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Estado de Minas

Crian�as e adolescentes s�o v�timas de centenas de atropelamentos por ano em BH

Cinco v�timas lutam contra a morte no HPS e estudo aponta aumento do n�mero de atropelados com idade at� 12 anos em BH.EM mostra descuido em travessias e m�dica recomenda orienta��o


14/06/2011 06:00 - atualizado 14/06/2011 07:00

Maria Matutina acompanha a recuperação do filho, Raique, atingido por um motociclista que não respeitou o limite de velocidade(foto: Cristina Horta/EM/D.A Press )
Maria Matutina acompanha a recupera��o do filho, Raique, atingido por um motociclista que n�o respeitou o limite de velocidade (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press )


Crian�as correm risco ao atravessar ruas e cruzamentos de Belo Horizonte. Foi o que o Estado de Minas constatou nessa segunda-feira diante de escolas: alunos atravessando sem olhar para os lados e correndo em meio aos carros para pegar o transporte escolar. Segundo dados da Cl�nica de Pediatria do Hospital de Pronto-Socorro (HPS) Jo�o XXIII, seis crian�as e adolescentes s�o v�timas de acidentes de tr�nsito por dia, incluindo atropelamentos. No domingo, dois meninos foram atingidos por carros na Regi�o Norte: Samuel Adiel de Oliveira, de 9 anos, atravessava a Avenida Saramenha, no Bairro Guarani, para ir a um campinho de futebol; Thales Alexandre de Souza, de 11, corria entre os carros atr�s de um papagaio, na Avenida Cristiano Machado, perto da esta��o do metr� do Bairro 1º de Maio. Os dois est�o no HPS em estado grave.

Coordenadora da Cl�nica de Pediatria do hospital, a m�dica Eliana de Souza apresentou um estudo sobre o atropelamento de crian�as, sexta-feira, na 1ª Jornada da Cl�nica Pedi�trica. A preocupa��o � o aumento dos casos, sobretudo nas f�rias. Em 2010, 2.159 v�timas de acidentes de tr�nsito foram atendidas na unidade: 732 na faixa et�ria at� 12 anos e 1.427 entre 13 e 19 anos. De janeiro a abril, houve 739 casos. Os meninos s�o maioria entre as v�timas: em 2010 foram 1449, contra 710 meninas; este ano, j� s�o 479 meninos e 260 meninas.

“O atendimento na faixa at� 19 anos representa 25% dos casos que chegam ao hospital, o que � um n�mero alto. Os acidentes de tr�nsito, que incluem atropelamentos, representam o terceiro principal tipo de atendimento a crian�as e adolescentes, atr�s das quedas e ocorr�ncias com corpo estranho (quando a crian�a p�e pequenos objetos no nariz, boca ou ouvido). Mas este � o que mais mata. Observamos uma tend�ncia de aumento dos atropelamentos, principalmente por motos, e percebemos que as les�es est�o cada vez mais graves”, afirma a especialista, que h� 27 anos trabalha na Cl�nica de Pediatria do HPS.

Thales sofreu contus�o pulmonar e est� em coma induzido. Samuel teve traumatismo craniano grave e passou por cirurgia para drenar hemorragia na cabe�a. Ele tamb�m est� em coma, com press�o intracraniana alta e fratura na bacia. Tia do menino, Gra�a Hip�lito, de 49, diz que a fam�lia est� abalada, voltada para a recupera��o de Samuel. Ela critica os motoristas e motoqueiros que passam pela Avenida Saramenha e diz que j� fez v�rias reclama��es � BHTrans.

“O desrespeito com o ser humano � grande. Depois do que ocorreu com o meu sobrinho, espero que algu�m fa�a alguma coisa. Mas qualquer pessoa corre risco ali porque motoristas e motoqueiros sobem no passeio para desviar do tr�nsito congestionado e passam em alta velocidade. H� at� uma faixa para pedestres sem sem�foro e ningu�m para. Samuel foi atropelado numa via perigosa, de muito fluxo, que precisa de atitude e fiscaliza��o com agentes e radares. A neglig�ncia n�o � s� com meu sobrinho.”

Cinco meninos est�o internados no HPS v�timas de atropelamentos. Em coma h� tr�s meses, Raique de Jesus Souza, de 9 anos, foi atingido por uma moto em Santa Luzia, regi�o metropolitana, e teve traumatismo craniano grave. Ele costumava brincar na porta de casa, mas nunca havia sa�do sozinho. Em 16 de mar�o, resolveu acompanhar um amigo, que ia buscar a irm�. A dois quarteir�es de casa, foi atropelado por um rapaz de 22 anos, sem habilita��o, que ganhou a moto do pai como presente de anivers�rio. O jovem tentou fugie e foi detido por vizinhos.

“Sempre tive cuidado em rela��o a isso e orientava meu filho sobre os riscos no tr�nsito. N�o deixava andar sozinho na rua e o levava at� a escola, mas ele saiu sem me avisar. O motoqueiro vinha em alta velocidade, acima de 70km/h, num local de velocidade m�xima de 40, e conseguiu desviar do outro amigo. Mas Raique foi atingido a um passo do meio fio. Aos pais, digo que devem ter muita aten��o, porque a gente acha que fez tudo por eles e n�o fez. H� pai que d� carro e moto de presente ao filho, antes mesmo de ensinar responsabilidade. Esse motoqueiro nem sabe o que houve com meu menino. Vejo que os motoristas n�o t�m limites”, desabafou Maria Matutina de Jesus Souza, de 36 anos.

 

Palavra de Especialista

“A crian�a � muito impulsiva e n�o tem a capacidade de avaliar o risco. Muitas vezes, se solta da m�o da m�e. Quando atravessa a rua correndo e v� o carro em cima, se assusta, tenta voltar e � atropelada. As les�es neste tipo de acidente s�o de maior gravidade para crian�as porque elas n�o t�m os ossos fortes e desenvolvidos suficientemente para proteger os �rg�os. A estrutura fr�gil, ent�o, facilita fratura dos ossos longos e, no caso das costelas, pode resultar em les�es no cora��o e nos pulm�es por perfura��o. A regi�o do quadril e a bacia tamb�m est� em desenvolvimento e, se atingida, pode causar les�es na bexiga, no f�gado, ba�o, est�mago e intestino. Num atropelamento, um ve�culo a 90, 100km/h transfere sua velocidade para o corpo pequeno de um menino de 8 anos que pesa 24kg. A crian�a n�o aguenta e sofre les�es m�ltiplas, muitas vezes com traumatismo craniano. Costumamos dizer aos pais: acidentes s�o evit�veis, fiquem por perto. Precisamos reduzir os n�meros com educa��o no tr�nsito e conscientiza��o de motoristas e pedestres.”  - Eliana de Souza, coordenadora da Cl�nica de Pediatria do HPS Jo�o XXIII


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