
A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) teve 15 professores aposentados compulsoriamente pela ditadura militar depois do Ato Institucional nº 5 (AI-5), que entrou em vigor em 13 de dezembro de 1968, fechando o Congresso Nacional, assembleias legislativas, c�maras municipais e aumentando a repress�o das for�as militares contra aqueles que se opunham ao regime. A escola foi a quarta no pa�s em n�mero de profissionais retirados do trabalho por determina��o dos militares, atr�s da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com 23; da Universidade de S�o Paulo (USP), com 22; e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com 18. Ao todo, as escolas de ensino superior do pa�s perderam 115 professores. As justificativas dos militares para as aposentadorias eram de que se tratava de “comunistas”, “omissos” e “gente de esquerda” que n�o havia contribu�do com o governo.
O levantamento consta em pesquisa feita pelo professor do Departamento de Hist�ria da UFMG Rodrigo Patto S� Motta, autor do livro As universidades e o regime militar, lan�ado este m�s. Doutor em hist�ria do Brasil pela USP, o professor afirma que, al�m de mandar para casa mais de uma centena de professores universit�rios, os militares identificavam o movimento estudantil no per�odo p�s-golpe, sobretudo em 1967 e 1968, como o principal advers�rio do regime. “Ao mesmo tempo, tinham que investir nas faculdades, j� que era de l� que sairiam os profissionais para fomentar o milagre econ�mico que prometiam para o pa�s”, lembra.
Para tentar reduzir a intensidade do movimento estudantil, os militares chegaram a desistir de um dos principais planos que tinham para as universidades depois do golpe de 64: o de cobrar mensalidade nas faculdades. “Tamb�m aumentaram as verbas de laborat�rio e para pesquisas”, relata o professor. A tentativa de seduzir os estudantes, no entanto, n�o surtiu efeito. Na Faculdade de Filosofia e Ci�ncias Humanas (Fafich), quatro meses antes do AI-5 estavam armazenadas no diret�rio acad�mico da escola duas mil latas de spray para picha��o de muros, conta o ex-aluno Waldo Silva. O material era usado para espalhar a frase “abaixo a ditadura” pela cidade.
Outra tentativa de diminuir a resist�ncia dos estudantes contra os militares foi um acordo fechado no in�cio da d�cada de 1970 pelo Brasil e os Estados Unidos. O pa�s se comprometeu a repassar US$ 200 milh�es � �poca �s escolas nacionais para investimentos em pesquisa e bolsas para alunos interessados em estudar em escolas estadunidenses. A expectativa era de que o contato com a sociedade do pa�s aliado pudesse ajudar a aliviar a press�o do movimento estudantil contra a ditadura no Brasil. No pa�s do Norte, o momento era de expans�o do que j� era � �poca a maior na��o capitalista do mundo.