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Estado de Minas

Laudo sobre morte de mineiro no Peru preocupa fam�lia

Parente de brasileiro achado em selva diz que as amostras de tecidos enviadas ao Brasil estariam mal conservadas, o que dificultaria indicar causa de mortes


postado em 09/08/2011 06:00 / atualizado em 09/08/2011 06:05

Familiares do engenheiro mineiro M�rio Bittencourt, de 61 anos, e do ge�logo paulista M�rio Guedes, de 57 anos, que morreram na selva peruana durante levantamento topogr�fico para instala��o de usina hidrel�trica naquele pa�s, temem que laudos toxicol�gico e histopatol�gico do Instituto M�dico Legal (IML) de Bras�lia, para onde foram enviados tecidos dois dois brasileiros – amostras tamb�m s�o analisadas em Belo Horizonte – sejam inconclusivos. Os dois brasileiros foram achados mortos no dia 25 de julho, dois dias depois de terem desaparecido durante trabalho de campo no Norte do Peru. Como publicou o Estado de Minas no domingo, o Minist�rio P�blico peruano abriu investiga��o contra dois homens que apareceram na trilha e n�o descarta que os brasileiros tenham sido envenenados.

“Conversamos com o m�dico legista de Bras�lia, e ele acredita que n�o ser� poss�vel chegar � conclus�o alguma, porque vieram amostras mal conservadas do Peru”, diz a m�dica endocrinologista J�lia Guedes, filha de M�rio Guedes. Parentes das duas fam�lias manifestam a preocupa��o de passar a contar apenas com a confiabilidade do resultado do exame que ser� realizado no Peru. “Pedi diversas vezes �s autoridades e cheguei a insistir para que fossem colhidos algum tipo de sangue ou de l�quidos presentes nos corpos, porque s� assim daria para ver se eles foram envenenados, mas n�o fui atendida”, reclamou J�lia Guedes, que participou na semana passada de teleconfer�ncia com representantes da pol�cia peruana e da Leme Engenharia, empresa para a qual Bittencourt e Guedes trabalhavam.

Os corpos de Guedes e Bittencourt foram encontrados em avan�ado estado de decomposi��o e sem sinais externos de viol�ncia. Necr�psia realizada no Peru indicou edemas cerebral e pulmonar, que podem ser provocados pela a��o de venenos no organismo. O Minist�rio P�blico peruano abriu investiga��o por homic�dio contra Juan Zorrilla Bravo e J�sus Sanchez, com base em informa��es repassadas � pol�cia local pelos dois pesquisadores peruanos que acompanharam os brasileiros no trabalho de topografia. Zorrila, l�der comunit�rio que j� participou de protestos contra a constru��o de hidrel�tricas, teria confundido peruanos que faziam as buscas aos brasileiros. S�nchez teria oferecido �gua ao grupo em uma cabana no in�cio da estrada. Segundo os depoimentos, Bittencourt tomou sua �gua imediatamente.

L�quidos As amostras de tecidos foram coletadas durante per�cia na cidade de Bagua Grande, no Peru, e enviadas ao Brasil a pedido das fam�lias. Uma fonte do Itamaraty informou � reportagem do EM que o mau estado de conserva��o em que os corpos foram encontrados teria impedido a retirada de l�quidos como sangue e urina. No Instituto M�dico Legal (IML) de Belo Horizonte, segundo o diretor do �rg�o, Jos� Mauro Morais, os resultados iniciais dos exames no corpo do engenheiro M�rio Bittencourt devem ficar prontos at� a semana que vem, depois de 15 dias de an�lises. O material est� sendo avaliado por equipes de especialistas em anatomia patol�gica, em toxicologia e entomologia, que estuda insetos. Neste caso, tr�s profissionais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) foram convidados para participar das pesquisas. Por meio de nota, o IML do Distrito Federal confirma que recebeu do Itamaraty materiais colhidos dos corpos de Bittencourt e Guedes, mas s� deve concluir exames em 30 dias.

Empresa diz n�o ter sido alertada

Um dia depois de ser acusada de neglig�ncia pelas fam�lias dos brasileiros mortos no Peru – por ter deixado de oferecer escolta armada e r�dio-comunicadores no envio de seus profissionais a trabalho de campo em zonas de conflito no pa�s estrangeiro –, a empresa Leme Engenharia, bra�o brasileiro do grupo franco-belga GDF Suez, culpou a empresa de engenharia S&Z por n�o ter avisado sobre riscos de enviar trabalhadores � regi�o.

Em nota, a Leme Engenharia alega que, durante a prepara��o da viagem, “questionou sobre os aspectos de seguran�a e foi informada que n�o havia nenhuma situa��o no local que pudesse colocar em risco a seguran�a e a integridade dos colaboradores das empresas”. A empresa afirma ter recebido garantias da S&Z, respons�vel pela log�stica do local, que enviou o filho do presidente da companhia para acompanhar os engenheiros brasileiros e, “em nenhum momento, informou a necessidade de cuidados adicionais de prote��o � equipe”. “O engenheiro Mario Bittencourt e o ge�logo M�rio Guedes somente foram enviados � regi�o por haver confian�a de que estavam em seguran�a”, sustenta a empresa em nota.

A consultoria peruana teria deixado de informar � Leme que, por duas vezes, comunidades organizaram levantes contra a constru��o de hidrel�tricas pela empresa Vera Cruz no Rio Mara�on. O l�der comunit�rio Juan Zorrilla Bravo, um dos investigados por homic�dio pelo Minist�rio P�blico peruano, chegou a participar de manifesta��o em setembro do ano passado, em Campo Redondo, na mesma regi�o. Cinco funcion�rios da empresa Vera Cruz foram expulsos, durante manifesta��o de cerca de 5 mil moradores contra a constru��o da hidrel�trica.

Mortes Perto dali, em Bagua, ocorreu o maior confronto em 5 de junho de 2009, em protesto contra decretos presidenciais que flexibilizavam a propriedade das terras e ampliavam as atividades produtivas na regi�o amaz�nica, abrindo-a � explora��o dos recursos minerais e energ�ticos, inclusive petr�leo e g�s natural. Foram 58 dias de tens�o. Na regi�o de Bagua, 32 pessoas morreram em confronto, sendo dez �ndios e 22 policiais. Os conflitos mais recentes estouraram em Puno, longe dali, em junho do ano passado, levando o governo peruano a suspender licen�a provis�ria de um cons�rcio brasileiro para a constru��o da usina hidrel�trica de Inambari. Pelo menos cinco pessoas morrem nos confrontos. (SK e PA)

Hip�tese de envenenamento

Para o m�dico-legista George Sanguinetti, conhecido por ter atuado nas investiga��es sobre a morte do tesoureiro Paulo C�sar Farias, da menina Isabella Nardoni e da modelo Eliza Samudio, a principal hip�tese para as mortes dos brasileiros � envenenamento. Ele analisou fotos dos corpos anexadas a inqu�rito no Peru e indica que houve distens�o dos vasos sangu�neos, comum em casos de asfixia mec�nica e envenenamento. Ele descarta a possibilidade de choque anafil�tico porque, segundo ele, os corpos apresentariam sinais externos vis�veis ao legista que os examinou. Sanguinetti tamb�m afirma que a posi��o de um dos corpos contradiz a teoria de morte natural – o ge�logo M�rio Guedes foi encontrado de joelhos, com o tronco projetado para frente.


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