha um ano para me chamar. Esse prazo acaba em mar�o e n�o sei se at� l� consigo acabar os dois meses que faltam e conseguir meu diploma. Quando vi que mantiveram a greve, mesmo sem ter mais o que negociar, fiquei quase sem esperan�as”, desabafa o rapaz.

O estudante se refere ao prazo limite de planejamento para o or�amento de 2013 do Minist�rio da Educa��o, que acabou em 31 de agosto. “Minha prioridade era me formar, por isso, sa� de um emprego promissor, de que eu gostava muito, para me dedicar ao Cefet e � rotina puxada de estudos. Quando me formasse, escolheria os cursos no exterior e de petr�leo e g�s, que queria fazer no Rio. Mas n�o podia viajar durante o per�odo de greve, porque corria o risco de ter que voltar a qualquer momento.”

Aluno do 2º per�odo do curso de Teatro da Universidade Federal de S�o Jo�o del-Rei (UFSJ), Jo�o Eduardo de Almeida, de 24 anos, contava com a conclus�o do per�odo para conseguir aprova��o de um projeto de interc�mbio na Universidade de Lisboa, em Portugal. O edital deixava claro que era preciso estar no 3º per�odo, mas a greve jogou um balde de �gua fria no grupo de sete universit�rios.

“Fizemos o trabalho com um orientador da universidade e nossa expectativa era grande. Ficar�amos em Lisboa por dois anos para a licenciatura e voltar�amos para concluir o curso. Agora � esperar o retorno das aulas para saber se poderemos apresentar o projeto outra vez”, lamenta o aluno.

Vida suspensa

Ludmila Kelles completou bacharelado em biologia em julho, mas não colou grau nem viu a cor do diploma para tocar seus planos(foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)
Ludmila Kelles completou bacharelado em biologia em julho, mas n�o colou grau nem viu a cor do diploma para tocar seus planos (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)
A greve das federais tamb�m atrapalhou os planos da bi�loga “rec�m-formada” Ludmila Fernandes Kelles, de 23 anos. Aluna da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a jovem completou o bacharelado em julho, mas ainda n�o colou grau nem conseguiu o diploma, o que lhe permitiria tentar a continuidade para a licenciatura, a inscri��o no mestrado ou garantir uma vaga no servi�o p�blico.

“Gostaria de dar aulas, e faria mais um ano e meio de licenciatura, mas tamb�m me inscrevi em dois concursos e n�o basta s� ser aprovada. Terei que torcer para o diploma sair a tempo”, diz ela. “J� tem muito tempo que a universidade est� em greve e a falta de acordo nos faz perder tempo. N�o posso, por exemplo, assumir um compromisso de emprego, porque n�o sei se as aulas v�o voltar e se vou conseguir fazer a continuidade do curso de Biologia.”

Rep�blica vazia, aluguel em dia

Em Ouro Preto, na Regi�o Central, a 95 quil�metros de Belo Horizonte, muitas rep�blicas est�o vazias por causa da greve na Ufop. Mas muita gente precisa continuar pagando a mensalidade da moradia compartilhada, devido a acordo firmado em contrado, como ocorre em per�odo de f�rias. Um desses universit�rios � o aluno do 4º per�odo de engenharia metal�rgica Igor Carneiro Abreu, de 21 anos, que resolveu fazer cursos para aproveitar o tempo ocioso. S�o aulas de ingl�s, inform�tica e software espec�ficas para a carreira.

“Meu pai estava mandando dinheiro para me sustentar aqui, quase sem retorno educacional nenhum. S�o pelo menos R$ 700 por m�s e eu n�o podia ficar parado. At� voltei para Belo Horizonte, onde mora minha fam�lia, por alguns dias, mas optei por aproveitar esse tempo perdido”, conta ele. Na rep�blica onde mora, os rapazes decidiram fazer um rod�zio para a manuten��o da casa, permitindo que todos pudessem visitar as fam�lias.

Camila �urea de Oliveira, de 23, tamb�m teve que ficar na cidade por causa do est�gio no N�cleo de Pr�ticas Jur�dicas da Ufop. Aluna do �ltimo per�odo de direito, ela adiantou a monografia em casa, trocando e-mails com a orientadora. “Com certeza vou perder as f�rias e, mesmo tendo sido aprovada no �ltimo exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), n�o consigo tirar minha carteira. Isso me impossibilita de tentar um emprego em escrit�rio. Sem diploma, tamb�m n�o consigo fazer concurso p�blico, o que � meu projeto principal.”

Os alunos de medicina de todo o estado conseguiram uma libera��o do Conselho Regional para come�ar a trabalhar e disputar vagas da resid�ncia m�dica. Os que vieram de fora para estudar nas federais mineiras, por�m, n�o tiveram esse benef�cio ao retornar para seus estados e v�o depender do diploma e certificado de conclus�o do curso para exercer a profiss�o.

Congresso � nova esperan�a

O Senado agora representa a grande esperan�a de um plano de carreira para os grevistas, principalmente depois da reuni�o na semana passada com a Comiss�o de Educa��o da Casa. Os parlamentares assinaram carta para ser encaminhada aos minist�rios do Planejamento e da Educa��o e � presidente Dilma Rousseff, pedindo a reabertura de negocia��o. “Foi aberta uma pauta direta com os senadores para buscar solu��es, considerando que isso est� afetando todo o pa�s”, afirma a integrante do comando de greve da UFMG Dirlene Marques.

Em Minas, duas institui��es votaram indicativo pelo fim da greve. Os professores da Unifal sugeriram o encerramento da paralisa��o na segunda-feira e os da Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), no dia 17. Eles aguardam agora as decis�es das outras universidades. Integrante do comando de greve de Alfenas , o professor Wellington Ferreira Lima aposta nas negocia��es com o Congresso Nacional e diz que a universidade est� pronta para retomar as aulas na ter�a-feira. “Como mudou a arena de discuss�o, n�o vale a pena entrar em choque com quem estamos tendo uma boa rela��o. Tivemos um grande impasse com o Executivo, mas os parlamentares nos atenderam. Sair em bloco � mostrar que temos capacidade de mobiliza��o”, ressalta.

Os minist�rios da Educa��o e do Planejamento, por sua vez, reiteram que as negocia��es est�o encerradas e oferecem reajuste de no m�nimo 25% e no m�ximo 40% escalonados em tr�s anos (2013, 2014 e 2015). O Sindicato Nacional dos Docentes aceitou o piso de R$ 2.018,77 e o teto de R$ 17 mil propostos pela Uni�o, mas exige a reestrura��o da carreira.

Matr�cula na UFMG

Em meio ao impasse, come�a depois de amanh� o prazo para os calouros da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) confirmarem o registro acad�mico e fazerem a matr�cula do segundo semestre. Os alunos t�m at� quarta-feira que vem para garantir a vaga na institui��o. Apesar da greve dos professores, os novos universit�rios est�o sendo convocados, porque a maior parte dos cursos concluiu o primeiro semestre. A UFMG foi a �ltima a aderir � paralisa��o, em junho.

As instru��es e a escala de atendimento por curso est�o dispon�veis no site www.ufmg/drca. Os cerca de 2,8 mil calouros devem apresentar documenta��o ao Departamento de Registro e Controle Acad�mico (DRCA) da UFMG, na Unidade Administrativa III, no c�mpus Pampulha (Avenida Ant�nio Carlos, 6.627). Informa��es: (31) 3409-4588.


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