Os estudantes mineiros do 3º ano do ensino m�dio fizeram bonito no primeiro simulado on-line do Exame Nacional do Ensino M�dio (Enem). Eles tiveram o melhor desempenho nas quatro �reas do conhecimento cobradas no teste: ci�ncias humanas, matem�tica, linguagem e c�digos e ci�ncias da natureza. Foi de Minas Gerais tamb�m o melhor resultado entre as escolas p�blicas, segundo o Minist�rio da Educa��o (MEC). Ao todo, 584 mil concluintes da educa��o b�sica de col�gios p�blicos e particulares participaram do teste no s�bado e domingo. O estado teve o segundo maior n�mero de participantes, com 10,77% do total. Ficou atr�s apenas de S�o Paulo (16,88%). A procura superou as expectativas dos organizadores, que era de 280 mil alunos, e, por isso, eles decidiram repetir a prova neste fim de semana.
Idealizado inicialmente para os 2,2 milh�es de estudantes do �ltimo ano do ensino m�dio, inscritos na plataforma Hora do Enem (https://tvescola.mec.gov.br/tve/serie/hora-do-enem), o simulado estar� acess�vel agora a todos os interessados. O prov�o teve 80 quest�es, sendo 60 retiradas de edi��es anteriores do Enem e 20 in�ditas. Entre os participantes, 84% terminaram a prova. Na avalia��o das disciplinas, o estado do Rio de Janeiro foi o mais bem posicionado em geografia e o Piau�, em qu�mica. Minas Gerais foi destaque novamente, tendo garantido o melhor desempenho em todas as outras mat�rias.
Na an�lise geral das �reas do conhecimento, ci�ncias humanas teve a maior m�dia de pontos (534). A de matem�tica ficou em segundo lugar, com 524, seguida de linguagem e c�digos, que registrou 506. Ci�ncias da natureza teve a m�dia de pontos mais baixa (500). A nota m�xima em cada uma das �reas foi de 733 para linguagem, 773 para matem�tica, 749 para ci�ncias humanas e 757 para ci�ncias da natureza.
O MEC verificou ainda o desempenho dos alunos nos conte�dos abordados. Os estudantes se sa�ram melhor nas quest�es sobre conceitos de cidadania e democracia (filosofia) e formas de relevo (geografia). Os itens nos quais houve mais erros foram os relativos a geometria anal�tica: c�nicas (matem�tica) e rea��es qu�micas: conceitos gerais (qu�mica).
Entre os participantes do simulado de todo o pa�s, medicina aparaceu como o curso mais desejado, seguido por direito, administra��o, psicologia, engenharia civil, enfermagem, odontologia, educa��o f�sica, arquitetura e urbanismo e medicina veterin�ria.
OUTROS TESTES
Est�o previstos outros tr�s simulados on-line. O segundo estar� dispon�vel em 25 de junho, o terceiro, em 13 de agosto e o �ltimo, em 8 e 9 de outubro. A abrang�ncia dos assuntos cobrados nos pr�ximos testes vai avan�ar conforme o desenvolvimento do aprendizado do ano letivo. O �ltimo deles vai corresponder a um exemplo completo de como ser� o Enem de 2016.
Desde segunda-feira, os estudantes contam com um recurso extra de prepara��o para o exame no portal Hora do Enem. � o MECFlix, ferramenta interativa que oferece gratuitamente videoaulas e links para portais que auxiliam nos estudos. Durante entrevista coletiva para o balan�o do simulado, o ministro da Educa��o, Aloizio Mercadante, informou que a expectativa � de que quem fizer 100 horas de aulas nessa plataforma tenha uma melhora m�dia na nota do Enem em torno de 25%.
COMPARA��O
Com o resultado imediato do simulado, o estudante pode estabelecer uma compara��o com a nota de corte do Enem para o curso e a universidade de interesse. Aluna do Col�gio Santo Ant�nio, na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, Fl�via Costa Teixeira Viana, de 17 anos, que quer vaga no curso de medicina, considerou v�lida a experi�ncia. Ela fez o simulado em 3h30 (o tempo m�ximo era de 4 horas). “Achei as quest�es entre f�ceis e medianas de modo geral e condizentes com o Enem”, disse. Por causa da grande procura, ela teve dificuldade para acessar a plataforma: levou meia hora para conseguir come�ar o simulado. “Estava um pouco lento e o servidor ca�a, mas tenho colegas que demoraram muito mais.”
Aluno do Col�gio Arnaldo, tamb�m na Regi�o Centro-Sul de BH, Pedro Cerqueira Moreira, de 18, conta que j� havia estudado algumas das quest�es que ca�ram no simulado. “Por isso, n�o treinei tanto, mas deu para ter uma ideia do Enem, pois o simulado nos deixa bem cansados, � uma prova demorada”, afirmou. A nota desta vez foi maior que nas edi��es anteriores do exame nacional, quando fez como treineiro. Pedro concorda com a avalia��o geral de dificuldade em geometria, qu�mica e f�sica: “Tem que prestar mais aten��o, pois o teste envolve muitas f�rmulas e n�o sabemos quais v�o cair”.
Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Educa��o disse que o resultado no simulado mostra que Minas est� no caminho certo no desenvolvimento de pol�ticas educacionais voltadas para a juventude, com a��es pedag�gicas direcionadas para o ensino m�dio na rede estadual. Mas acrescentou que o grande desafio � a perman�ncia dos jovens no �ltimo n�vel da educa��o b�sica. Dados do PNAD mostram que a evas�o dos jovens na idade entre 15 e 17 anos atinge 14%, o que representa cerca de 160 mil estudantes fora da escola, o que est� sendo combatido, segundo a nota da secretaria, com “pol�ticas implementadas para os jovens, como a retomada do ensino m�dio noturno e a reformula��o da Educa��o de Jovens e Adultos”. A SEE est� tamb�m atuando com projetos inovadores nas escolas, que permitem aos alunos enfrentar e resolver problemas, compet�ncias que s�o demandadas pelo Enem. “Estamos investindo numa forma��o em sala de aula constru�da com um olhar interdisciplinar, o que tem permitido aos nossos jovens dominar diferentes linguagens”, diz a nota.
Palava de especialista
Carlos Roberto Jamil Cury professor-adjunto da PUC Minas no programa de p�s
Longo caminho
“Para avaliar o desempenho de Minas Gerais, � preciso olhar para o passado, quando o estado implementou o ensino fundamental aos 6 anos, pois essa escala de ensino n�o se faz do dia para a noite. Educa��o � uma �rea que rende frutos mais tarde. O segundo dado que devemos considerar � que houve sucessivos esfor�os para a busca de uma atualiza��o do ensino m�dio, colocado como prioridade. Foi buscada uma articula��o entre as inova��es necess�rias e o que � cobrado nas avalia��es. Os frutos disso tamb�m come�am a se revelar porque muitos estudantes cursaram em muitos munic�pios o ensino fundamental em boas escolas, dado o esfor�o dessas cidades na busca da qualidade, e depois passaram para o ensino m�dio no estado com um aproveitamento bastante bom. O Enem e o simulado revelam o desempenho, mas precisamos relativizar o exame em si. Revela que houve avan�os, mas n�o nos deixa ver outras vari�veis que seriam tamb�m importantes para saber se o ensino m�dio realmente conseguiu alcan�ar sua finalidade: o de ser a etapa conclusiva da educa��o b�sica e n�o apenas a fase conclusiva daquele teste de amplo alcance, que � o Enem. Outra vari�vel importante � a desigualdade das escolas, ver esses valores estado afora. Debulhar esse resultado valeria a pena para vermos por onde passam os circuitos que poderiam fazer com que essa haste fosse levantada de forma ainda mais elevada.”