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Estado de Minas

O ano em que BH fez contato com objetos luminosos vistos no c�u

Capital viveu noite agitada em 26 de julho de 1972, quando objetos luminosos foram vistos no c�u. Vergonha e medo da ditadura teriam calado todo mundo e n�o se falou mais no assunto


18/08/2011 07:36 - atualizado 18/08/2011 09:49

Caso mais rumoroso de aparição de extraterrestres em Minas Gerais ocorreu em Varginha em 1996
Caso mais rumoroso de apari��o de extraterrestres em Minas Gerais ocorreu em Varginha em 1996 (foto: Beto Novaes/Estado de Minas - Fevereiro/2005 )
“Os ‘marcianos’ estiveram em muitos lugares, at� se esconderem atr�s da Serra do Curral. As bolas pareciam uma esquadrilha bem organizada, mantendo sempre a mesma forma��o. Eram guiadas pela bola maior e mais luminosa.” BH amanheceu a quinta-feira de 27 de julho de 1972 com essa not�cia estampada no Di�rio da Tarde. As “apari��es”, testemunhadas na noite anterior, haviam tomado conta tamb�m dos telejornais da TV Itacolomi.

O espet�culo de bolas e luzes deixou o comando de controle de voos do aeroporto da Pampulha em alerta. Pilotos, de cabelo em p�, relatavam � torre tr�nsito intenso sobre a cidade e pediam explica��es. Um experiente aviador garantiu: “N�o � avi�o nem meteoro”. A Aeron�utica recolheu testemunhos e recortes dos jornais. Prometeu investigar, mas at� hoje nenhum uf�logo registra qualquer conclus�o sobre o fen�meno.

“Estranhas bolas de fogo cruzam o c�u da cidade”, insistiu a edi��o de 28 de julho. Seria o nosso Independence Day, para rechear ainda mais a imagina��o do cineasta Steven Spielberg”? Naquele 1972 ele comemorava o primeiro sucesso com Encurralado (Duel), filmado em 1971 para a TV e levado aos cinemas em seguida por causa dos pr�mios e elogios em festivais.

Mas nunca mais se falou no assunto. As pessoas ouvidas pelos jornalistas esconderam o sobrenome. Talvez porque o fen�meno ocorreu no in�cio da d�cada de 1970. A ditadura militar, sob o bast�o do general Em�lio Garrastazu M�dici, presidente da Rep�blica, era demasiadamente severa. M�dici censurou tudo: teatro, cinema, jornal, revista, TV… As pessoas falavam baixinho, baixinho. Sussurrava-se at� para discutir Bu�uel, Fellini e Godard no Maletta, principalmente nos dias em que o comunista e lend�rio seu Ol�mpio, gar�om da Cantina do Lucas, n�o servia o fil� � cubana. A aus�ncia do prato era para denunciar a presen�a de perdigueiros da ditadura na casa, de olho em uma �nfima pista para levar um cidad�o aos por�es do Dops (Delegacia de Ordem Pol�tica e Social).

E algu�m ia sair por a� gritando “eu vi, eu vi, eu vi as bolas de fogo”? N�o. Poderia ser algemado e levado � tortura para revelar qual c�lula guerrilheira ensaiava um bombardeio � cidade. N�o acredita nisso, n�o �? Pois era assim. Agentes da repress�o agiam movidos pela ideia fixa de que todos eram inimigos do regime. Por isso, a censura, a tortura, enfim, a repress�o pol�tica e social. Talvez, por isso, nosso quase Independence Day caiu na clandestinidade.

Mas pode ter sido tamb�m pelo medo de as testemunhas n�o serem interpretadas como testemunhas por quem sempre rejeitou a exist�ncia dos objetos voadores n�o identificados (Ovnis). “Disco voador, ah, ah, ah o sujeito � louco!” Isso mata de vergonha um abduzido ou quase abduzido. Mas havia muita coisa em 1972 indigna de credibilidade naquele ano em que nasceu Rubens Barrichello. Algu�m apertou a bochechinha rosada dele no ber�o e sacramentou: “Vai ser um grande piloto de corridas!” E �? M�dici assinou decreto criando medidas para levar cultura e educa��o ao trabalhador. Cad�? Por que n�o crer em disco voador?

Dava para acreditar at� no Galo. Em julho de 1972 o time disputou o Torneio de Le�n, no M�xico. Empatou por 1 a 1 com o Col�nia, da Alemanha, gol de Dario, e se classificou para a decis�o com a Sele��o Mexicana. Ganhou por 4 a 2. Dad� marcou dois. E um doce para quem adivinhar se o t�cnico era Tel� Santana.

E agora, 39 anos depois, algu�m levanta o bra�o e grita: “Meninos, eu vi!” � o Joaquim Am�rico do Brasil, um cidad�o de BH radicado em Uberl�ndia. Assim mesmo porque contou a hist�ria para os amigos e filhos e, certamente, ouviu aquela frase cortante: “Disco voador, ah, ah, ah!” Ele pede recorte de jornais da �poca para provar que quase foi abduzido na quadra de esportes do Col�gio Arnaldinum S�o Jos�, hoje Col�gio Arnaldo, na Rua Vit�rio Mar�ola, Bairro Anchieta, Regi�o Centro-Sul da capital.


SUSTO GRANDE Passava das 19h da quarta-feira, 26 de julho de 1972, em BH. Naquele tempo o inverno era inverno. Um leve bruma ocorria, ocasionalmente, na Regi�o Centro-Sul. Joaquim Am�rico e amigos estavam na quadra de esportes do ent�o Col�gio Arnaldinum S�o Jos�, no Bairro Anchieta. “De repente, apareceu em cima de n�s um objeto muito grande, redondo. Fazia um barulho de papel celofane e jogava um feixe de luz forte. Pensei que se seria sugado. Olhei para tr�s e vi que plantas, postes e outros n�o tinham sombras. Por alguns segundos fiquei sob o feixe de luz e, repentinamente, o objeto se deslocou deixando bolinhas de fogo no ar. A luz apagou em BH e poucos instantes depois a TV Itacolomi anunciava que havia objetos estranhos no c�u da cidade. Estariam sendo vistos tamb�m em S�o Paulo e outros lugares.”

Ao mesmo tempo, uma mensagem cruzava o espa�o: “Aten��o, torre. Aten��o, torre. Aqui fala o comandante Veloso, do PP-VJC, da Varig. H� objetos estranhos voando a horizonte no setor Este de BH. S�o muitos e luminosos. Parece festa de S�o Jo�o. Acho que � invas�o de Marte.” O alerta, como noticiou o EM em 28 de julho de 1972, partiu de um avi�o que havia decolado no Esp�rito Santo rumo a BH e estava a 60km da aterrissagem, foi captado pelo sargento Morais, de plant�o na torre de comando do aeroporto da Pampulha na noite do dia 26.

O militar pegou um bin�culo e come�ou a vasculhar a �rea indicada e logo chegou outra mensagem: “Aten��o, torre, objetos n�o identificados voando em forma��o sobre BH. Parecem fogos de artif�cio”. Era do comandante do Boeing SC 1107, da antiga companhia �rea Cruzeiro do Sul, que voava a 10,4 mil metros de altitude. O sargento Morais voltou ao bin�culo e, como relatou ao EM, ainda conseguiu ver a esteira de luz da esquadrilha desaparecendo por tr�s da Serra do Curral.

Os objetos voavam a mais de 5 mil metros de altitude, a mesma do avi�o do comandante Veloso. E n�o foram os pilotos e o sargento Morais os �nicos a v�-los. Chegou ao jornal informa��o de que a Pol�cia Rodovi�ria levaria � Aeron�utica, na Pampulha, boletins com registros de apari��es em Congonhas, Betim e outras cidades. Os rep�rteres colheram ainda depoimento de Tarc�sio Vieira, que era funcion�rio da Cruzeiro do Sul. Ela estava no quintal de casa quando viu a esquadrilha extraterrestre: “Vi que n�o podia ser meteoro, porque a velocidade era menor, nem avi�o. Voavam em forma��o. N�o havia som e quando passaram diante da Lua as luzes se multiplicaram”.

Tudo foi reunido num relat�rio e enviado ao Rio de Janeiro, ao Centro de Investiga��es de Objetos A�reos n�o Identificados, do Minist�rio da Aeron�utica para investiga��o. Esta semana, a assessoria de imprensa da Aeron�utica informou desconhecer apura��o de ocorr�ncias desse tipo no c�u do pa�s. Ou, simplesmente, desconversou. A base a�rea, em Lagoa Santa, e a torre de controle do aeroporto da Pampulha n�o conseguem localizar o sargento Morais, pois os jornais n�o revelaram o primeiro nome.


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