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Estado de Minas entrevista/�rika Mares Guia - empres�ria

Trajet�ria de sucesso

Com 34 anos de hist�ria, empresa passa por moderniza�ao e � reinaugurada com novo conceito e s�cios


18/06/2023 04:00
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Érika Mares Guia
�rika Mares Guia (foto: Arquivo pessoal)


A mineira �rika Mares Guia se tornou uma profissional de m�o cheia. Entrou para o mundo da moda pelas m�os de sua m�e, Sheyla, que fez parte do Grupo Mineiro de Moda com a marca Allegra, e aprofundou nos estudos guiada por seu pai, o educador Walfrido. Aos 12 anos, ela j� ajudava a m�e, aos 16 era estagi�ria e aos 21 j� falava fluentemente cinco l�nguas que aprendeu fazendo imers�o nos pa�ses. Adquiriu um olhar especial para curadoria de moda, o que faz com maestria e consegue perceber marcas desconhecidas que t�m pot�ncia e aposta nelas, saindo na frente e apresentando ao mercado nacional nomes que estouram tempos depois. H� 34 anos, ela e a m�e abriram, com a s�cia Roberta Porto, a loja Porto & Guia, que depois passou a se chamar M & Guia, depois Mares e, na �ltima quinta-feira, foi reinaugurada dentro do novo formato da empresa de S�o Paulo, a CJ Mares, em sociedade com o grupo JHSF.
 
Como � trocar o nome da empresa tantas vezes e manter o sucesso?
Depois que o Grupo Mineiro de Moda acabou, mantivemos a Allegra por algum tempo, e em seguida minha m�e e a Roberta Porto decidiram fazer sociedade e abrir uma loja com um foco em moda feminina de qualidade nacionais e internacionais. Na verdade a Roberta abriu o neg�cio para suas filhas. Alguns anos depois a ela decidiu sair da sociedade e mudamos o nome para M & Guia, para n�o ter uma estranheza muito grande entre as clientes, e era uma refer�ncia ao nosso sobrenome. T�nhamos uma marca pr�pria e come�amos a exportar para todo os Estados Unidos e Canad�, e percebemos a dificuldade que era para os estrangeiros pronunciarem a palavra Guia. Era necess�ria uma mudan�a. Procuramos o Nissan Guanaes – que fez todo o e-brand e toda a marca – e ele prop�s que us�ssemos o Mares. Por sinal ele questionou por que nunca usamos o Mares que � uma palavra mais sonora, representa o oceano que � t�o lindo e � f�cil de ser pronunciado em qualquer idioma. Nasceu assim a marca Mares.

Como � ver toda essa hist�ria em Minas?
Temos a loja em Belo Horizonte h� muitos anos, ela tem um DNA pr�prio que faz parte da hist�ria da loja que � muito bacana. Atendemos aqui tr�s gera��es. A fam�lia costuma vir junta para comprar, a av�, a filha e a neta. Criou-se uma hist�ria. Foi onde aprendemos e crescemos, BH nos deu carinho, abra�o e colo. Come�ou tudo aqui, por isso estamos em SP.

Como foi o in�cio em S�o Paulo?
Quando fomos para S�o Paulo nos deparamos com um mercado totalmente diferente. Come�amos com uma loja pequena para entender o mercado. Em pouco tempo precisamos de um espa�o maior. Percebemos que n�o dava para crescer com a multimarcas e mais lojas internacionais atuando no atacado e varejo e decidimos fechar o atacado, fechando assim nossa marca pr�pria e mantivemos apenas o varejo com multimarcas. Mineiro tem cuidado com detalhes, em S�o Paulo tudo � muito r�pido e foi o aprendizado de BH que fez toda a diferen�a quando chegamos aqui e nos fez ter uma hist�ria de sucesso na capital paulista. Trabalhamos muito para isso, e por isso foi f�cil, por causa da nossa bagagem.

Como � voltar para BH com esse novo conceito?
Voltar para Belo Horizonte com a mesma linguagem das lojas de S�o Paulo – Shopping Cidade Jardim e Boa Vista – nos emociona. � inaugurar uma nova fase da loja que � nosso beb�, mas com um modelo h�brido, com a mesma identidade e linguagem. Levamos o bom daqui quando fomos para SP, uma loja com um mix de roupas para todas as ocasi�es, o que n�o era comum por l�. Levamos esse universo, esse bussiness. E agora, trouxemos um pouco de SP para c�, com mais op��es de marcas, e passando a trabalhar em unidade e com a mesma linguagem, tentado ao m�ximo unificar as duas lojas, com ajustes de opera��es, mas com o mesmo espectro que temos em SP, e vamos crescer a opera��o aqui, como fizemos l�. Agora estou no momento “o bom filho, � casa torna”, e estamos trazendo de volta a experi�ncia que adquirimos em S�o Paulo. A Mares estava muito diferente da loja de SP, estava para atender o mercado regional, o que ele demandava. Ficou claro para mim que est�vamos crescendo em S�o Paulo e BH precisava fazer parte desse crescimento. O que tem em um local tem que ter no outro. Moda em BH sempre este � frente, nunca teve resist�ncia � novidade. Temos que continuar assim.
 

"Hoje tudo � informa��o, restaurante, museu, teatro, cinema. Recebemos uma overdose de informa��o e temos que saber perceber e entender quais as tend�ncias"

 

Como � a sociedade com o Grupo JHSF?
Encontro com o grupo JHSF foi maravilhoso. Ambos ganhamos com isso. O grupo � muito forte e tem v�rios campos de atua��o como shopping centers, hotelaria, aeroporto Catarina, construtora, empreendimentos imobili�rios, financeira etc. Sa�mos da loja de rua, ganhamos a seguran�a do shopping, mas montamos uma loja como se fosse uma casa. Por eles serem propriet�rios do Shopping Cidade Jardim, conseguimos um espa�o privilegiado de mil metros quadrados. E a parceria j� teve frutos com a abertura da loja da Fazenda Boa Vista – um condom�nio de casas de campo –, a implanta��o do e-commerce no CJ Fashion e agora a abertura na loja em Belo Horizonte. S� para os mineiros conhecerem mais do grupo, eles s�o donos de outlets e det�m a representa��o de 14 marcas de alto luxo aqui no Brasil como Pucci, Chlo�, Celine, Isabel Marant, Brioni, Brunello Cucinelli, Balmain e a CJ Mares, da qual � s�cio. O CJ � um shopping de conviv�ncia, oferecemos estilo de vida, a proposta n�o � apenas vender roupa, mas um lifestyle.

Como fazem toda essa estrat�gia para oferecer essa experi�ncia?
Para isso nossa cultura mineira ajudou muito. O mineiro tem a arte do bem receber no sangue, faz parte de n�s, e isso faz toda a diferen�a. Minha m�e sempre teve um olhar atento aos detalhes, e me ensinou a ser assim. Implantamos aqui todos os detalhes conceito de lifestyle. S� para dar um exemplo, na CJ Mares temos sete tipos de guardanapos com frases motivacionais diferentes, temos um caf� dentro da loja, cinco joalherias e mais de 80 marcas, de 15 diferentes pa�ses.

Como est� a loja daqui?
Apesar de termos um espa�o muito grande, n�o s�o mil metros quadrados, e por isso n�o foi poss�vel trazer tudo como � em S�o Paulo. A equipe passou por um treinamento para unifica��o do servi�o e do conceito, a decora��o segue o mesmo padr�o. Teremos v�rias marcas como a joalheria Ara Vartanian, um caf� da loja e espa�os pr�prios Dolce Gabbana e Zimmermann que ter�o cole��o mais completa. As outras marcas estar�o presentes em setores como a Alberta Ferretti, Alessandra Ricci, David Colman, Galvan, Dundas, Courreges, Roland Mouret, as australianas Camilla e Christopher Esber, a colombiana Iorrana Ortiz, Isabel Marant, Sea NY, Auto Zarra, Ulla Johnson, John Lee. E ainda a inglesa Needle and Thread, a romena Maria Lucia Hohan e a libanesa Eli Saab.

Quando e como come�ou a fazer essa curadoria de marcas internacionais?
Curadoria � meu DNA, fa�o isso desde os meus 16 anos quando minha m�e passou a me levar com ela nas viagens e me treinou. Comecei a fazer sozinha no final dos anos 1980, quando Fernando Collor abriu a importa��o, sem saber como fazer. Quando o mundo s� conhecia a Fiat por aqui. Aprendi a fazer a importa��o do zero. S� tinham duas lojas no pa�s que importavam, uma em S�o Paulo e a gente aqui em Minas. O olho tinha que ser treinado. Na �poca n�o existia internet. Esse trabalho de curadoria foi o nosso diferencial. Comecei a entender que era preciso ter coisas diferentes. Eu e minha m�e fizemos essas viagem por mais de 20 anos, depois a Lelete Mares Guia come�ou e em seguida a equipe de S�o Paulo. Hoje somos eu a Joana.

Conta um pouco desse aprendizado 
com sua m�e
Quando ela tinha a Allegra eu estava com 12 anos e j� ajudava a fazer produ��o. Regina Guerreiro me mandava ir ao Mercado Central para buscar palha e outros itens. Esse foi meu maior exemplo, Grupo Mineiro de Moda foi uma grande escola, era um celeiro de talentos, todos juntos e unidos. Essa viv�ncia me ajudou muito. Quando eu estava com 16 anos teve uma crise horrorosa, quando confiscaram o dinheiro de todo mundo e nessa crise eu criei a marca Emerich, e fazia roupas de retalhos da Allegra. Lembro at� hoje da mat�ria fofa que voc�s fizeram sobre esse trabalho. Eu nasci no universo da moda, aprendi com minha m�e, desde nova, a ter esse olhar. Com 18 anos j� viajava com ela e aos 21 assisti meu primeiro desfile internacional. Desde cedo ficava no galp�o com as costureiras e foi onde aprendi sobre tecidos e costura. Limpava cinzeiro – naquela �poca todo mundo fumava –, contava estoque de bot�es, de aviamentos, fazia limpeza, atendia telefone. Minha m�e falava que eu era estagi�ria e estava trabalhando por isso n�o podia conversar com as amigas no hor�rio de trabalho, tinha que colocar as roupas no lugar certo, saber a dist�ncia entre os cabides, se a roupa est� bem passada, bem exposta. Ela escreveu uma carta enorme para mim ensinando como me portar, coisas como s� usar perfume suave para n�o incomodar as clientes. Mam�e sempre foi muito est�tica na vida, e naturalmente foi me passando isso.

E com o seu pai?
Eu tinha 15 anos quando meu pai perguntou o que eu queria fazer na vida e respondi que queria trabalhar com moda. Ele era educador e como tal disse que eu estava atrasada, que o mundo ia mudar muito r�pido e tinha que estar preparada. Disse que eu tinha que morar fora e apender pelo menos tr�s l�nguas. Com 21 anos eu j� sabia cinco l�nguas com fluencia, morei em v�rios pa�ses e aprendi por imers�o e com muito estudo. E nesse per�odo de aprendizado tamb�m Fiz faculdade de Administra��o em Belo Horizonte. Eu fazia um semestre, trancava, viajava por um tempo, voltava e continuava os estudos. Comecei a trabalhar na �rea financeira, porque � preciso saber tudo para conseguir empresariar. O neg�cio tem dois lados, o financeiro e o da moda, o criativo, o estilo. Geralmente as pessoas est�o focadas em um dos lados, eu aprendi os dois e isso foi uma ben��o, tive os dois tipos de imputs. E foi por causa de todo esse preparo e essa bagagem que consegui ter uma loja refer�ncia em SP.

Vamos voltar � curadoria. Qual o maior desafio?
Descobrir talentos, lan�ar marcas que ainda n�o s�o muito conhecidas, mas que percebemos o potencial. Nosso trabalho � uma busca que tem que ter intui��o e respiro financeiro para bancar a marca at� ela deslanchar. Temos grandes polos de moda no mundo, fora da Europa. A moda australiana grita criatividade em todos os estilos, trazer uma marca antes de ela ter sido descoberta � nosso ponto alto. A Zimmermann, por exemplo, investimos por dois anos, sem conseguir vender praticamente nada, hoje � marca de desejo no mundo inteiro, e a CJ Mares � a �nica loja no Brasil que revende. Trouxemos marcas que n�o tinham em S�o Paulo e hoje s�o superdemandadas. A Austr�lia me chamou aten��o por causa da Zimmermann, antes s� a Camilla era conhecida por aqui, mas o trabalho deles chamou a minha aten��o e fiquei de olho no pa�s. A Turquia e a Colombia s�o celeiros de moda. A turca Bronxs and Banco foi outra que investimos e hoje superprocurada. Todas as pe�as que entram na loja eu olhei e curei. Mas tamb�m escutamos muito as gerentes e as vendedoras. � um trabalho de intelig�ncia de compra, baseada na intui��o, sabendo administrar a situa��o das marcas. Temos um valor para comprar e analisamos cada marca, porque temos que ter desde moda praia at� de roupa para Oscar para compor um mix que fa�a sentido.

Quem vai cuidar da loja aqui?
A Lelete saiu depois de 35 anos de loja, aos 80 anos. Desde antes dela sair a Julia Marinho Braga j� estava aqui na Mares. Ela trabalhou em S�o Paulo conosco e depois veio para BH, porque ela � daqui. Hoje, loja n�o para, � um bicho vivo, toda semana tem novidade, o intervalo para chegar coisas novas n�o chega a dois meses, fica dif�cil at� de acompanhar. Os meses de maio e junho s�o voltados para casamentos e viagens, a loja tem que estar preparada para oferecer um mix de produtos que atenda isso. Em agosto a demanda j� � outra. Setembro � lan�amento de cole��o. Pensar no seu tempo � estar atrasado temos que pensar para frente. Hoje tudo � informa��o, restaurante, museu, teatro, cinema. Recebemos uma overdose de informa��o e temos que saber perceber e entender quais as tend�ncias fazem sentido. 


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