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Estado de Minas UFMG

Lei das Cotas garante vagas a estudantes que teriam ficado de fora em sele��es

Sem a lei, estudantes beneficiados por reserva de vagas teriam ficado de fora de 35% dos cursos da universidade nos quais os demais candidatos obtiveram maior nota de corte


postado em 24/01/2014 06:00 / atualizado em 24/01/2014 07:03

Caloura de medicina, Jayne Rodrigues ficou em segundo lugar na modalidade 1(foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)
Caloura de medicina, Jayne Rodrigues ficou em segundo lugar na modalidade 1 (foto: T�lio Santos/EM/D.A Press)
A Lei das Cotas cumpriu seu papel na aprova��o de estudantes do primeiro semestre na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Em 35% dos 60 cursos nos quais a nota de corte foi maior entre os candidatos da ampla concorr�ncia, todos os cotistas teriam ficado de fora. Nesses casos, a maior pontua��o dos alunos, nas quatro modalidades da reserva de vagas, foi menor do que a nota de corte de quem disputou sem cota. Isso ocorreu em cursos como administra��o, arquitetura e urbanismo, comunica��o social, ci�ncias sociais e educa��o f�sica. Quanto � pontua��o m�nima necess�ria para o ingresso na Federal, a dos cotistas foi menor do que a dos demais estudantes em pelo menos uma das quatro modalidades, em todas as 77 carreiras oferecidas por meio do Sistema de Sele��o Unificada (Sisu) nos c�mpus de Belo Horizonte e Montes Claros (na Regi�o Norte). Mas a elite da escola p�blica tamb�m est� presente, com notas de corte maior que da livre concorr�ncia em 17 cursos.

Os principais beneficiados foram os estudantes que se declararam negros, pardos ou ind�genas. Eles garantiram um lugar na maior universidade do estado gra�as �s cotas, em 87% dos cursos. Os candidatos que optaram por concorrer na modalidade 1, que leva em conta etnia e renda inferior a 1,5 sal�rio m�nimo, tiveram a menor nota de corte em 57% dos 77 cursos. Aqueles da modalidade 2, que declararam etnia, mas rendimento superior a 1,5 sal�rio, obtiveram a menor pontua��o em 29,8% deles. Os alunos de escolas p�blicas que n�o declararam ra�a tiveram pior desempenho em nove cursos – em quatro, candidatos usaram o crit�rio de renda. O reitor da UFMG, Cl�lio Campolina, garante que nem a reserva de vagas nem a participa��o no Sisu trazem preju�zo � universidade, uma vez que o crescimento do n�mero de candidatos refletiu tamb�m o aumento da nota de corte. Ele ressalta que a diferen�a de pontua��o � pequena. “Entre os cotistas, ela est� pr�xima daquela da demanda livre e, em alguns casos, est� acima”, diz.

Estudante do Centro Federal de Educa��o Tecnol�gica de Minas Gerais (Cefet-MG), Gian Gabriel Gugli Elmelli foi o terceiro colocado na modalidade 2, que ofereceu tr�s vagas para ci�ncias do Estado. Formado no curso t�cnico de transporte e tr�nsito, ele conta que enfrentou ano passado uma rotina de estudo das 7h �s 18h20 e ainda encarou cursinho � noite. “Tentei entrar pela modalidade de escola p�blica que n�o leva em considera��o ra�a nem renda, mas n�o consegui, ent�o, mudei para a outra faixa”, diz. Ele conta que antes do fechamento do sistema, no �ltimo dia de inscri��o do Sisu, ele estava em segundo lugar e, na �ltima hora, caiu uma posi��o. “Acho que eu n�o conseguiria uma vaga n�o fossem as cotas. A concorr�ncia com outros estados aumentou a disputa este ano e, consequentemente, as notas. Conhe�o os veteranos do meu curso e o primeiro colocado do ano passado diz que a nota dele, este ano, com Sisu, n�o seria suficiente para passar”, relata. A nota de corte do curso foi de 711,96 na ampla concorr�ncia e, entre os cotistas, a pontua��o m�nima foi de 685,56, na modalidade 3 (aluno de escola p�blica com renda inferior a 1,5 sal�rio).

Caloura de medicina, Jayne Rodrigues Santos foi o segundo lugar da modalidade 1, que teve nota de corte de 771,76 pontos e 11 vagas. Na ampla concorr�ncia, foram necess�rios pelo menos 805,72 pontos para assegurar uma cadeira na UFMG. Formada no curso de qu�mica pelo Cefet em 2012, ela estudou ano passado no pr�-vestibular Chromos para tentar vaga na UFMG pela segunda vez. Ela tamb�m considera que as cotas foram decisivas. “Na livre concorr�ncia, a nota estava bem mais alta. Imagino que nem em terceira chamada eu conseguiria”, afirma. Agora, ela comemora: “Achei que fosse demorar mais tempo para passar. � algo inacredit�vel, a ficha ainda n�o caiu”.

Livre concorr�ncia superada


Se as cotas foram decisivas para alguns alunos, por outro lado, jogaram luz sobre os melhores da escola p�blica. Eles fizeram bonito entre os aprovados da UFMG. Em 22% dos 77 cursos oferecidos pela institui��o, a nota de corte de quem optou pela reserva de vagas pelo Sisu foi superior �quela da ampla concorr�ncia. � o caso de carreiras tradicionalmente concorridas, como engenharia qu�mica, fisioterapia, enfermagem e farm�cia. Em quase todos os cursos nos quais a nota de corte dos cotistas superou a da livre concorr�ncia, os candidatos eram da modalidade 4, voltada para estudantes de escola p�blica que n�o declararam etnia e com renda per capita superior a 1,5 sal�rio m�nimo. Em apenas um curso a situa��o foi diferente. Em engenharia de controle e automa��o, a nota m�nima necess�ria para garantir uma vaga � da modalidade 2, para os alunos declarados negros, pardos ou ind�genas, com rendimentos acima de 1,5 sal�rio – foram necess�rios pelo menos 748,92 pontos, enquanto na ampla concorr�ncia o m�nimo foi de 746,18.

Em 65% dos 60 cursos em que a nota de corte da ampla concorr�ncia foi maior, cotistas de pelo menos uma modalidade passariam independentemente da reserva de vagas – a nota m�xima desses candidatos foi maior que aquela da demanda livre. � o caso de medicina, que teve apenas na modalidade 1 (negros, pardos e ind�genas com renda inferior a 1,5 sal�rio m�nimo) pontua��o m�xima inferior � nota de corte da ampla concorr�ncia – 793,94 contra 805,72. No curso de ci�ncias socioambientais, os cotistas deixariam os candidatos da ampla concorr�ncia para tr�s. Nela, a nota de corte foi de 685,28. J� as pontua��es m�ximas dos cotistas variaram entre 687,36 a 704,80. O reitor da UFMG, Cl�lio Campolina, explica o bom desempenho: “� a elite da escola p�blica que teve essa nota. Mas, se escola p�blica pode ser boa para alguns, pode ser boa para todos. Para isso, defendo que a quest�o mais importante � termos uma escola de tempo integral e, para isso, � preciso valorizar o professor social e politicamente e tamb�m no n�vel de sal�rio”.


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