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Estado de Minas

BH n�o est� pronta para a coleta seletiva de lixo

Capital n�o pode atender Izabella Teixeira, do Meio Ambiente, que pede empenho da popula��o na reciclagem, porque cidade n�o tem estrutura para a triagem do lixo


postado em 07/06/2011 06:00 / atualizado em 07/06/2011 06:23

No Centro Lúdico de Interação e Cultura, crianças crescem entendendo que o reaproveitamento de materiais é um processo natural (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
No Centro L�dico de Intera��o e Cultura, crian�as crescem entendendo que o reaproveitamento de materiais � um processo natural (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)


No papel, o desenho de um pa�s exemplar para o mundo; na pr�tica, o esgotamento das medidas voltadas para a gest�o dos res�duos s�lidos. Em discurso em comemora��o � Semana Mundial do Meio Ambiente, a ministra Izabella Teixeira, titular da pasta de Meio Ambiente, convocou a popula��o a pensar junto a quest�o do lixo, ressaltando a import�ncia da coleta seletiva na mudan�a do atual cen�rio. “O Brasil deixa de ganhar R$ 8 bilh�es por ano por n�o reciclar tudo que � poss�vel. A simples atitude de separar o lixo facilita o servi�o dos catadores”, disse em rede nacional de r�dio e TV, na noite de domingo.

Mas a maioria da popula��o de Belo Horizonte n�o pode atender ao apelo da ministra. A cidade n�o est� preparada, apesar da boa vontade de moradores em querer participar da onda verde da sustentabilidade. Essa pretens�o esbarra na inefici�ncia da proposi��o e execu��o de pol�ticas p�blicas voltadas para a gest�o dos res�duos s�lidos.

Antes de assumir o cargo de chefe do Executivo, uma das promessas de campanha de Marcio Lacerda (PSB) era levar a coleta seletiva a, no m�nimo, metade dos 324 bairros de BH (n�mero oficial), mas s� 30 deles, menos de 10%, integram o projeto. E, faltando um ano e meio para o fim do mandato, o governo municipal admite a revis�o da meta por ele estabelecida: “A proposta agora � atingir 20% da cidade at� a Copa’2014, aumentando 64 bairros na lista”, diz o diretor de Planejamento e Gest�o da SLU, Lucas Paulo Gariglio. E a coleta seletiva n�o � o �nico desafio em rela��o ao lixo: os bota-foras (locais p�blicos onde s�o jogados entulhos) se multiplicam e, sem conseguir fiscalizar, a solu��o encontrada pela prefeitura � apresentar a conta do servi�o ao contribuinte.

Mesmo para atingir essa nova meta, o munic�pio ter� que avan�ar muito. O atual modelo est� travado pelo esgotamento da capacidade de triagem das associa��es de catadores de lixo, por falta de m�o-de-obra e de espa�o para o servi�o. Com isso, a prefeitura, em vez de resolver o problema, o relegou a segundo plano. Gariglio diz que, depois de empossado, o prefeito viu que “havia outras prioridades”, como “levar a limpeza urbana a todos”. E estabeleceu que a meta deveria ser cumprida numa “segunda etapa”.

Considerados pela ministra os “grandes parceiros para a promo��o da reciclagem”, os catadores t�m migrado para empregos formais, por causa da queda de pre�o dos produtos recicl�veis, e pela oferta de vagas no mercado de trabalho. A prefeitura subsidia nove galp�es nos quais � feita a separa��o dos materiais reaproveit�veis. Eles recebem o que � coletado porta a porta e nos ecopontos de entrega e os catadores fazem a triagem. O material � vendido e o lucro � deles. Mas o servi�o est� saturado. “Se coletarmos mais, n�o teremos como repassar o material �s associa��es. Se chegar um segundo carregamento, eles n�o ter�o terminado a triagem do primeiro”, admite Lucas.

A �ltima amplia��o do n�mero de bairros servidos pela coleta seletiva foi em novembro de 2008. De l� para c�, mesmo com a multiplica��o de bons exemplos, � imposs�vel atender a todos. Situa��o que a bi�loga L�via Castro Giovanetti, de 25 anos, vence com determina��o. Diante da falta de incentivo ao servi�o em BH, ela adotou h�bitos ecol�gicos na separa��o e reutiliza��o do lixo, em casa, no Bairro Floresta, Regi�o Leste, onde n�o h� coleta seletiva.

Al�m de reduzir o consumo, a bi�loga faz a compostagem de restos de alimentos, reutiliza materiais, como pl�stico, papel e metal, e leva os recicl�veis sem uso para dois ecopontos. “L� em casa, garrafa PET se transforma em regador; caixa de ovo � sementeira; latas de tinta, pneu velho e caixinhas de leite e de suco usamos para plantar. Os recicl�veis que sobram levo para pontos de coleta na Pra�a da Liberdade e na UFMG.”

Todo o trabalho, conforme a bi�loga, exige dedica��o. “Minha profiss�o � um incentivo. Mas, para a popula��o em geral � um desafio. Al�m das pessoas n�o serem instru�das, n�o s�o incentivadas. N�o h� divulga��o maci�a na m�dia. N�o basta o governo dizer fa�a a sua parte sem criar condi��es para isso.”

Outra iniciativa de prote��o do meio ambiente ganhou espa�o no Centro L�dico de Intera��o e Cultura (Clic), no Bairro Carmo Sion, Regi�o Centro-Sul. L�, profissionais e alunos, com idade entre 1 e 6 anos, fazem da separa��o de vidro, metal, pl�stico e papel uma rotina. “A coleta e o reaproveitamento n�o s�o tratados como projeto porque queremos que as crian�as cres�am entendendo que este � um processo natural”, diz a diretora da unidade, Carolina Brasil. O foco, segundo ela, � a conscientiza��o, a prote��o ambiental e a cria��o de uma cultura para diminuir a produ��o de lixo. Os recicl�veis s�o usados pelos alunos para fazer enfeites tem�ticos e confec��o de presentes de anivers�rio para os colegas. “Eles aprendem aqui e levam esses h�bitos para casa.”

Alternativas

A prefeitura contratou uma ONG internacional para fazer um estudo sobre a coleta seletiva e a previs�o � de que tenha logo em m�os op��es para ampliar o programa. “� preciso entender e conhecer exemplos de outras cidades para ver o que � vi�vel aplicar aqui”, diz Gariglio. Dada a impossibilidade de ampliar o n�mero de catadores, uma sa�da seria a contrata��o direta de servidores para o trabalho, mas Gariglio explica que “quest�es jur�dicas e burocr�ticas emperram” a formaliza��o de contratos diretos. Por isso, a SLU faz a capacita��o dos catadores, por meio de cursos de gest�o, mas o aumento da produtividade, neste caso, � insuficiente para suprir o aumento do lixo produzido na cidade.


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