De tanto ouvir que suas roupas s�o obra de arte, Denise Valadares resolveu levar essa ideia para uma cole��o. “Acredito, sim, que os nossos bordados s�o arte. Por tr�s de cada pe�a tem uma hist�ria e um artista”, diz a estilista, que h� cinco anos transforma o trabalho feito a m�o em desejo. No retorno � passarela, a marca, que leva o nome da fundadora, lan�a a cole��o “Vista-se de arte” e refor�a sua proposta de levar o bordado para o dia a dia das mulheres.
A marca ficou dois anos sem desfilar por causa da pandemia. Denise confessa que estava sentindo falta de mostrar seu trabalho na passarela. “Nada � capaz de despertar desejo como um desfile”, defende a estilista. “Os espectadores veem as roupas com mais brilho nos olhos, como se fosse algo art�stico.”
A escolha do Pal�cio das Mangabeiras como cen�rio, que, pela segunda vez, recebe a CasaCor Minas, se relaciona com o tema da cole��o. “Arte e arquitetura t�m tudo a ver com a marca e com o meu p�blico. Al�m disso, desfilar de frente para a Serra do Curral fez toda a diferen�a”, comenta. Pesou tamb�m o fato de ser um espa�o ao ar livre, mais seguro em tempos de pandemia.
A �rea da piscina virou passarela em uma ter�a-feira de manh�. As modelos desfilaram com roupas leves, de chap�u e sand�lia, mostrando que bordados n�o s�o s� para a noite. Essa, inclusive, � a miss�o da marca. L� no in�cio, enquanto os outros faziam vestidos longos, Denise bordava moletom. “As pessoas tinham a ideia de que roupa bordada era exagerada e n�o poderia ir para a rua. Em cinco anos, consegui fazer com que o bordado fosse reconhecido n�o s� pela roupa de festa.”
Os bordados continuam florais, at� porque j� s�o caracter�sticos da marca. A diferen�a � que, desta vez, a estilista aposta em composi��es mais leves e delicadas. As flores s�o bem pequenas, inspiradas na estampa liberty, que � de origem inglesa e est� em alta.
Denise � quem desenvolve todos os bordados. Diz que n�o consegue se desgrudar do processo de cria��o. A inspira��o vem do cotidiano, de flores, cores, viagens e grifes internacionais que seguem o mesmo estilo boho rom�ntico. “Confesso que tenho que buscar muita informa��o e estar muito inspirada para fazer um bordado novo e surpreender a cada cole��o. � um desafio”, comenta.
A estilista destaca o cuidado na escolha dos tecidos, para que n�o deixem o bordado ficar repuxado, e das pedras. Cristais, p�rolas, mi�angas e vidrilhos devem ser de �tima qualidade para que n�o sejam danificados com a lavagem. Quando a pe�a-piloto est� pronta, as bordadeiras assumem o trabalho. “A roupa passa por muitas m�os.”
Os vestidos correspondem a cerca de 70% da cole��o. Segundo a estilista, as clientes gostam de pe�as �nicas, para que n�o precisem quebrar a cabe�a montando um look. Os shapes s�o fluidos e esvoa�antes, seguindo a vontade de Denise de entregar leveza e frescor. Os decotes est�o mais valorizados nesta temporada. “Gosto muito de mostrar a feminilidade da mulher no colo.”
A marca tamb�m levou para a passarela short, blazer, cal�a pantalona e saia curta. Mas Denise n�o tem d�vida de que a chemise bordada de seda pura azul roubou a cena no desfile. Para ela, essa pe�a ser� o must have do ver�o. L�, a combina��o era com cal�a jeans.
SUSTENT�VEL Assim como os shapes, os tecidos s�o bem variados. Denise deixou de ser a menina dos moletons bordados para levar o handmade a v�rios momentos do dia. Por isso, a marca hoje trabalha com seda, linho, jeans e tric�. Pelo menos uma mat�ria-prima tem que ser sustent�vel. Nesta cole��o, ela explora um jeans que n�o passa por lavagem e um tecido de fibra de garrafa pet.
A cole��o tem mais cores do que o habitual. A pedido das clientes, Denise investiu em roupas bem coloridas, que aparecem em tons de rosa, laranja, verde, amarelo e lil�s. “Sempre trabalhei com cores mais s�brias, mas acho que, no p�s-pandemia, as pessoas est�o querendo vestir cores”, analisa. Apesar do flerte com as cores, os tons neutros ainda s�o maioria.
Denise conta que n�o teve dificuldade de vender roupas bordadas na pandemia. Pelo contr�rio, a empresa cresceu. As vendas no varejo aumentaram, principalmente no on-line, e hoje se igualam ao atacado. Neste �ltimo ano, a marca abriu mercado fora do Brasil atrav�s do site, e contabiliza clientes de v�rios pa�ses, como Estados Unidos, Inglaterra, It�lia e Fran�a.