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Estado de Minas

Conhe�a a vida das irm�s Henriqueta e Ala�de Lisboa

Cidade se esquece das filhas ilustres que marcaram �poca na literatura e abriram novos caminhos para as mulheres. Museu em antigo cassino poder� resgatar mem�ria cultural


01/02/2009 08:16 - atualizado 17/11/2009 00:41

(foto: Beto Magalh�es/EM/D.A Press/Reprodu��o e Beto Novaes/EM/D.A Press - 22/01/04)

 

Lambari – Foi nesta cidade de 19 mil habitantes, no Circuito das �guas, no Sul de Minas, a 370 quil�metros de Belo Horizonte, que nasceram as irm�s Henriqueta e Ala�de Lisboa, no in�cio do s�culo passado. A mais velha, Henriqueta, poeta, professora de literatura e tradutora, marcou �poca como a primeira mulher na Academia Mineira de Letras; Ala�de foi escritora, jornalista, educadora e tamb�m marcou �poca como vereadora eleita em Belo Horizonte, a primeira em Minas Gerais.

A cidade pouco guarda da mem�ria das duas irm�s, mas o novo prefeito, Marco Ant�nio Resende, o Marc�o (PT), garante que a hist�ria vai mudar. “Vamos fazer um resgate da cultura. � inten��o nossa comemorar os filhos ilustres da cidade”, afirma. O momento � oportuno, porque em 2010 comemora-se o centen�rio da constru��o do Cassino de Lambari, obra monumental hoje subutilizada.

No cassino h� espa�o reservado para a implanta��o do Museu Am�rico Werneck, nome que homenageia o primeiro prefeito da cidade. O museu foi criado em dezembro de 1996 e jamais instalado. O projeto � iniciativa do historiador Nascime Bacha, que, por conta pr�pria, come�ou a reunir o que conseguia do acervo hist�rico e cultural do munic�pio, especialmente depois de um inc�ndio que atingiu o pr�dio da prefeitura em 1986.

“Depois do inc�ndio, eu n�o podia dormir”, lembra Bacha que, aos 88 anos, luta com energia para preservar a mem�ria da cidade. N�o por acaso, Ala�de Lisboa foi escolhida patronesse do museu e, segundo Bacha, era uma entusiasta do projeto. Bacha informa que uma reforma no pr�dio do cassino jamais foi conclu�da e que o museu, at� hoje, n�o pode ser instalado.

O acervo est� na casa do pr�prio historiador, no Centro da cidade. “Tenho um pequeno museu na minha casa”, revela Bacha. “Est� entulhando a nossa casa”, reclama a filha dele, Miryam Bacha Magalh�es. Para Nascime Bacha, prefeitos inexpressivos intelectualmente n�o tinham o objetivo de cuidar da hist�ria. Agora, ele acredita que o projeto ser� conclu�do. Ele conta que tem lutado com volunt�rios para abrir o museu.

Inicialmente, ser�o ocupadas quatro salas do cassino. Mas a inten��o de Bacha �, paulatinamente, estender para outras depend�ncias do pr�dio. Enquanto o projeto n�o se materializa, Nascime vai recolhendo a hist�ria. “Eu vivo procurando localizar mat�rias que interessam na forma��o cultural do museu. Nessa luta, vou desenvolvendo o acervo. Ganho muita coisa da popula��o.”

Miryam Bacha diz que a fam�lia fica tentando realizar um sonho e todos acabam envolvidos, mas mostra preocupa��o com as condi��es de armazenamento. “Fica parecendo um dep�sito”, explica. Para proteger o acervo, Bacha vai relacionando e encaixotando o que consegue.

Na Escola Municipal Dr. Jo�o Br�ulio J�nior, antigo Grupo Escolar de Lambari, onde Henriqueta e Ala�de estudaram, h� registros da participa��o de Ala�de no Livro da Caixa Escolar e ainda existem, expostas, antigas carteiras com dois lugares, bases de ferro, tampo e banco de madeira.

Enquanto a cidade n�o investe na mem�ria das duas filhas ilustres, a banc�ria aposentada Atineia Maria Lisboa Ribeiro Costa, filha do irm�o ca�ula de Ala�de e Henriqueta, vai guardando os livros que recebia das duas com dedicat�ria e as lembran�as das tias. “Tia Henriqueta era muito reservada, muito l�rica, mas tia Ala�de era bem diferente, mais extrovertida. Por causa de A Bonequinha Preta, as professoras levavam as crian�as na casa dela”, conta Atineia.

Atineia guarda livros, dedicatórias e lembranças que recebeu das tias
Atineia guarda livros, dedicat�rias e lembran�as que recebeu das tias

Pedro Lisboa, pai de Atineia, que era o ca�ula dos 14 irm�os, morreu prematuramente e Ala�de sentiu muito. “Ela tinha um qu� com meu pai, como se fosse um filho.” A afetividade foi transferida a Atineia. “Os irm�os pagaram meus estudos em S�o Paulo, por iniciativa de tia Ala�de”, agradece a sobrinha, que tem orgulho em mostrar as dedicat�rias que a tia colocava nos exemplares que mandava para ela assim que os livros eram lan�ados. Um exemplo � A Bonequinha Preta enviada aos filhos de Atineia, hoje adultos: “A Leonardo e Daniella, com muito carinho”. Ela guarda tamb�m uma bonequinha preta com tran�as e roupa xadrez vermelha, criada por uma artes� da cidade.

Em O tempo passa, Ala�de Lisboa fala na necessidade do registro e da lembran�a, quase como um recado: “Se voc� quer viver mesmo depois de morrer, viva vida produtiva. Realize muitas obras, divulgue suas ideias e seus belos ideais. Grave bem seus pensamentos, seus sentimentos, seus feitos, em papel, t�bua ou pedra. Os s�culos ir�o passando e seu esp�rito permanecer�”.

E, nos versos de Memorando, Henriqueta fala de mem�ria: “Fr�gil tesouro da mem�ria – antes que a noite me desarme – por algum tempo ainda resguardado”.

PERFIL
Henriqueta Lisboa nasceu em Lambari em 15 de julho de 1901 e a irm� Ala�de, no dia 22 de abril de 1904. Eram filhas do farmac�utico e deputado federal Jo�o de Almeida Lisboa e Maria de Vilhena Lisboa, que tiveram 14 filhos. Elas estudaram no Grupo Escolar de Lambari e no Col�gio Nossa Senhora de Sion, na vizinha Campanha, antes de a fam�lia se transferir para o Rio, em 1926.

Henriqueta estreou na poesia com o livro Fogo f�tuo, em 1925. Em 1935, ela se mudou para Belo Horizonte, onde atuou como poeta, tradutora, ensa�sta e professora. Publicou 17 livros e mais quatro volumes com sele��o de sua poesia. Morreu em 9 de outubro de 1985.

Ala�de publicou cerca de 30 livros entre ensaios de educa��o, did�ticos e liter�rios. Foi professora em Lambari, no Instituto de Educa��o de Minas Gerais e na Universidade Federal de Minas Gerais. Foi colaboradora do Estado de Minas. � autora do cl�ssico A Bonequinha Preta, que teve sucessivas edi��es desde 1938 e de O Bonequinho Doce. Foi a primeira mulher a assumir uma cadeira de vereadora em Minas Gerais. Casou-se com Jos� Louren�o de Oliveira e teve quatro filhos. Faleceu em 6 de novembro de 2006, aos 102 anos.

A cidade
Lambari tem 19 mil habitantes e integra o Circuito das �guas, a 370 quil�metros de Belo Horizonte. A cidade teve sua fonte hidromineral descoberta em 1780. Era distrito de Campanha, com o nome de �guas Virtuosas da Campanha, at� 1901, quando foi criado o munic�pio de �guas Virtuosas. O nome Lambari foi definitivamente adotado em 1930.

 


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