
O Palais Galliera, Museu da Moda da Cidade de Paris, reabre suas portas ap�s obras de amplia��o e apresenta a primeira retrospectiva em Paris de uma estilista �nica e not�vel: Gabrielle Chanel (1883-1971).
A primeira parte da exposi��o � cronol�gica; narra seus prim�rdios com algumas pe�as emblem�ticas, incluindo a famosa marini�re de 1916, a blusa de marinheiro, em j�rsei. O visitante est� convidado a acompanhar o desenvolvimento do estilo chique de Chanel: dos vestidos pretos e modelos esportivos dos anos 20 aos vestidos sofisticados dos anos 1930. Uma sala � inteiramente dedicada ao Nº 5, criado em 1921 e essencialmente o esp�rito de “Coco Chanel”.

Dez retratos fotogr�ficos de Gabrielle Chanel acompanham os 10 cap�tulos da exposi��o e mostram at� que ponto a pr�pria couturi�re foi a personifica��o de sua marca. Ent�o veio a guerra e a casa de moda foi fechada; as �nicas coisas ainda vendidas em Paris, na Rue Cambon, 31, eram perfumes e acess�rios. Depois, a chegada de Christian Dior e do New Look – o estilo com espartilho ao qual ela tanto se op�s; Gabrielle Chanel reagiu voltando � alta-costura em 1954 e, contra a tend�ncia, reafirmou seu manifesto de moda.

A segunda parte da exposi��o � tem�tica, convidando o espectador a decifrar seus dress code: o terno de tweed, os escarpins bicolores, a bolsa acolchoada 2.55, preto e bege naturalmente, mas tamb�m vermelho, branco e dourado... e, claro, o figurino e as joias finas que eram intr�nsecas ao look Chanel.

Gabrielle Chanel – Fashion manifesto cobre uma �rea de cerca de 1.500 metros quadrados – incluindo as galerias no subsolo rec�m-inauguradas. Com mais de 350 pe�as das cole��es do Palais Galliera e Patrimoine de Chanel, de museus internacionais, incluindo o Victoria & Albert Museum, em Londres, o De Young Museum, em San Francisco, o Museo de la Moda, em Santiago do Chile, o MoMu, em Antu�rpia, para al�m de cole��es privadas, essa exposi��o � um convite � descoberta de um universo e de um estilo verdadeiramente atemporais.

Enquanto Paris se prepara para uma semana de moda de um tipo diferente, a maior dama da moda de todas – Gabrielle Chanel – est� no centro das aten��es.
Ap�s dois anos e uma reforma de quase US$ 10 milh�es financiada pela cidade de Paris e pela casa de Chanel, o Palais Galliera emergiu como o primeiro museu permanente da moda da capital francesa, com o dobro de espa�o para exibir suas pr�prias cole��es e receber ambiciosas exposi��es tempor�rias como essa. Contando com mais de 350 pe�as organizadas em 10 cap�tulos, Gabrielle Chanel: Fashion manifesto explora como uma assinatura de estilo duradoura foi forjada e at� que ponto a designer e sua marca eram a mesma coisa. Tem roupas e objetos de uma cole��o compilada ao longo do s�culo passado e agora propriedade da Galliera, os arquivos Chanel Patrimoine, e museus e colecionadores particulares de todo o mundo, incluindo Vogue’s Hamish Bowles (um vestido coluna na renda bege de d�cada de 1930).

�cones da casa – o terno de tweed, acess�rios de couro, fantasias e joias finas, como um broche de diamantes Com�te de 1932 e uma garrafa original de Chanel nº 5 de 1921 (com um trecho da famosa entrevista de Marilyn Monroe em 1952, na narra��o) – dedicado � ocupa��o de espa�os tanto no andar principal quanto nas novas Galerias Gabrielle Chanel, no andar de baixo.

“Ningu�m jamais viu tanto Chanel em um s� lugar”, disse Miren Arzalluz, a rec�m-nomeada diretora do Palais Galliera, durante uma pr�via de seu show de estreia. Arzalluz disse mais: “Muito se tem falado sobre a vida de Gabrielle Chanel, mas realmente quer�amos focar na mulher e em seu trabalho. Por um lado, h� a maneira como Chanel projetou para si mesma; de outro, foi como ela se tornou sua pr�pria marca, sua pr�pria imagem, e as mulheres queriam se parecer com ela. H� algo intang�vel nisso, mas o que ela transmitiu – sobre independ�ncia, ambi��o, juventude e liberdade de movimento – est� muito presente aqui. Estamos falando de uma mulher que criou um estilo e foi fiel a ele por toda a vida. Ela nunca foi v�tima de novidades. Isso � muito atual”. Em uma tarde recente, o �ltimo vestidinho preto – um n�mero et�reo da noite, por volta de 1934, em chifon com camadas sobre renda com corpete drapeado, dois pain�is pretos nas costas e al�as bordadas em strass – chegou dos arquivos da Chanel, em caixa e envolto em papel de seda, para manequinagem (montagem).

� um ritual que pode levar horas e at� um dia para as pe�as mais fr�geis, explicou Rosa Ampudia, que gerencia a conserva��o preventiva da Chanel Patrimoine, enquanto se punha a costurar uma leve camada de forro em volta do quadril do manequim para que o vestido cairia assim. Em outro lugar no imponente sal�o principal dourado, uma blusa de marinheiro em j�rsei datada de 1916 leva a uma sucess�o de conjuntos diurnos – incluindo pe�as que a pr�pria Chanel usava – e trajes noturnos dos Ann�es Folles que est�o, enganosos em sua simplicidade, em roupas especiais e manequins reprisando a postura indiferente pelos quais Chanel e suas modelos se tornaram conhecidas. O que � mais impressionante � como � dif�cil fixar uma data em muitas dessas pe�as (v�rios dos n�meros franjados, principalmente, v�m � mente). “A Chanel amava a franja por seu movimento, mas tamb�m porque ela n�o enruga quando voc� viaja”, comentou a curadora-chefe V�ronique Belloir. Apontando para um vestido de renda floral com debrum recortado ou um cardig� bolero azul meia-noite que j� foi propriedade de Diana Vreeland, ela acrescentou: “Quando voc� olha de perto para essas pe�as, voc� entende o estilo e a especificidade. Com Chanel, tudo se resume a maestria. Nunca � o vestido por causa de um vestido; � o vestido para a mulher”.



Ap�s fechar por dois anos para obras de amplia��o, o Palais Galliera reabriu suas portas em 1º de outubro �ltimo com a retrospectiva Gabrielle Chanel: Fashion manifesto, em exibi��o at� 14 de mar�o de 2021. A exposi��o, no Palais Galliera de Paris, � a primeira retrospectiva dedicada a esta extraordin�ria costureira e estilista a ser realizada na Fran�a. Em 1912, em Deauville, Biarritz e Paris, Gabrielle Chanel (1883-1971) revolucionou o mundo da alta-costura convocando Paul Poiret – que at� ent�o dominava a moda feminina – para imprimir nos corpos de seus contempor�neos um verdadeiro manifesto da moda, o tema dessa apresenta��o. A exposi��o foi projetada em ordem cronol�gica, para entendimento da evolu��o da obra e o esp�rito inventivo deste lend�rio estilista. A primeira parte evoca os seus prim�rdios, com algumas pe�as emblem�ticas como a famosa camisa de marinheiro de 1916. Em seguida, tra�a a evolu��o do estilo chique da Chanel de seus pequenos vestidos pretos e n�meros esportivos dos anos 1920 aos vestidos sofisticados dos anos 1930. Considerada a quintess�ncia do esp�rito 'Coco' Chanel, uma das salas � dedicada ao famoso perfume Nº 5, que ela criou em 1921.

Passado revivido
Karl Lagerfeld voltou a levar o desfile de alta-costura da Chanel para a galeria do Grand Palais, em Paris, desta vez transformada em uma estufa bot�nica. O jardim tropical era formado por flores de papel, que compunham uma exuberante vegeta��o multicolorida, com um truque absolutamente novo: as flores se abriam durante a passagem dos modelos.

Para compor a paleta da esta��o, o estilista usou muito laranja brilhante, azul el�trico, amarelo pol�n e rosa shoking. O choque da vez foram as botas pretas, muito ajustadas nas pernas, lembrando meias tr�s-quartos que, por sorte, podem ser dispensadas sem que o vestu�rio perca seu significado novidadeiro. Como a barriga de fora, um crime lesa-majetade contra a criadora da marca, que n�o aceitava de forma nenhuma o exibicionismo do corpo feminino.
Lagerfeld contou como criou os tecidos rendados e dourados que compuseram algumas das cria��es, formados por sucessivas camadas de pl�stico pintado, recoberto com chifon e recortados, transformando-se em delicadas rendas exclusivas, de brilho pr�prio, sem vulgaridade. Os desfiles de alta-costura voltaram a ser encerrados com vestidos de noiva e o da Chanel, inspirado na flora, foi criado no ateli� Lemari�. Duzias de pessoas trabalharam durante mais de um m�s montando os mais de 3.000 componentes usados no modelo. De mangas curtas, inteiramente bordado de lantejoulas, tinha uma cauda longa, coberta de flores. Colorido de rosa delicado, com uma colagem sutil de p�talas que revelavam uma composi��o que misturou chifon, organza, ondula��es de pl�stico branco cintilante, strass e p�rolas. Em lugar do v�u tradicional, Lagerfeld usou um chap�u de abas largas (que apareceu tamb�m em outros modelos) coberto com tule em formado de nuvem.
Jaquetas cropped de tweed com mangas longas ou tr�s-quartos faziam par com saias de cintura baixa, mostrando a barriga das modelos. Essas saias, curtas ou longas, finas ou retas, esvoa�ante ou rodadas, eram enfeitadas com cintos finos que tinha um tamanho incomum acompanhando o movimento das roupas, dando um toque final. Preto e branco, as cores ic�nicas da Chanel apareceram nos looks em forma suave e apresentada por grandes casacos com cintos usados em cores tom sobre tom. Os in�meros detalhes de flores enfatizaram o tema da cole��o refor�ado por buqu�s de organza, couro, tule e p�rolas que floresceram nas saias, jaquetas e mangas, enfeitando, ao mesmo tempo, luvas de chifon, elegantes chap�us de malha com uma variedade de flores preciosas.
Ao assumir a Maison Chanel, em 1980, Lagerfeld levou com ele uma filosofia: "Fazer um futuro melhor desenvolvendo os elementos do passado". � isso que vem fazendo, com uma vis�o bem pessoal do estilo da casa que dirige.
Publicada em 3 de fevereiro de 2015

Copiar para n�o errar
O desfile da cole��o de pr�t-�-porter da Maison Chanel realizado na semana passada deixou uma certeza: os tempos bicudos serviram para que Karl Lagerfeld voltasse a se inspirar na fonte da hist�ria da marca. Ent�o, o que se viu na passarela foi uma releitura dos cl�ssicos criados por Coco Chanel. Aqueles tailleurs que nunca saem de moda, em modelagens mais atuais, mas que reviveram detalhes que ningu�m consegue fazer igual, como aquele ombros arredondados, que emagrecem a mulher, fragilizam sua figura sem deixar o chique de lado. Com isso, as saias est�o de volta, um pouco acima dos joelhos, as cal�as com cortes retos e secos, �timas para equilibrar os tric�s tridimensionais, com volume nos ombros e mangas.

O tweed, que � outra marca registrada da grife, est� mais em alta do que nunca, e para ficar diferente, a trama recebeu um pouco de brilho, com o uso de fios met�licos. Mulheres formigas, que guardam o que t�m de bom, podem retirar seus Chanel do arm�rio, sem sombra de errar. Refor�ando o revival, p�rolas e muitas cam�lias que apareceram em bolas, cintos, bordadas, aplicadas. As p�rolas v�o do pesco�o ao acess�rio de cabe�a.
Para a noite, tamb�m os babados reaparecem, sutis, em renda ou musseline, real�ados por uma ou outra transpar�ncia que ressalta a feminilidade. Longos em georgete, em linhas mais pr�s-du-corps, ganharam estampas florais rom�nticas. Preto e branco em v�rias combina��es, outra constante nos temas dos desfiles Chanel, ganharam como contraponto o rosa-carne, bem suave.
Como acess�rio, ainda as bolsas em matelass�, combinadas com carteiras e sacolas de couro que imitam as sacolas de compras da marca. Detalhe charmoso: as meias-cal�as finas, com costura atr�s. E os sapatos de salto muito alto, com plumas no calcanhar. Os colares ganharam pingentes grandes. Correntes presas no busto por um tipo de broche passavam pela lateral do corpo, tipo bandoleiro.
Publicada em 6 de outubro de 2009