
O Residencial Orqu�deas nunca mais ser� o mesmo. Se j� era recatado, quedou-se em precavido sil�ncio, depois de uma revoada de jornalistas apertando bot�es de interfone para saber como os moradores reagiram � pris�o de Neli Maria Neves e do marido, acusados de sequestro. Para eles, foi uma surpresa. Consideram o casal e a filha, Nat�lia, uma fam�lia normal, embora discreta e quase sempre recolhida � casa de n�mero 4 do condom�nio. O que estranhavam era o comportamento da mo�a, de 24 anos: calada, sempre cabisbaixa. Nunca andava s� e a vizinhan�a n�o sabe nem sequer se ela estudou ou se frequentava escola.
O Bairro Fonte Grande, em Contagem, Grande BH, j� sabe de tudo, pelo menos acredita nisso. Mas sabe apenas o que j� foi veiculado. A Rua Jos� Joaquim sabe menos. No n�mero 223, que identifica o residencial de classe m�dia, com menos de uma dezena de casas modestas, de dois andares, n�o se sabe mais nada ou n�o se abre mais a boca. Ningu�m quer se comprometer ou complicar ainda mais a vida de Neli e do marido, um casal em dia com o aluguel, com o condom�nio e normalmente cordial.
Quem se arrisca a dizer o m�nimo sobre eles n�o mora no conjunto de casas e os define como pessoas normais, atenciosas, principalmente Neli. Para explicar o sil�ncio da filha cabisbaixa, ela sempre repete que a mo�a toma rem�dios para depress�o. H� mais de cinco ano eles moram no Residencial Orqu�deas e n�o havia movimento fora do normal na casa 4. Poucos sabem sobre a menina de 7 anos, o motivo da pris�o do casal, agora suspeito de ter sequestrado tamb�m a silenciosa Nat�lia.
A Rua Jos� Joaquim, nos seus primeiros quarteir�es, � uma via de passagem. Muros altos, como o do residencial. Quase n�o h� com�rcio. O tr�fego de ve�culos � intenso. A n�o ser os vizinhos de condom�nio, Neli, o marido e Nat�lia pouco t�m com quem conviver. E ningu�m ali acredita que o casal esteja envolvido em tr�fico de pessoas. Para a maioria, trata-se apenas de uma mulher sem ju�zo, inf�rtil e carente de filhos. Dito isso, o Residencial Orqu�deas se trancou e foi dormir ontem, sob a ordem da desconfian�a.