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Estado de Minas

"Somos como extraterrestres", diz morador de rua


postado em 17/05/2011 06:00 / atualizado em 17/05/2011 06:26

Bem articulado, Luiz Vida diz que carrega a casa nas costas, %u2018como uma tartaruga%u2019, e conta que optou por viver nas ruas depois de perder a família(foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)
Bem articulado, Luiz Vida diz que carrega a casa nas costas, %u2018como uma tartaruga%u2019, e conta que optou por viver nas ruas depois de perder a fam�lia (foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)


Eles rejeitam o passado em busca de uma vida errante e se transformam em problema social que resiste �s abordagens e desafia o poder p�blico. Seja por brigas familiares, abandono ou separa��o matrimonial, preferem as ruas a conviver com antigos problemas em casa. Acabam atolados na solid�o e nos v�cios – da droga e do �lcool, principalmente. Aos 50 anos, o homem que se apresenta como Luiz Vida � o t�pico morador de rua – r�tulo que ele rejeita, preferindo ser classificado como um peregrino. Afinal, filosofa, “o termo n�o condiz com a verdade”. “As ruas s�o ocupadas pelos carros, n�o h� espa�o para outros.”

Depois de mais de uma d�cada peregrinando – ele n�o diz ao certo h� quanto tempo renunciou � antiga vida –, hoje ele difere da maioria. N�o anda em grupos. Abandonou o �lcool, a maconha, a coca�na e o crack. Eloquente, expressa-se quase com perfei��o. E, talvez na tentativa de suprir a falta da mulher e dos seis filhos, que conta terem morrido num acidente de carro, trabalha todos os dias na reciclagem de materiais, que s�o doados. “Uma boneca jogada fora pode ganhar vida e uma crian�a vai se realizar com ela”, conta o andarilho. Ou extraterrestre, como tamb�m se define. “Somos como eles. Viemos para invadir um terreno ocupado”, diz Luiz, que sabe o inc�modo que representa para o “resto da popula��o”.

H� tr�s meses de volta aos bancos da Pra�a Carlos Chagas, onde fica a Assembleia Legislativa de Minas Gerais, depois de morar por 10 anos em Bras�lia, Luiz diz rejeitar dinheiro, em troca de um modo de vida mais “espiritual”, aprendido na comunidade Vila S�o Jorge, distrito do munic�pio de Alto Para�so, em Goi�s. Tamb�m rejeita a mendic�ncia. Questionado sobre como consegue comida para sobreviver, aponta para os pombos que sobrevoam a pra�a e faz refer�ncia a uma passagem b�blica: “Eles n�o plantam nem colhem e todos os dias comem para sobreviver. Eu sou muito mais importante. � claro que Deus tamb�m iria me aben�oar.”

Luiz se compra a uma tartaruga, carregando seu casco para onde vai. A “casa” se restringe a duas malas, onde guarda os utens�lios da cozinha e do quarto. A sala de estar � o banco de pra�a e as honras da casa s�o feitas por ele mesmo, disposto a conversar com quem se aproxima. “Renunciamos a uma vida para nos adaptar a outra. Cansei da vida que eu tinha. Tudo que � repetitivo � enjoativo”, resume.


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