
Guru, benzedeira, p� de coelho, fada madrinha. Nomes pelos quais Katia Gonzalez, de 63 anos, � carinhosamente chamada pelos clientes, incluindo empres�rios, executivos e celebridades. Mas ela n�o se apega a nenhum deles, se diz uma pessoal comum. Depois da nossa conversa, posso dizer que nem tanto. Katia � uma pessoa muito intuitiva, curiosa, com sensibilidade acima da m�dia, que estuda os astros, se interessa por todas as religi�es. Atualmente, trabalha para equilibrar a energia do corpo (trabalhando com chakras) e dos ambientes (como consultora de feng shui). Certa de que temos tudo para ser feliz, ela criou a #T�F�cilSerFelizC�mbio, como forma de motiva��o para alcan�ar a felicidade. De casa, ela se dedica a atendimentos on-line e encontra mais tempo para recarregas as suas energias.
Como voc� se define?
J� fui de tudo na vida. Coroinha, campe� de nata��o, professora prim�ria, secret�ria bil�ngue (sem falar nenhuma l�ngua), apresentadora de TV, produtora de moda. Nos �ltimos 30 anos, me encontro como terapeuta corporal e consultora de feng shui. Tenho alguns apelidos, como guru, benzedeira, p� de coelho, fada madrinha, mas no fundo n�o � nada disso. Sou uma pessoa normal.
Na sua vis�o, o que a pandemia vem nos ensinar?
Ficou insustent�vel o modo como est�vamos vivendo. Abusos contra o planeta, a sociedade de consumo, ningu�m estava satisfeito interiormente. A gente vivia prestando aten��o em ter coisas, agora, depois do coronav�rus, o importante � ser feliz. Neste momento, descobrimos que somos um s�. Se n�o nos unirmos, n�o vamos conseguir mudar esta hist�ria. Temos que prestar aten��o no resto que est� em desigualdade, trabalhar este lado esquecido, que � viver em comunidade, olhar para o lado. N�o � s� doar cesta de Natal, � um caminhar constante. O coronav�rus veio t�o silencioso e o ant�doto � o amor, ficar em casa. N�o � s� olhar o que � bom para mim. O coronav�rus � um pr�mio, veio coroar este momento em que renascemos para compartilhar. Ele iguala todo mundo. N�o adianta ter o melhor cart�o de cr�dito do mundo. Se o v�rus te pegar, voc� corre o risco, como todos os outros, de desaparecer do planeta. Todo mundo virou t�tulo, sou CEO, estudei em Harvard, e de repente o curso mais chique em Harvard � como achar a felicidade. O coronav�rus coloca m�scara na boca para falarmos menos, o momento � de ouvir e enxergar mais. At� que enfim vamos olhar para os olhos das pessoas, o olho � a nossa alma. Temos tamb�m a oportunidade de mudar tudo o que faz�amos contra a nossa vontade. At� aqui �ramos marionetes de um sistema monet�rio. N�s vamos renascer numa nova era e, para entrar nesta nova era, temos que saber quem somos e o que queremos.
Fale mais sobre a mudan�a de era
V�nhamos da era de peixes, que trouxe muita culpa, muito medo. A igreja nos fez acreditar que existia bem e mal. Todo mundo se perdeu e foi ficando longe do amor. Estava previsto que chegar�amos � era de aqu�rio. Era o meu sonho chegar aonde tudo ia ser paz e amor, como os hippies cantavam, se despir do ter objetos para ser feliz. Para mim, a mudan�a de era veio quando atingiram as Torres G�meas, foi o marco. Pensei: isso vai mexer com a estrutura monet�ria, vai mexer com o planeta e a humanidade vai ter que mudar. A pandemia veio coroar a era de paz e amor. Vamos ser felizes, colher o que plantamos. N�o precisamos ter medo, vamos abra�ar a prosperidade, o livre-arb�trio para ser leve. Estamos renascendo e vamos colher tudo o que � bom, sem culpa e sem pecado.
Voc� fala em Deus, astros, signos. Como define a sua espiritualidade?
Fui batizada, sou cat�lica, mas me defino como uma curiosa. Transito em qualquer religi�o. Falo que tenho um s�cio majorit�rio, que � Deus, que me d� toda informa��o que preciso. Quando me calo e escuto o meu cora��o, quando olho para dentro de mim, tenho clara certeza de que sou parte da natureza. N�o sou sobrenome ou conta banc�ria, isso me d� paz de esp�rito. N�o temos que ficar brigando por religi�o, todas falam em defesa da vida. N�o importa se � cat�lico, judeu, batista, cada um d� o nome que quiser. Gosto de Buda e ele falou uma coisa que sempre guardo: “nada vai embora sem nos ensinar o que precisamos saber”. Vou citar tamb�m um salmo que adoro e no qual sempre acreditei: “voc� comer� do fruto do seu trabalho, e ser� feliz e pr�spero”. Vamos embora que t� f�cil ser feliz.
Como surgiu a ideia da #T�F�cilSerFelizC�mbio?
Sou uma pessoa muito feliz e sempre achei muito f�cil ser feliz. Queria ter tido um consult�rio de terapia do riso, porque s� me conecto com a parte feliz da vida. Sempre acreditei que, desde a hora em que abrimos os olhos, temos todas as possibilidades de ser feliz. Podemos escolher o que queremos colocar para dentro. Independentemente de ver pessoas nos hospitais, perder amigos, tudo est� servindo para repensar. Estamos passando perrengue, mas vamos colher o que plantamos.
Em que consiste a consultoria de feng shui?
Muita gente acha que feng shui tem a ver com espiritualidade, mas � uma t�cnica. Descobri que o que fazia no corpo, trabalhando os chakras, podia fazer nas casas, ent�o estudei para casar a energia da pessoa com a do ambiente. H� mais de 2,5 mil anos, os orientais chegaram � conclus�o de que devemos prestar mais aten��o na energia do que nos objetos. Ent�o, feng shui � uma acupuntura que fazemos no espa�o para equilibrar as energias. S�o nove �reas da vida que temos que identificar no ambiente em que vivemos e trabalhamos. Podemos ativar fama, prosperidade, relacionamento, fam�lia, sa�de, tudo de acordo com o momento que a pessoa est� vivendo.
Quais dicas podem valer para todo mundo?
Voc� tem que tomar muito cuidado com a �ltima coisa que v� quando deita na cama e a primeira coisa que olha na hora em que acorda. N�o d� para abrir o olho e ver um objeto quebrado. Temos que estimular mem�rias felizes. Comecei a observar algo louco, que todas as casas eram iguais, n�o tinham uma foto. Vamos abrir as gavetas, cad� a sua hist�ria, o que juntou na vida, o que trouxe de viagens, p�e tudo para fora. No campo da espiritualidade, vale tudo: B�blia, olho grego, Tor�, fitinha do Senhor do Bonfim. Outra dica: tirem os blecautes do quarto. Temos um blecaute natural, que s�o as p�lpebras. Quando voc� coloca blecaute, se despluga do planeta, n�o v� o sol nascer. Automaticamente, come�a a tomar rem�dio para dormir e fala que tem ins�nia. Quando clareia o dia, a gente desperta e est� no �pice da energia. Quando vai chegando a noite, o organismo � t�o perfeito que produz melatonina. O certo seria se recolher e dormir, mas ningu�m faz isso. Voc� fica na frente do telefone, computador e o organismo entende que ainda � dia, ele te acende e n�o acha que � hora de dormir. N�o fique com a TV passando not�cia de pandemia. Tem que se informar, mas, se ficar o tempo todo ouvindo falar de tantas mortes, vai introjetando e ficando melanc�lico. Aproveite para juntar a fam�lia e dan�ar, ou jogar baralho. Outra dica boa e f�cil de resolver dentro de casa � tirar as plantas que enrolam. Neste momento, n�o devemos ter nada que cres�a enrolando, agarrando, pisando para ficar mais bonito. Temos que ter plantas que crescem para cima, que busquem luz. O copo de leite que tem formato de ouvido, o alecrim que traz o anjo da guarda. Tamb�m n�o � �poca de ter cactos. Cacto n�o precisa de �gua, sol e ainda tem espinho. No ambiente onde tem cacto, as pessoas come�am a se espetar, ele tem uma energia que gera disputa.
Como a pandemia impactou o seu trabalho?
Estou exercitando o on-line. Neste momento, � imposs�vel o atendimento em consult�rio para fazer alinhamento de chakra com a energia das pessoas, mas conversamos e vamos pontuando. Feng shui, por incr�vel que pare�a, parece estar muito mais eficiente. Acaba que no on-line as pessoas t�m que ter dom�nio da casa delas, tem que entender a planta baixa. Olho no olho dela, n�o tem nada em volta para distrair. Descobri que viajar todo dia n�o era t�o necess�rio. Meu trabalho pode ser mais assertivo pelo on-line, n�o � doido isso? Cada dia estava num lugar, dormia �s 23h e acordava �s 3h para pegar um voo, a minha vida era uma loucura. H� 30 anos entro na casa das pessoas, participo de compra e venda de loja, monto e desmonto sociedade. Descobri que tudo isso posso fazer daqui de casa. Moro no meio de uma cachoeira e onde estou sou muito mais intuitiva. Estou mais recarregada energeticamente do que na �poca em que ficava correndo. Os clientes me tinham fisicamente, mas n�o dava tempo de me recarregar. A pandemia est� me ensinando a ficar em casa e recarregar as energias.
Como voc� atende celebridades e grandes empresas, h� quem pense que o seu trabalho seja inacess�vel. Isso � verdade?
N�o existe exclusividade no meu trabalho com feng shui, o meu pre�o � fixo. Atendo qualquer cliente, desde que ele esteja aberto. Mas tenho duas prioridades, uma � o Grupo �nima. Trabalho com eles h� 17 anos. O que me seduziu � que eles tinham a meta de transformar o pa�s pela educa��o, isso me pegou, � um prop�sito muito bacana. Estou trabalhando no projeto da Singularity, uma faculdade do Vale do Sil�cio que est�o trazendo para S�o Paulo. � uma grande novidade do ano que vem. Fa�o o alinhamento do feng shui com o projeto de arquitetura, igual fiz quando eles abriram a Le Cordon Bleu. Outra prioridade � o Nizan Guanaes. Fa�o tudo na ag�ncia de propaganda Africa. Meu trabalho � feito por indica��o, n�o fa�o propaganda. Tudo o que d� certo a pessoa indica para o melhor amigo, e isso n�o tem fim. Por isso, a pandemia me ajudou, vou ter mais tempo de ajudar as pessoas. Estava perdendo seis horas do meu dia em aeroporto, t�xi, conex�o.
Como voc� recarrega suas energias?
Tenho liga��o com �gua, lua, sol me recarrega. Estou ligada �s for�as da natureza, sempre acreditei nisso. Moro no meio da mata, de frente para a cachoeira, por isso digo que aqui � o meu hospital energ�tico. Sou muito privilegiada.. Meu quarto � cheio de mapas. Quando olho para os mapas, percebo o tamanho desse mundo e a quantidade de gente que n�o conhe�o que est� por a�.
Quem voc� gostaria de conhecer pessoalmente?
Quem gostaria de conhecer j� conheci. Primeiro Deus. Era uma menina criativa e os meus pais sempre me deram for�a para ser quem eu era. Morava no Bairro Santo Ant�nio e lembro que um dia, devia ter sete anos, no quintal de casa, tive uma resposta de energia e nunca mais questionei de onde vinha tamanha intui��o. Tive a garantia de que poderia ser feliz, que n�o ia ter dinheiro, mas nada me faltaria, que ia conhecer o mundo. O que mais amo � viajar. Outra pessoa que queria conhecer era o Dalai Lama. Consegui ingresso para ir a uma palestra dele em S�o Paulo, sentei l� na frente e peguei na m�o dele. Acabou que, n�o s� conheci o Dalai Lama, como, seis meses depois, estava em um monast�rio no Himalaia. Sou uma pessoa de muita sorte, as coisas v�m na minha dire��o. Tudo o que quero � s� pedir para o meu s�cio majorit�rio. Dou a ele o nome de Deus, mas d� o nome que quiser.
O que voc� ainda espera da vida?
Acho que estou vivendo o melhor tempo da minha vida. Tudo o que eu queria era viver na era de aqu�rio, de pensar no outro, de igualdade, de ser mais feliz. Sou privilegiada de ter uma filha que mora comigo e estamos juntas na quarentena, olha que luxo. Temos afinidade e respeito pelas diferen�as. Estou no meio da mata, trabalhando com energia e com a minha filha do lado. Ou seja, onde h� luz nunca vai ter lugar para as sombras. Agora estou estudando f�sica qu�ntica.
Voc� acredita mesmo que as pessoas v�o mudar com a pandemia?
Acredito que est� f�cil ser feliz, mas n�o foi 100% da humanidade que percebeu a grandeza desse coronav�rus. Deixo o alerta de que vem alguma coisa por a� para fazer o ser humano dobrar o joelho. Vamos ter um susto, uma coisinha para acabarmos de entrar na era de aqu�rio. Acompanho pessoas que estudam o c�u, a B�blia fala que pode ser um meteoro. Vamos dar adeus ao passado, n�o tem jeito. As m�scaras v�o cair, mas isso � muito positivo, porque ningu�m estava feliz. Acredito, do fundo do meu cora��o, que vamos ser mais felizes quando come�armos a amar as diferen�as, descobrir que n�o fazemos nada sozinho, voltarmos a viver em comunidade, em vez de intoxicar a mente com consumo.
