
As an�lises n�o ficam prontas antes do carnaval, que come�a s�bado. O Procon da Assembleia Legislativa, por�m, vai analisar pedido de que o material seja retirado do mercado em todo o estado. Independentemente disso, o Corpo de Bombeiros deve publicar portaria com orienta��o sobre o uso dos lan�adores. Alheias � indefini��o, v�timas que sobreviveram ao rompimento de cabos el�tricos se recuperam em hospitais da regi�o e, assim como seus parentes, n�o conseguem apagar da mem�ria os segundos que transformaram a alegria da comemora��o em p�nico, correria e morte.
A equipe m�dica da Santa Casa de Po�os de Caldas, vizinha a Bandeira do Sul, nunca havia testemunhado um desastre como o que levou dezenas de pacientes a entrar pelas portas do servi�o de emerg�ncia, na noite de domingo. Passado o impacto inicial dos primeiros atendimentos, m�dicos e enfermeiros se desdobram para atender os feridos, a maioria adolescentes que continuam demandando cuidados. At� o in�cio da tarde de ter�a-feira, 10 dos 27 pacientes que deram entrada no hospital permaneciam internados.
Tr�s pessoas receberam alta ter�a-feira, at� as 13h: La�s Rafaela de Lima, Lucas Tarc�sio da Silva e Diego Rodrigues do Prado. Auxiliar de produ��o de 24 anos, Diego mora em Botelhos, tamb�m no Sul de Minas, a 455 quil�metros de Belo Horizonte, e participava da festa em Bandeira do Sul com um grupo de amigos. Por sorte, teve poucos ferimentos, nas costas e no p� direito, al�m de trauma no rosto. Do momento em que a festa se transformou em trag�dia, lembra-se pouco. Apenas o suficiente para perceber que nasceu de novo, inclusive para seus parentes. “Eu estava a cinco metros do trio el�trico. Tomei um choque forte e apaguei, batendo o rosto no ch�o. S� acordei de madrugada, na UTI da Santa Casa (de Po�os de Caldas). Minha fam�lia ficou sem informa��es e pensou que eu tivesse morrido”, relembra.
O estudante Augusto Jos� Siqueira, que mora em Palmeiral, distrito de Botelhos, completou 17 anos no dia da trag�dia e comemorava o anivers�rio com amigos no pr�-carnaval. Ele foi levado para a Santa Casa de Po�os de Caldas e transferido para um hospital particular da cidade. Na ter�a-feira, voltou � Santa Casa. “Ele teve 30% do corpo queimado, mas o quadro � est�vel. O que mais preocupa s�o as queimaduras de terceiro grau nos tornozelos, pois houve perda de tecido �sseo. O rapaz passar� por uma cirurgia de debridamento, que consiste na retirada de bolhas formadas nas les�es, que podem causar infec��es”, explicou o m�dico Carlos Nilton Ribeiro de Carvalho, que acompanha o paciente.
A professora Joana Darc Soares Siqueira, de 29, m�e de Augusto, se emociona ao relembrar a trag�dia. “Chegamos a Bandeira do Sul e nos deparamos com o caos. Tinha t�nis esparramados para todo canto, pessoas chorando e andando sem rumo, procurando por parentes. Meu filho disse que viu gente morrendo do lado dele”, disse. Al�m de Augusto, permaneciam internados na Santa Casa Cristiano Gabriel Pereira, de 21; Isadora Muniz Reis, de 18; Jenifer Fernandes Tobias, de 12; Larissa Marques Barreiro, de 13; Nayara Franciele Garcia do Carmo, de 17; Paulo S�rgio Soares dos Santos, de 16; Raianny Gabrielly Silva Ferreira, de 7; Yale Alves Franco, de 11; e Karoline Alves Franco, de 14 anos, atendida na unidade de terapia intensiva (UTI) e considerada o caso mais cr�tico tratado na cidade.
O paciente com quadro mais grave foi transferido na segunda-feira para o Hospital de Pronto-Socorro Jo�o XXIII (HPS), em Belo Horizonte. Sofreu queimaduras em 27% do corpo, principalmente na cabe�a e tronco. “Ele teve perda da vis�o esquerda e queimaduras de terceiro grau no nariz e boca”, informou o cirurgi�o pl�stico Jos� Osmar Loures, que cuida de sete v�timas da trag�dia. H� 20 anos trabalhando na Santa Casa, ele disse que nunca tinha vivido situa��o t�o ca�tica na profiss�o. “Com esse tanto de gente atingida, foi a primeira vez. A maioria dos feridos tem de 15 a 17 anos e apresentava queimaduras nas coxas e pernas.”
O m�dico explicou que as queimaduras de primeiro e segundo graus afetam apenas a epiderme, com forma��o de bolhas. As de terceiro grau afetam termina��es nervosas e s�o consideradas mais graves. “Consideramos alto risco de �bito quando um adulto tem acima de 40% do corpo queimado. Para as crian�as, o risco � acima de 20%”, disse Jos� Osmar. Mais v�timas da trag�dia em Bandeira do Sul permanecem internadas em outros hospitais da regi�o, mas as autoridades n�o disp�em de uma rela��o que informe quantas s�o e em quais munic�pios est�o. (Com Landercy Hemerson e Paula Sarapu)