O governo federal anunciou nesta quarta-feira o Programa Ci�ncia sem Fronteiras Espacial, voltado para o interc�mbio de alunos e especialistas em quest�es espaciais nas �reas de engenharia, pesquisa e ind�stria. A previs�o inicial � conceder 300 bolsas de estudos em gradua��o, doutorado, p�s-doutorado e desenvolvimento de pesquisas. Al�m de estudantes brasileiros, o programa dar� a 150 pesquisadores visitantes oportunidade de atuar no pa�s.
A iniciativa � uma parceria do Conselho Nacional de Desenvolvimento e Cient�fico e Tecnol�gico (CNPq) e Ag�ncia Espacial Brasileira (AEB) para ampliar a forma��o de estudantes na �rea espacial, pouco atrativa para os profissionais brasileiros.
“A medida � fruto de uma necessidade de integra��o, de forma��o de recursos humanos. O n�mero de pessoas que atuam nessa �rea � muito pequeno”, disse o presidente da AEB, Jos� Raimundo Braga Coelho. “N�o nos preocupamos somente em mandar o estudante para fora, mas para lugares adequados, em que eles passem pela universidade e tamb�m pela ind�stria [espacial]”, completou.
O programa foi lan�ado durante a 65ª Reuni�o Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ci�ncia (SBPC), que est� sendo realizada na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Antes do an�ncio, ex-bolsistas do Ci�ncia sem Fronteiras relataram suas experi�ncias no exterior.
O estudante Bruno Koff, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), no Rio Grande do Sul, passou um ano estudando engenharia mec�nica no Instituto Avan�ado de Ci�ncia e Tecnologia da Coreia do Sul, o Kaist (apelidado de "MIT coreano"). “No come�o a gente se choca. Assusta ir para �sia e pensar em comer carne de cachorro, mas � preciso se adaptar e falar outros idiomas, se comunicar com outros pa�ses, e o Ci�ncia sem Fronteiras � a chave para tal oportunidade”, disse Bruno.
J� o estudante Pedro Doria Nehme, da Universidade de Bras�lia (UnB), estagiou na Ag�ncia Espacial Americana (Nasa), no Goddard Space Flight Center, em Greenbelt, ap�s o per�odo letivo na Universidade Cat�lica da Am�rica (UCA), em Washington. Depois dessa experi�ncia, Nehme ser� o segundo brasileiro no espa�o, ao ganhar uma promo��o mundial realizada pela companhia a�rea holandesa KLM. Em 2014, Nehme far� uma viagem suborbital, que deve atingir altitude de at� 100 quil�metros.
“� uma filosofia diferente de ensinamentos [no exterior]. Nesse tempo [estudando fora], percebi uma aproxima��o maior do que se estuda na universidade e o que se usa, de fato, na pesquisa”, descreveu.
Entre as barreiras destacadas pelos alunos, est�o a dificuldade em aproveitar os cr�ditos das mat�rias que fizeram em outros pa�ses e as limita��es ainda impostas pelo idioma. No entanto, dez dos 11 ex-bolsistas que apresentaram suas experi�ncias na reuni�o da SBPC afirmaram que seria imposs�vel, financeiramente, fazer interc�mbio sem o suporte do programa.
“� um desafio o idioma, ter aula todos os dias em outra l�ngua, mas nos acostumamos r�pido. A maior dificuldade mesmo � ficar longe da fam�lia”, ressaltou L�dia Mesquisa, estudante de biologia da UFPE. L�dia passou um ano em Melborne, na Austr�lia.
A presidenta da SBPC, Helena Nader, criticou a falta de regras para aproveitamento, pelas universidades brasileiras, das mat�rias cursadas durante o interc�mbio. “A universidade tem que aprender a valorizar os cursos feitos fora do pa�s”, disse Helena. Para a pesquisadora, o programa � ousado, pois "n�o � trivial enviar 101 mil estudantes para o exterior”.
Ela aposta que a ci�ncia brasileira poder� ver resultados pr�ticos j� nos pr�ximos anos.