Junia Oliveira

Faltando pouco tempo para o grande dia, � preciso se concentrar na prepara��o. O Estado de Minas come�a hoje uma s�rie de mat�rias para ajudar os candidatos a ter sucesso nessa empreitada. Nas pr�ximas ter�as-feiras e ao longo da semana que antecede os testes, professores dos col�gios de Belo Horizonte mais bem classificados no Enem dar�o dicas de cada uma das �reas cobradas na avalia��o e de como fazer bonito nos dias da prova, em 8 e 9 de novembro.
A edi��o deste ano do Enem ter� 21,6% de participantes a mais em rela��o a 2013, quando houve 7,17 milh�es de estudantes. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais An�sio Teixeira (Inep), vinculado ao Minist�rio da Educa��o (MEC), n�o informou se todos os candidatos ser�o revistados ou se ser�o apenas aqueles sob suspeita, alegando raz�es de seguran�a do exame. Tamb�m n�o divulgou quantos detectores de metal, in�ditos no processo, estar�o dispon�veis, pelo mesmo motivo. Em maio, o ministro da Educa��o, Jos� Henrique Paim, havia informado que os equipamentos seriam entregues em todos os locais de prova e que a quantidade poderia chegar a 18 mil.
As corre��es da prova tamb�m v�o mudar e, em breve, s� poder� fazer esse trabalho quem for certificado. Supervisores e auxiliares passaram pelo processo e 677 ganharam certificado de excel�ncia. Francisco Soares, presidente do Inep, ressalta as v�rias fun��es do exame, entre elas, a de servir como certificado de conclus�o do ensino m�dio a quem n�o conseguiu se formar na idade esperada. Mas ele destaca que a principal � fornecer �s universidades que usam as notas dos estudantes como crit�rio de sele��o “uma medida confi�vel e precisa do desempenho dos alunos nas quatro �reas avaliadas pelo exame e na reda��o”.
INC�GNITA Professor de qu�mica do Col�gio Sagrado Cora��o de Jesus, �ureo Almeida considera que, apesar de consolidado, o Enem ainda � uma inc�gnita sobre a proposta e a realidade do exame. “As duas �ltimas provas de ci�ncia da natureza n�o tiveram muita rela��o com o que h� no edital. Havia muito conte�do que n�o esper�vamos serem cobrados da forma como foram, abrindo m�o de quest�es com habilidades e compet�ncias, conforme exige a matriz da avalia��o”, diz.
O educador ressalta que o Enem requer n�vel amplo de conhecimento e, por isso, a prepara��o para o exame n�o se faz apenas no 3º ano do ensino m�dio. “� necess�rio conhecer bem as outras �reas, e essa forma��o inclui o n�vel m�dio e o fundamental. Para ser aprovado na universidade, o aluno precisa ter conhecimento de anos anteriores, ele precisa se construir.”
Por isso, �ureo Almeida ressalta que, em termos de prepara��o, na reta final n�o adianta querer aprender em apenas dois meses o conte�do de anos. “Quem vai come�ar a se preparar agora est� numa situa��o complicada, mas para quem teve uma forma��o e deu uma estacionada ainda d� tempo, embora n�o seja t�o simples. Aquele que nunca estudou, j� dan�ou.”
MEDICINA De olho numa vaga no curso de medicina, Jo�o Pedro Santos, de 19 anos, deixou Itamarandiba, no Vale do Jequitinhonha, para estudar em tempo integral num cursinho de Belo Horizonte. A rotina de quem almeja um dos cursos mais disputados das universidades federais � pesada. Ele acorda �s 5h para estar no Soma �s 6h20, evitando tr�nsito e garantindo o melhor lugar. As aulas v�o das 7h �s 22h. Vai dormir de madrugada, com direito a uma sonequinha nos intervalos de lanche durante o dia para dar conta do batente.
Prestes a fazer o Enem pela segunda vez, o estudante sabe que cada ano � sin�nimo de concorr�ncia mais apertada e dificuldade maior nas quest�es. Jo�o Pedro quer a aprova��o, mas est� ciente da concorr�ncia: “Independentemente de ser escola particular ou p�blica, o ensino deixa a desejar. Depois, temos de vir para o cursinho pegar base e, por isso, as pessoas ficam tr�s, quatro e at� cinco anos. Todo mundo sabe que � preciso mais de um ano de estudos para ingressar numa faculdade de medicina. Quero muito passar, mas sei que estou no processo”.
Colega de sala e concorrente, Laurem Natany Fonseca, de 19, far� o quarto Enem, o primeiro foi como treineira. Ela conta que a �ltima edi��o, ano passado, foi a mais dif�cil. A experi�ncia lhe rendeu amadurecimento e tranquilidade. Agora, ela sente que conseguir� superar a ansiedade e o nervosismo. “�s vezes fico mais nervosa, mas tento me manter no foco. Estou tentando espairecer mais a cabe�a. Agora vou embora mais cedo do cursinho, entre 20h30 e 21h, e durmo melhor”, diz.
PROVAS
8 de novembro (s�bado)
Ci�ncias humanas e ci�ncias da natureza
9 de novembro (domingo)
Linguagens, c�digos e suas tecnologias, reda��o e matem�tica

Alunos simulam reuni�es da ONU
Meninos de terno e gravata. Meninas de tailleur. Discuss�o de gente gra�da sendo feita por adolescentes. A seriedade impressiona e, no fim, s� h� ganhos. Termina hoje a oitava edi��o da Simula��o Magnum das Na��es Unidas (Sima), evento que traz para estudantes do 9º ano do ensino fundamental ao 3º do n�vel m�dio um ambiente diplom�tico. Confer�ncias nacionais e internacionais, no formato da ONU, s�o uma forma diferente de se preparar para o Exame Nacional do Ensino M�dio (Enem). Nelas, os estudantes desenvolvem a capacidade de perceber e compreender problemas mundo afora, al�m de refor�ar as habilidades de escrita e argumenta��o.
Participam da Sima 300 alunos de 14 col�gios de Belo Horizonte. Divididos em cinco comit�s, os alunos vivenciam a rotina de diplomatas e defendem a pol�tica externa de suas representa��es. Depois das apresenta��es e discuss�es, os comit�s devem formalizar as solu��es encontradas para cada um dos temas debatidos. A internet nas rela��es internacionais modernas, os conflitos h�dricos no Oriente M�dio e �frica, discuss�o para a garantia da paz e moralidade e o fim do tr�fico de drogas no Morro do Alem�o, no Rio de Janeiro, s�o algumas das discuss�es feitas no simulado e apostas de professores de temas do Enem. “A proposta � desenvolver a orat�ria e levar o aluno de encontro a temas atuais e hist�ricos que s�o pertinentes a quest�es adotadas no Enem e em concursos”, afirma a coordenadora da Sima, Alessandra Caixeta.
Aluna do Centro Federal de Educa��o Tecnol�gica de Minas Gerais (Cefet-MG), Luiza Diniz da Cruz, de 17 anos, aluna do 3º ano e do curso t�cnico de inform�tica, participou de mais de 20 simula��es da ONU. No Modelo de Comit�s Simulados do Cefet-MG (Mocs), ela foi secret�ria-geral e, agora, atua no comit� de imprensa. “Organizei a simula��o da minha escola e isso exigiu ima pesquisa hist�rica aprofundada no campo das rela��es internacionais. Hoje, quando fa�o alguma prova, chego sabendo muito mais. Em geografia e hist�ria, meu rendimento e das pessoas que participaram comigo � bem melhor.”
Palavra de especialista
V�nia L�cia Resende Rasuk - Especialista em educa��o e psicopedagoga
“Serve de motiva��o”
“Qualquer sistema de avalia��o caminha na dire��o de adapta��es. Embora o Enem siga par�metros adotados em pa�ses de primeiro mundo, precisa passar por alguns ajustes. Foram muitas as dificuldades no in�cio, mas hoje est� consolidado. Faz avalia��o do ensino, do professor e atinge de certa forma o que considero mais importante, que � provocar no aluno a capacidade de pensar, raciocinar, criticar e aprender. Na medida que faz isso, ele sabe aplicar o conhecimento. Vejo como o Enem serve de motiva��o, porque todo aluno sabe que o exame � porta de entrada para avida dele em n�vel cultural, social e profissional. Todo mundo estuda. Nas escolas, trabalhamos todas as quest�es de habilidades e compet�ncias. Na reda��o, deve-se p�r o pensamento em linha para ser conduzido a um pensamento cr�tico e, at� chegar nisso, � um trabalho
grande a ser feito em sala de aula. O Enem sacudiu as escolas em n�vel de ensino e aprendizado.”