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Estado de Minas

Estudantes de Santa Luzia seguem � espera do MEC para refazer as provas do Enem

Maior concurso do pa�s mexe de formas diferentes com mineiros: alunas obrigadas a abandonar provas relatam ang�stia, feministas elogiam reda��o e poeta se emociona ao virar tema de quest�o


postado em 27/10/2015 06:00 / atualizado em 27/10/2015 07:52

Júlia Íris, Júlia Santiago e Júlia Lanzetta, que tiveram 30 minutos a menos de provas, vão poder repetir exame(foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
J�lia �ris, J�lia Santiago e J�lia Lanzetta, que tiveram 30 minutos a menos de provas, v�o poder repetir exame (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)

O Exame Nacional do Ensino M�dio (Enem) de 2015 marcou estudantes de todo o Brasil e, de forma especial, alguns mineiros. O dia seguinte ao fim das provas foi diferente para Maria Cec�lia Viveiros e Santos, de 18, J�ssica Vancarla Rodrigues Souza, de 23, e Luiza Franqueira Leite, de 22. Feministas, as meninas consideraram um avan�o a reda��o ter como tema a persist�ncia da viol�ncia contra a mulher. Em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte, o poeta Diovani Mendon�a n�o teve sossego depois que o projeto desenvolvido por ele, P�o e Poesia, virou tema de uma das 45 quest�es da prova de linguagens, c�digos e suas tecnologias. J� tr�s estudantes de Santa Luzia (Grande BH) ainda se recuperavam ontem de um trauma no s�bado: por um erro de fiscais de prova, elas tiveram menos tempo para fazer o exame.

J� conferiu o gabarito extraoficial do Enem? Saiba como voc� se saiu nas provas de s�bado e domingo


Diferentemente de milhares de estudantes que fizeram o exame no fim de semana e nessa segunda-feira descansaram, as luzienses J�lia Lanzetta, de 17, J�lia Santiago e J�lia �ris, ambas de 18, estavam apreensivas. As tr�s lembram que uma aplicadora de prova da Escola Estadual Leonina Mourth� de Ara�jo, no Bairro S�o Benedito, encerrou as provas �s 17h30, quando o correto seria �s 18h. Ao sa�rem da escola, as estudantes perceberam que outras pessoas ainda respondiam a quest�es e procuraram um policial militar para registrar boletim de ocorr�ncia.

O Inep, organizador do Enem, reafirmou nessa segunda-feira que, por causa do erro, as alunas ter�o direito a repetir o exame em 1º de dezembro, com candidatos que far�o o Enem PPL (pessoas privadas de liberdade). Ainda assim, as tr�s cobram mais informa��es. “Quero saber primeiro se � poss�vel, onde vai ser a prova, como vai ser e se prevalecer� a maior nota”, disse J�lia �ris. At� ontem � tarde, elas ainda n�o tinham recebido nenhuma comunica��o do minist�rio. “Ainda estou abalada com toda a confus�o”, conta J�lia Santiago.

REDA��O J� a escolha do tema de reda��o (viol�ncia contra a mulher) foi motivo de comemora��o entre muitas alunas. “O Enem colocou mais de 7 milh�es de estudantes para pensar sobre a viol�ncia contra a mulher. Isso � importante, muda as estruturas”, disse a candidata Maria Cec�lia Viveiros.  Em sua reda��o, a estudante, que pretende ser m�dica, problematizou a rela��o entre a persist�ncia da viol�ncia contra mulher e a cultura machista. Como proposta para solucionar o problema – que � uma das exig�ncias feitas pelo Enem – a jovem defendeu a maior divulga��o de canais de den�ncia e a cria��o de delegacias especializadas.

Jéssica, Luiza e Maria Cecília consideram um avanço que a violência contra a mulher tenha sido tema de redação(foto: Rodrigo Clemente/EM/D.A Press)
J�ssica, Luiza e Maria Cec�lia consideram um avan�o que a viol�ncia contra a mulher tenha sido tema de reda��o (foto: Rodrigo Clemente/EM/D.A Press)

A jovem lembra que ela e outras colegas, mesmo que n�o tenham sofrido casos de viol�ncia, podem ajudar a minimizar o problema ao denunci�-lo. Amiga de Cec�lia, Luiza Leite destacou que muitas mulheres temem denunciar, porque, embora sejam v�timas, se consideram respons�veis pela viol�ncia sofrida. “Muitas est�o em rela��es abusivas e n�o sabem.” A m�e de Luiza, a funcion�ria p�blica Elizabeth Regina Franqueiro, de 54 anos, considerou relevante o debate gerado pelo tema. “Aprendi com minha filha a ser feminista, passei a andar de cabe�a erguida. Tenho orgulho dela, como de toda essa gera��o que tem voz ativa”, afirmou.


Na avalia��o da professora de portugu�s do Col�gio Bernoulli Jana�na Rabelo, as escolas dever�o se aprofundar em temas relacionados �s minorias e aos direitos civis. Para ela, tanto o tema da reda��o quanto as quest�es da prova de ci�ncias humanas apontam que os alunos precisam construir repert�rio mais amplo, o que far� com que disciplinas como filosofia, sociologia e antropologia ganhem destaque nas salas de aula. 

POESIA
Embora n�o tenha feito a prova, o poeta Diovani Mendon�a acabou virando centro das aten��es no Enem. Ele � criador do projeto P�o e Poesia, que consiste em imprimir versos em embalagens de p�o e foi citado em quest�o da prova. Ele conta que recebeu v�rios e-mails, liga��es e mensagens nas redes sociais durante todo o dia de ontem. “Estou com um sentimento de gratid�o que transborda nos olhos. Lembrei-me de toda a caminhada do projeto, iniciado com um sonho maluco e que contou com apoio de muitas pessoas”, recorda.

O poeta Diovani Mendonça criou projeto que imprime versos em embalagens de pão e acabou citado em questão(foto: Arquivo pessoal)
O poeta Diovani Mendon�a criou projeto que imprime versos em embalagens de p�o e acabou citado em quest�o (foto: Arquivo pessoal)

O projeto come�ou em 2008, quando Diovani estava no distrito de Carac�is, em Esmeraldas, e, em uma conversa de bar com um empres�rio, explicou o seu plano de espalhar poesia no papel de p�o. O empres�rio, dono de gr�fica, doou o material, assim como outros propriet�rios de empresas que tamb�m foram volunt�rios, para imprimir 300 mil embalagens, com imagens de artistas pl�sticos, textos de poetas renomados e novatos. “Queria disseminar a poesia por diversos lugares”, afirma Diovani.

O projeto foi premiado em um concurso do Minist�rio da Cultura, expandido para salas de aula com cursos de sensibiliza��o po�tica ministrados por Diovani, entrou em leis de incentivo � cultura, recebeu patroc�nios de empresas e multinacionais e as embalagens de p�o se espalharam por diversos bairros da periferia de BH, Sabar� e at� no interior paulista, totalizando quase 1 milh�o de impressos.


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