
A hist�ria � recorrente no mundo da moda: mulheres fortes e corajosas que acreditaram em sua for�a e foram construindo um neg�cio, passo a passo, em trabalho de formiguinha. No caso da Fruta Cor, no mercado h� mais de 35 anos, essa mulher � Elaine Fernandes Rezende Bastos.
No backstage, onde sempre foi seu lugar de protagonismo, fundou, mais que uma grife, um grupo fashion. No pr�ximo Minas Trend, junto aos dois filhos e parceiros, Lucas e Ana Cristina, ela estar� lan�ando mais uma marca, a FC Brand. O projeto bem-estudado visa conquistar uma fatia maior do mercado na categoria do pedido, abra�ando outros clientes e atuando em novas pra�as do pa�s. Doravante, o guarda-chuva criado pela empres�ria abrigar�, al�m dela, a pr�pria Fruta Cor e a Elaine Fernandes, esta com foco no plus size, privilegiando numera��es que v�o do 42 ao 48.

A trajet�ria de Elaine � surpreendente porque passa por come�o e recome�o, fibra e persist�ncia. Surpreende tamb�m porque desde a inf�ncia ela se encontrou na profiss�o de costureira, incentivada pela av� e tia paternas. O talento para criar mo- delos, primeiramente no corpo de bonecas, se materializou quando, aos 11 anos, se matriculou em um curso de corte e costura, em Perd�es, sua terra natal.

Aos 13, j� costurava com precis�o e era reconhecida pelo bom gosto por uma clientela que, a cada dia, se ampliava. “Meu primeiro empreendimento se formou com as amigas do bairro e da escola em torno das roupinhas de bonecas que eu criava. Essa brincadeira me estimulou a aprimorar o conhecimento de corte e costura e, aos poucos, acabou se tornando uma op��o de carreira”, conta a dubl� de empres�ria e estilista.

Com uma vida entremeada por tecidos, moldes, m�quinas de costura, Elaine al�ou voos. Na impossibilidade de fazer faculdade na capital mineira, o casamento veio cedo, aos 20 anos, e significou tamb�m a mudan�a para Ouro Branco, cidade progressista, em fase de desenvolvimento, sob a �gide e lideran�a da A�ominas. Havia uma car�ncia no setor de vestu�rio no local e ela logo percebeu isso. Atenta � demanda, se tornou, al�m de costureira, “sacoleira”. “Eu viajava para Belo Horizonte e S�o Paulo e trazia roupas para revender. Ia de porta em porta. O passo seguinte foi a abertura da minha primeira loja, a Elaine Boutique. Por�m, al�m das pe�as que comprava, continuei investindo em uma confec��o pr�pria onde realizava todos os processos, da cria��o � costura. E foi assim que nasceu a Fruta Cor.”

Na curva ascendente, vieram mais quatro pontos de vendas – al�m do de Ouro Branco, ela abriu o de Congonhas –, onde vendia marcas importantes do momento, como Forum, Zapping, Disritmia, e duas franquias: a Pakalolo infantil e a Hering.
Com rela��o � Fruta Cor, a hist�ria n�o � muito diferente das outras labels que nasceram pequenininhas, na informalidade, nos anos 1980. De um quartinho, tomou conta da casa da empres�ria para ganhar espa�o pr�prio, primeiramente em um galp�o nos fundos; depois, em um pr�dio constru�do especialmente para abrigar a confec��o. A produ��o era distribu�da pelos showrooms de Beag� em sistema de consigna��o e, assim, se espalhava pelos estados e pelas melhores lojas do Brasil.
Fal�ncia e recome�o
O que veio na sequ�ncia aconteceu com v�rios empres�rios da �rea de moda, no in�cio dos anos 2000: crescimento mal planejado, fun��es delegadas sem crit�rios, e, como resultado, a fal�ncia e perda total de um trabalho constru�do com esfor�o. “Tive que vender tudo, minha pr�pria casa, para bancar o acerto dos funcion�rios. Minha filha, Ana Cristina, atualmente diretora criativa da Fruta Cor, estava terminando o curso de fonoaudiologia, e o Lucas, diretor financeiro, entrando no curso de veterin�ria. Tive que resistir”, relembra Elaine.

Entre o casamento desmoronando e a necessidade de reagir, ela aceitou a oferta de uma prima para trabalhar na Sonhart, uma confec��o de roupas para dormir no Paran�. Foi um per�odo de grande aprendizado e de humildade tamb�m, que envolveu jornada de 12 a 16 horas por dia e um sal�rio baixo.
O recome�o veio j� em Belo Horizonte, quase dois anos mais tarde, por meio da generosidade de outro primo, que, acreditando no seu talento, lhe ofereceu suporte financeiro e um im�vel, que estava para ser demolido, no Bairro Prado.

Totalmente reformado, � ainda o que abriga o showroom da Fruta Cor e da Elaine Fernandes. Foram dois anos de trabalho intenso para reconquistar o mercado, pagar o empr�stimo ao primo, que n�o estava interessado em sociedade, com juros e corre��o monet�ria, e acreditar no pr�prio potencial como forma de reverter a situa��o adversa.
Hoje, a marca � um destaque no rol das empresas localizadas no Prado. Quando Lucas, graduado em veterin�ria, decidiu entrar no neg�cio, recebeu a recomenda��o materna: “V� estudar sobre isso primeiro”. Ap�s um MBA na �rea financeira na Funda��o Getulio Vargas, foi completamente fisgado pelo setor da moda. E tem se sa�do bem na fun��o. “Atualmente, temos uma empresa profissionalizada, com timing para tudo: compra de tecido, in�cio de corte, produ��o, de forma que os pedidos n�o sofram nenhum atraso e que a roupa esteja na pronta-entrega no momento certo”, enfatiza.
Gest�o segura
Aos 36 anos, Lucas se tornou uma lideran�a do setor. Paralelamente � diretoria financeira na Fruta Cor, � presidente do Instituto Amem – Associa��o Mineira de Empresas de Moda, que det�m como associados quase 100 empres�rios do segmento. Enquanto equaciona a vida da sua empresa em torno de uma gest�o segura, com base no planejamento, ele flerta com a quest�o do coletivo, acreditando em um mercado assertivo, com a��es que beneficiem os seus componentes na totalidade.

“Trabalhamos com produtos perec�veis que mudam de seis em seis meses. Todos vivemos a ang�stia do acerto de uma cole��o, que � o que nos dar� f�lego para seguir adiante. Oscilamos com todas as mudan�as desse mercado, � um desafio constante, e precisamos pensar juntos”, ele acredita.
Sim, � preciso jogo de cintura para seguir os caprichos da moda e da economia. Foi assim que, na hora certa, a Fruta Cor detectou que o mercado de festa estava mudando. Uma nova est�tica surgia, os bordados pesados sucumbiam em detrimento de formas mais limpas e leves. Os novos shapes come�aram a ficar mais cleans, uma linha casual chic come�ou a ser implementada na marca.
A irm�, Ana Cristina, diretora de Estilo e Produ��o, tem a responsabilidade de gerenciar esses moods. Para isso, conta com o aux�lio de dois estilistas experientes: F�bio Rezende, na �rea party e parte do casual, e Cl�udia Pimenta na casual. Do bom senso e criatividade desse trio � que nasce cada cole��o da grife.
Por oito anos, ela atuou somente no setor da pronta entrega. A partir de 2010, com a entrada no Minas Trend, deu in�cio aos pedidos, que representam entre 15% a 17% da venda da empresa. “A pronta entrega continua sendo o nosso carro-chefe, mas a feira � uma vitrine muito boa e nos d� conceito”, diagnostica Lucas.

Enquanto isso, Elaine, a m�e, que ensaiou um per�odo sab�tico e n�o resistiu, voltando � ativa, se v� �s voltas com a Elaine Fernandes, que complementa a linha de produtos do grupo, focando em uma mulher mais madura, mas sempre contempor�nea e antenada.
Ver�o A cole��o ver�o/20, que est� no showroom, foi lan�ada em parceria com a revista Vogue, e vai se desdobrando em c�psulas, novidades segmentadas para atrair os lojistas. Muito feminina e glamourosa, � inspirada no balne�rio lusitano de Comporta, entre as areias brancas e o Atl�ntico cristalino. Tecidos rendados, fibras naturais, laises, florais aquarelados e gr�ficos, prints listrados, xadrezes, geom�tricos e folhagens comp�em o trabalho de cria��o. Entre os shapes, destacam-se os corsets marcados, vestidos com recortes, ombros em evid�ncia, e uma alfaiataria virtuosa.