
Telefones celulares com m�ltiplas funcionalidades, redes sociais que possibilitam a intera��o com todo o planeta, v�deos e m�sicas ao alcance de um clique... Diante do mundo que as inova��es tecnol�gicas descortinam, ficar sentado em frente ao quadro e prestar aten��o por horas a fio �s explica��es n�o parece tarefa das mais atraentes para milhares de estudantes. As novas gera��es que ocupam os bancos escolares desafiam professores a se deslocar do papel tradicional de transmissores de informa��o. “O papel do professor mudou. Com o avan�o tecnol�gico, os alunos t�m dom�nio de conte�do muito grande. Quem ensina tem de assumir o papel de mentor”, diz o professor de geografia Aldo Resende, de 38 anos, que h� 14 anos se dedica � doc�ncia.
Nesta semana, em que se comemora o Dia dos Professores – em 15 de outubro –, o Estado de Minas buscou mestres e especialistas para revelar como essa miss�o vem sendo enfrentada nos mais diversos n�veis e ambientes educacionais. “O desafio do professor � formar um aluno pensante, que construir� suas pr�prias opini�es. Para isso, o profissional tem que ser um encantador”, diz Bruno Ramos, diretor do Col�gio Pit�goras de Belo Horizonte, que optou pela doc�ncia depois de pedir afastamento da For�a A�rea. Profissionais como ele s�o essenciais para a forma��o das novas gera��es, desde a alfabetiza��o at� os cursos de doutorado. No sistema educacional brasileiro, esse contingente estrat�gico se divide entre a educa��o b�sica – que engloba o ensino infantil e os n�veis fundamental obrigat�rio de nove anos e m�dio – e o ensino superior. Em Minas, s�o 226 mil professores na educa��o b�sica e 42,3 mil na superior.

Durante os 14 anos em que se dedica � doc�ncia, Bruno Ramos viu as din�micas nas salas de aula se modificarem, com o surgimento de um aluno mais questionador e que precisa entender os motivos para aprender determinado conte�do. Nesse cen�rio, o professor tem a miss�o de despertar no estudante a compreens�o de que cada etapa da forma��o � fundamental para o futuro, e que n�o basta apenas a progress�o de uma s�rie para outra, com aproveitamento mediano. O conhecimento tem que fazer sentido para o estudante. “N�o se trata apenas de transmitir conte�do: o professor precisa mostrar que � importante”, pontua.
Para dar conta dessa nova postura, especialistas em educa��o apontam que a forma��o continuada � fundamental para quem leciona. O consultor em educa��o J�lio Furtado lembra que os mestres precisam lidar n�o s� com o advento de tecnologias inovadoras e com o novo perfil do estudante, mas tamb�m com casos de bullying, quest�es de g�nero e sexualidade, o debate ambiental e uma s�rie de desafios que muitas vezes n�o fizeram parte de sua forma��o inicial. “Cada vez mais s�o acrescentadas dimens�es com as quais os professores t�m que lidar”, diz.

INTERA��O O diretor Bruno Ramos aponta que o professor, ao atuar, tem que ter em mente que a did�tica mudou, para lidar com alunos que tamb�m mudaram. S�o necess�rias din�micas interativas para que o estudante possa manter a aten��o ao que est� sendo apresentado. Mudaram tamb�m as rela��es dentro de sala. Se em tempos passados alunos tinham o m�ximo de respeito aos docentes, agora o respeito n�o se d� apenas pela autoridade: precisa ser conquistado com o di�logo. “Em vez de lutar contra a mar�, o professor tem que ir a favor”, afirma ele, ao citar quest�es como o uso de celulares em sala de aula. Na opini�o de Bruno, a adapta��o aos novos tempos n�o tem rela��o com a idade do profissional, mas com a disposi��o que cada um tem para se abrir aos desafios. “Assim como o m�dico, o professor n�o pode deixar de estudar. N�o pode parar no tempo. � preciso se capacitar, buscar o melhor que pode ser”, diz.
� necess�ria uma reflex�o permanente da pr�tica em sala de aula, procurando identificar os melhores m�todos para que o estudante possa desenvolver todo o seu potencial. Na avalia��o de Bruno, o professor tem que ser espelho para os alunos. “� um exemplo a seguir. Se o profissional n�o est� feliz em sala, n�o deveria estar ali”, pontua. Mas, nessa tarefa, o educador n�o pode estar sozinho: � preciso o apoio das institui��es escolares e da fam�lia, que deve acompanhar o processo de aprendizado.
Mesmo com uma rotina de trabalho apertada, o professor de geografia Aldo Resende n�o se descuida da forma��o e procura se manter atualizado em sua �rea. “Estou sempre pesquisando, seja em livros ou na internet. Sempre busco uma din�mica e did�ticas diferenciadas em minhas aulas”, pontua. Desde os primeiros passos na carreira, Aldo, que trabalha no Pit�goras e tamb�m atua em cursos preparat�rios para o Exame Nacional do Ensino M�dio (Enem), calcula que j� lecionou para cerca de 40 mil estudantes. “Tenho uma m�dia de 3 mil alunos por ano”, diz. Realizado, ele afirma trabalhar com o que gosta. “Tenho uma rela��o de amizade com os alunos. Procuro desenvolver uma metodologia que me aproxime deles.”