Ex-alunos de escolas p�blicas deixaram para tr�s a fam�lia, o casamento e os filhos para correr atr�s de uma oportunidade que eles mesmos definem como �nica: estudar na Universidade de Salamanca, na Espanha, uma das mais antigas e tradicionais do mundo. J� s�o 28 jovens brasileiros, bolsistas do Programa Universidade para Todos (ProUni), estudando na institui��o. O grupo que chegou mais recentemente ao pa�s, em abril deste ano, conta as surpresas e os problemas de adapta��o que tiveram que enfrentar. A diferen�a clim�tica, a culin�ria local e principalmente o idioma dificultam a adapta��o – al�m da saudade dos amigos e parentes que ficaram no Brasil.
“Ter que estudar em um m�s para se preparar para a sele��o � muita press�o. Principalmente porque n�o temos o apoio da fam�lia aqui”, explica Talles Vinicius Medeiros, de 22 anos, de Bel�m (PA). Ele conta que nos primeiros dias queria voltar ao Brasil. Mas agora, fluente em espanhol, est� confiante que vai passar na pr�xima prova. Ele quer cursar matem�tica.
A vice-reitora de Rela��es Internacionais da universidade, Noem� Garc�a, diz que � um “milagre” a velocidade com que os bolsistas brasileiros aprenderam espanhol. Na institui��o, eles fazem aulas intensivas da l�ngua e recebem apoio do Centro de Estudos Brasileiros da universidade.
Para Natasha de Sousa, de 21 anos, o maior problema n�o foi o idioma, mas a saudade da filha de 2 anos que deixou no Brasil. No come�o, pensou em voltar, mas apostou que com a experi�ncia poder� dar um futuro melhor para a filha. “Quando converso com ela pela internet � muito dif�cil escutar que uma crian�a de dois anos j� saiba o que � saudade”, diz a jovem, moradora de Samambaia, cidade do Distrito Federal. Na capital, Andreza trabalhava como operadora de telemarketing e agora estuda para ser aprovada na sele��o de setembro e estudar matem�tica.
Ageilson Torres da Silva, 28 anos, resolveu o problema da saudade: trouxe a mulher, Thalyta da Silva, para morar com ele em Salamanca. A bolsa, de cerca de 700 euros, na teoria � para apenas uma pessoa, mas eles fizeram as contas e garantem que � poss�vel sustentar os dois com o dinheiro. Ela pretende aproveitar a oportunidade para tamb�m estudar espanhol.
Al�m do espanhol, eles contam que tamb�m tiveram muita dificuldade com a matem�tica. O n�vel de exig�ncia no vestibular da universidade � muito maior e s�o cobrados v�rios conte�dos que eles nunca tinham estudado no Brasil durante o ensino m�dio.
Nesta semana, um grupo de dez alunos se encontrou com o ministro da Educa��o, Aloizio Mercadante, que estava na cidade participando de uma reuni�o com os ministros da Educa��o ibero-americanos. Contaram das dificuldades e agradeceram a oportunidade de estar no pa�s.
Andreza Oliveira , 21 anos, tamb�m de Bel�m, pediu ao ministro que o ensino da matem�tica seja refor�ado no Brasil. Ela conta que s� ap�s muito estudo conseguiu ser aprovada no curso de matem�tica, mas observa que o n�vel de aprendizagem nas escolas ainda � muito baixo em compara��o ao exigido na Espanha.
Mercadante disse que apesar dos problemas de adapta��o, o programa � exitoso, principalmente pelo grande esfor�o dos estudantes brasileiros. “S�o jovens muito valentes, corajosos e dedicados. Eles agarraram a oportunidade com muita for�a e s�o todos de fam�lias bastante humildes. S�o casos muito especiais”.
Mercadante disse ainda que � poss�vel aprimorar o programa, oferecendo aulas de espanhol aos alunos antes que embarquem para o pa�s. Ele fez um apelo aos alunos para que retornem ao pa�s quando conclu�rem a gradua��o. “N�s precisamos de voc�s l�”.
