
Os estudantes cotistas aprovados no Sistema de Sele��o Unificada (Sisu) 2016 em pelo menos tr�s federais mineiras demonstraram bom desempenho, a exemplo do que ocorreu na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em que os cotistas obtiveram notas melhores do que os estudantes de ampla concorr�ncia em 2013. Na Federal de Ouro Preto (Ufop), os cotistas est�o entre os 10 primeiros colocados, inclusive a maior nota geral do curso de engenharia el�trica. Na Federal de Uberl�ndia (UFU), em pelos menos seis cursos, os cotistas tiveram nota de corte superior � da ampla concorr�ncia. Na federal de Juiz de Fora (UFJF), em pelo menos sete cursos, eles alcan�aram notas de corte superiores.
Na Ufop, cotistas ficaram com o terceiro lugar em engenharia civil, quarto em farm�cia e pedagogia, quinto em licenciatura, sexto em engenharia de computa��o, s�timo em letras bacharelado, matem�tica bacharelado, f�sica licenciatura, servi�o social e turismo e nono em sistemas de informa��o. A universidade informou que ainda n�o h� dados sistematizados deste acompanhamento, mas foram feitas amostragens que constataram que os ingressantes cotistas t�m desempenho igual ou superior aos demais. A universidade informou ainda que h� casos de estudantes cotistas que s�o destaque em desempenho, participam de programas de inicia��o cient�fica, interc�mbio, representam a Ufop, liderando equipes nos concursos externos, como da constru��o de aeromodelos na engenharia de controle e automa��o.
Na UFU, os cotistas tiveram melhor desempenho nos cursos de filosofia noturno com nota de corte de 651,52 contra os 638,14 da ampla concorr�ncia, hist�ria (669,76 para 663,64), l�ngua portuguesa (608,56 para 606,28), qu�mica (663,74 para 659,75), ci�ncias biol�gicas bacharelado (646,57 para 645,32) e pedagogia licenciatura noturna (591,84 para 591,20). Na UFJF, os cotistas tiveram notas de corte superiores em cursos como engenharia el�trica com habilita��o em sistemas el�tricos com 738,58 para 726,10; no mesmo curso, mas com habilita��o em telecomunica��es obtiveram 736,90 para 723,80; em estat�stica, 672,06 para 671,18; f�sica diurna, 693,24 para 687,60; e fisioterapia diurno, 738,92 para 729,76.
Na compara��o entre o Sisu 2016 e o vestibular 2013, os cotistas na UFMG demonstraram melhor desempenho do que os n�o cotistas. O pr�-reitor de Gradua��o, Ricardo Takahashi, ressalta que o ano de 2013 � importante como base de compara��o porque corresponde ao �ltimo ano de entrada pelo vestibular. As cotas representavam 12,5% do total de vagas. Os dados tamb�m apontam melhoria nas notas dos cotistas 2016 em compara��o com as notas da ampla concorr�ncia em 2014, no primeiro ano que o Sisu foi implementado. Os cotistas de 2016 tiveram melhor desempenho em 36 cursos de gradua��o. “O aumento da competi��o pelas vagas, decorrente do Sisu, tamb�m causou um aumento da competi��o entre os cotistas, e estes est�o entrando na UFMG mais bem preparados que os n�o cotistas de poucos anos atr�s”, avalia Takahashi.
PERCENTUAIS O coordenador-geral de Educa��o para as Rela��es Etnicorraciais do Minist�rio da Educa��o, Rodrigo Ednilson, lembra que a Lei das Cotas determina percentuais m�nimos para presen�a de alunos da escola p�blica, negros e ind�genas nas universidades p�blicas, mas n�o estabelece os percentuais m�ximos. Em outras palavras, o n�mero de estudantes aprovados pela reserva de vagas pode ser superior ao m�nimo previsto pela lei. Ele lembra que o objetivo das cotas � proporcionar que um segmento tenha acesso � universidade. As notas do cotista tendem a ser menores devido � desigualdade no acesso � educa��o de qualidade. No entanto, o que ele ressalta � que muitos estudantes que fizeram a op��o pelas cotas podem obter – e o est�o fazendo – notas iguais e at� superiores � ampla concorr�ncia. Isso, na avalia��o do especialista, n�o torna as cotas desnecess�rias, pois ainda � pequeno o percentual entre os cotistas que tem obtido notas maiores.
O estudante Douglas Damasceno, de 20 anos, foi o primeiro colocado nas cotas para o curso de medicina na UFMG, com 783,2 pontos e 960 pontos na reda��o. Autodeclarado negro, Douglas estudou os ensinos fundamental e m�dio em escola p�blica. � filho da cozinheira Jucilene dos Santos, de 39, e do aut�nomo Wilson de Freitas, de 43. “Existe muito preconceito em rela��o aos cotistas. As cotas mudam a vida de minha gente. Mudaram a minha e de muitos colegas. As cotas v�o mudar os rumos das universidades brasileiras”, diz o jovem, que mora na comunidade do Alto Vera Cruz, na Regi�o Leste de Belo Horizonte. A conquista do jovem foi comemorada pela fam�lia e por toda a comunidade. “Foi muito gratificante. Serei o primeiro m�dico da fam�lia.”