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Estado de Minas

Escolas de SP quebram paradigmas ao n�o diferenciar alunos por g�nero em brincadeiras

Atividade que n�o define brinquedos de meninos e meninas busca n�o estimular escolhas sexistas entre crian�as


postado em 06/05/2013 00:04 / atualizado em 06/05/2013 07:28

No sal�o de cabeleireiro de mentirinha, Jo�o Pontes, de 4 anos, penteia a professora, usa o secador no cabelo de uma coleguinha e maquia a outra, concentrad�ssimo na fun��o. Menos de cinco minutos depois, Jo�o est� do outro lado da sala, em um round de luta com o colega Artur Bomfim, de 5 anos, que h� pouco brincava de casinha.

Nos cantos da brincadeira do Col�gio Equipe, na zona oeste de S�o Paulo, n�o h� brinquedo de menino ou de menina. Todos os alunos da educa��o infantil - com idade entre 3 e 5 anos - transitam da boneca ao carrinho sem nenhuma cerim�nia.

"O objetivo � deixar todas as op��es � disposi��o e n�o estimular nenhum tipo de escolha sexista. Acreditamos que, ao n�o fazer essa distin��o de g�nero, ajudamos a derrubar essa dicotomia entre o que � tarefa de mulher e o que � atividade de homem", explica a coordenadora pedag�gica de Educa��o Infantil do Equipe, Luciana Gamero.

Trata-se de um "jogo simb�lico", atividade curricular da educa��o infantil adotado por um grupo de escolas que acredita que ali � o espa�o apropriado para quebrar alguns paradigmas. A livre forma de brincar visa a promover uma inf�ncia sem os estere�tipos de g�nero - masculino e feminino -, um dos desafios para construir uma sociedade menos machista.

"Temos uma civiliza��o ainda muito firmada na quest�o do g�nero e isso se manifesta de forma sutil. Quando uma mulher est� gr�vida, se ela n�o sabe o sexo da crian�a, compra tudo amarelinho ou verde", afirma Claudia Cristina Siqueira Silva, diretora pedag�gica do Col�gio Sidarta. "Nesse contexto, a tend�ncia � de que a crian�a, desde pequena, reproduza a vis�o de que menino n�o usa cor-de-rosa e menina n�o gosta de azul."

Por isso, no col�gio em que dirige, na Granja Viana, o foco s�o as chamadas brincadeiras n�o estruturadas, em que objetos se transformam em qualquer coisa, a depender da criatividade da crian�a. Um toco de madeira, por exemplo, pode ser uma boneca, um cavalo ou um carrinho. "Quanto menos refer�ncia ao literal o brinquedo tiver, menos espa�o haver� para o refor�o social", diz Claudia.

A reprodu��o dos estere�tipos acontece at� nas fam�lias que se enxergam mais liberais. Ela conta que recentemente, em uma brincadeira sobre h�bitos ind�genas, um menino passou batom nos l�bios. Quando a m�e chegou para busc�-lo, falou de pronto: "N�o quero nem ver quando seu pai vir isso".

"Podia ser o fim da experimenta��o sem preconceitos, que n�o tem qualquer rela��o com orienta��o sexual. Os adultos, ao n�o entenderem, tolhem essa liberdade de brincar por uma 'precau��o' sem fundamento", afirma Claudia.

Vis�o de g�nero

Se durante a primeira inf�ncia esses est�mulos s�o introjetados sem que a crian�a se d� conta, ao crescerem um pouquinho - a partir dos 5 anos -, elas j� expressam conscientemente a vis�o estereotipada que t�m de g�nero.

No Col�gio Santa Maria, no momento de jogar futebol, os meninos tentavam brincar apenas entre eles, n�o permitindo que as meninas participassem. Foi a hora de intervir. "Explicamos que n�o deveria ser assim e come�amos a propor, por exemplo, que os meninos fossem os cozinheiros de uma das brincadeiras", diz C�ssia Aparecida Jos� Oliveira, orientadora da pr�-escola da institui��o.

Na oficina de pintura, todos foram convidados a usar s� l�pis cor-de-rosa - convite recusado por alguns. "Muitos falam 'eu n�o vou brincar disso porque meu pai diz que n�o � coisa de menino'. Nesses casos, a gente conversa com a fam�lia. Entre os convocados, os pais de meninos s�o a maioria. "Um menino gostar de bal� � sempre pior do que uma menina querer jogar futebol. E, se n�o combatemos isso, criamos uma sociedade machista e homof�bica."

O embate � �rduo e � preciso perseveran�a. Mesmo no Col�gio Equipe, aquele em que as crian�as se alternam entre o cabeleireiro e o escrit�rio, alguns coment�rios demonstram que a simula��o da casinha � um primeiro passo na constru��o de um mundo menos machista. O pequeno Artur, de 5 anos, se anima ao participar da brincadeira. Mas, em um dado momento do faz de conta, olha bem para a coleguinha e avisa: "Eu sou o marido. Vou sair para trabalhar. Voc� fica em casa".


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