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Estado de Minas

Ex-bailarina do Bal� Bolshoi conquista o primeiro lugar em medicina na UFMG

Estudante de 18 anos conquistou o 1� lugar geral da institui��o mais concorrida do Brasil no Sisu


postado em 15/01/2014 06:00 / atualizado em 15/01/2014 07:47

"Houve vezes de eu ficar at� as 3h estudando. Eu s� parava para comer" - Mariana Drummond Martins Lima (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)

Acostumada a uma rotina de treinos que exigiam de cada movimento de dan�a a perfei��o, fazer o Exame Nacional do Ensino M�dio (Enem) significou apenas encarar mais uma maratona de resist�ncia para a jovem Mariana Drummond Martins Lima, de 18 anos. Se nos palcos a ex-bailarina do Bal� Bolshoi, em Joinville (SC), mostrava graciosidade, leveza e t�cnica, na sala de aula, foi a persist�ncia, a disciplina e a concentra��o que venceram e a levaram ao topo dos aprovados na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A menina n�o s� garantiu vaga em medicina, como desbancou candidatos do pa�s inteiro e alcan�ou o posto de primeiro lugar geral da institui��o mais concorrida do Brasil no Sistema de Sele��o Unificada (Sisu).

Ontem, ela ainda n�o acreditava na not�cia. “Fiquei super feliz por ter garantido minha vaga no curso que quero e muito surpresa com o primeiro lugar”, diz. A coloca��o � resultado de prepara��o intensa, que come�ava �s 7h na escola e ia at� de madrugada em casa. “J� teve vezes de eu ficar at� as 3h estudando. Eu s� parava para comer”, conta. Nos primeiro e segundo anos do ensino m�dio, ela tamb�m se submeteu ao Enem como treineira. E, at� ent�o, se divertia, distra�a, passeava. No terceiro ano, a vida se tornou sin�nimo de livros e cadernos. Provas, simulados e revis�es marcaram o ano.

As mat�rias a serem estudadas eram orientadas pelas disciplinas cobradas nas provas semanais do col�gio. De ano em ano, ela s� melhorou, at� chegar ao topo. “No primeiro Enem, n�o acertei nem 130 quest�es (de um total de 180). No segundo, cerca de 150. Nesse �ltimo, errei apenas 16 quest�es”, relata. Na reda��o, o desempenho tamb�m foi crescente, e a estudante passou de 720 pontos na primeira tentativa, para 960 no ano passado. “Achei as outras edi��es do Enem mais dif�ceis, mas creio que isso � porque, desta vez, eu estava mais preparada”, acrescenta.

Al�m de estar no topo da lista de aprovados na UFMG, Mariana � o primeiro lugar geral na primeira etapa do vestibular da Universidade Federal do Esp�rito Santo (Ufes) – a institui��o capixaba usa o Enem como substituto dessa fase. Mas n�o vai nem fazer as provas da fase seguinte. A garota aguarda os resultados das universidades estaduais Paulista (Unesp) e do Rio de Janeiro (Uerj), Federal de S�o Paulo (Unifesp) e da Fuvest, que seleciona alunos para a Universidade de S�o Paulo (USP) e a Faculdade de Medicina da Santa Casa de S�o Paulo. Ela afirma que s� se sentir� tentada a sair de BH caso seja aprovada na USP. Mariana d� a dica de como se comportar durante o exame. “O neg�cio � n�o perder tempo em quest�o, n�o errar as f�ceis e saber chutar quando for preciso. Tem que dominar o conte�do e estudar para fazer as 180 quest�es, pegar a mal�cia da prova e eliminar alternativas”, comenta. O al�vio � grande: “Queria muito passar na universidade. Estava doida para fazer algo diferente, pois havia dois anos que s� estudava mat�rias do ensino m�dio”.


Carreira para a vida tod
A medicina surgiu na vida da jovem de forma quase inesperada. Filha de pai engenheiro e m�e psic�loga, a jovem viveu, durante anos, o sonho de se dedicar somente aos palcos mundo afora, dan�ando bal� cl�ssico. Aos 9 anos, ela j� fazia parte do Centro de Forma��o do Pal�cio das Artes (Cefar). Aos 12, a fam�lia se mudou para Joinville, onde ela ficou at� os 15 anos de idade como aluna do Bolshoi. E foi justamente quando estava na maior escola do pa�s e do mundo, que come�aram os conflitos. Mariana queria mais. Queria participar de concursos e tentar bolsas para escolas no exterior, o que � proibido na unidade brasileira da escola da R�ssia. “Voc� s� pode tentar se eles te indicarem”, conta.

Dedica��o total, sem resultados concretos. “Nunca tinha pensado em ser m�dica. Nunca deixei de estudar, sempre prestei aten��o � aula, mas meu objetivo era ser bailarina. Fiz concurso p�blico e tentei bolsa em S�o Paulo, mas n�o consegui. � uma carreira cruel. Com 30 anos, a pessoa est� velha para dan�ar”, diz. “N�o estava dando muito retorno. E no col�gio, que eu deixava como segunda op��o, eu tinha resultado. Estudava e tinha retorno, tirava boas notas. Biologia sempre foi minha mat�ria predileta”, confessa.

A primeira vez que pensou em ser m�dica foi durante uma visita a um hospital em Joinville, com a turma da escola, sensa��o que ficou no fundo da mem�ria. A decis�o de voltar a BH n�o foi f�cil, mas ela queria se dedicar aos concursos e tentar outras possibilidades. Na capital mineira, foi imposs�vel n�o perceber a falta de estrutura para a �rea, principalmente depois de frequentar salas de dan�as para l� de equipadas. “Fiquei desorientada quando voltei”, recorda-se. Aulas particulares com uma bailarina do Grupo Corpo a fizeram permanecer numa rotina intensa de treinos, que come�avam no in�cio da tarde e duravam at� o fim da noite.

“No fim de 2011, eu percebi que n�o podia perder as duas coisas. Para a escola eu s� estudava no fim de semana, mas tirava notas muito boas. Acabei sendo influenciada pelos outros alunos, que eu via se dedicando �s aulas”, diz. No segundo ano, ela foi para o Col�gio Bernoulli, onde come�ou a nova maratona. Quando questionada sobre qual disputa � mais dif�cil, ela � categ�rica: “Na medicina, tudo depende de voc�, do seu esfor�o em sentar e estudar, o que torna tudo poss�vel. No bal�, h� coisas que n�o dependem, que fogem de voc�, como o tipo f�sico, por exemplo, que voc� j� nasce com ele. A concorr�ncia � grande nos dois, mas na carreira acad�mica � mais poss�vel de conseguir o que quer pela sua vontade”.

A sa�da do Bolshoi tinha um objetivo: ganhar fora a experi�ncia de placo que n�o conseguiu l� e prestar concursos. “Fiz todos que podia, mas, infelizmente, n�o deu.” Mas o esfor�o n�o foi em v�o e, hoje, ela sabe que esse treinamento a ajudou a enfrentar concorrentes e ser persistente. Desistir de uma carreira nada f�cil, para encarar outra, que tamb�m exige dedica��o acima do normal. Mariana deixa as sapatilhas de lado para, dentro de alguns anos, salvar vidas. O compromisso est� firmado com ela mesma: “Eu queria uma carreira que fosse para a vida toda”.


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