
O centro funciona numa �rea de preserva��o ambiental, a 1.100 metros de altitude, aos p�s da Serra da Piedade, um lugar de beleza �mpar, e tem capacidade para acolher 35 detentos que cumprem pena nos regimes semiaberto ou aberto. A �rea de 40 alqueires � fechada apenas por uma cerca, que divide o local de outras propriedades rurais. A seguran�a � feita por dois vigilantes, que n�o usam qualquer tipo de arma.
A ideia do Projeto Curar, da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), surgiu em 2008, quando a cadeia de Caet� sofria com problemas de superlota��o e praticamente n�o havia um trabalho adequado de ressocializa��o de detentos em regime semiaberto. Abandonada e servindo de esconderijo a animais e marginais, a estrutura erguida h� mais de 20 anos para abrigar uma escola agr�cola, que nunca chegou a funcionar, foi doada pela prefeitura para receber o projeto.
Em quatro meses de trabalho volunt�rio de membros do Conselho Comunit�rio de Caet�, entidade ligada ao f�rum da cidade, o local foi recuperado. Ganhou nova rede el�trica, piso, portas e janelas e, no fim de 2008, come�ou a receber os primeiros presos.
"Come�amos com a cria��o de uma horta, onde os detentos plantam de tudo, desde feij�o at� pimenta e cana geneticamente modificada”, diz o aposentado Francisco Mallio Brand�o, de 71 anos, que foi contratado para administrar o espa�o, onde passa o dia sem portar nenhum tipo de arma. "Nunca tive medo de andar aqui. Eles (os detentos) est�o aprendendo a cada dia sobre respeito e disciplina", comenta.
A dedica��o ao projeto � tanta que assim que a fazenda come�ou a funcionar Francisco se mudou, do Centro de Caet�, com a mulher e um filho, para uma casa no distrito da Penha, ao lado da antiga escola agr�cola. "Isso aqui agora � a minha vida. Sei que estou ajudando a recuperar pessoas para a sociedade", diz. Aproveitando a estrutura da escola, foram montados dormit�rios, lavanderia, salas para palestras e cozinha. Al�m da horta, os presos passam o dia trabalhando num galp�o constru�do dentro da unidade pela empresa Pentec, sider�rgica que fornece material para o setor de minera��o. O trabalho, que consiste no acabamento de pe�as produzidas pela ind�stria, � remunerado (dois ter�os do sal�rio m�nimo) e o dinheiro � dividido entre o detento e a fam�lia. "Com esse dinheiro, muitos est�o reformando suas casas, comprando eletrodom�sticos e dando um conforto melhor para os filhos”, conta a ju�za da Vara de Execu��o Penal de Caet�, Cl�udia Regina Macegosso.
Em pouco mais de um ano de funcionamento, a magistrada considera os resultados animadores. Presos que conseguiram a liberdade j� est�o integrados � sociedade. Alguns, inclusive, empregados em grandes empresas da regi�o. "S�o ideias simples que v�o dando resultado. Apostamos numa din�mica em que o preso se sente mais valorizado pela fam�lia e pelo trabalho que exerce dentro do projeto”, acrescenta a ju�za.
Se durante a semana o dia � dedicado ao trabalho, o domingo � reservado � fam�lia, que tem autoriza��o para entrar na fazenda. "Fora isso, cada um tem direito a sete sa�das durante sete dias do ano para ir em casa”, comenta Cl�udia Regina. At� o fim do primeiro semestre, o objetivo � investir em atividades como avicultura, com criat�rio de frangos de corte; piscicultura, com o uso de um represa criada para esse fim; e plantio de caf�. O projeto mant�m parcerias com a Empresa de Assist�ncia T�cnica e Extens�o Rural de Minas (Emater), o Instituto Estadual de Florestas (IEF) e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad), que doaram servi�os de m�quina para a prepara��o de solo, sementes, adubo, al�m de orienta��es sobre como preservar o meio ambiente.