
O medo de perder o ano e a indefini��o em rela��o ao fim da greve dos professores estaduais est�o levando alunos de escolas estaduais a procurar socorro na rede particular de ensino. O Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG) estima que pelo menos 5 mil estudantes buscaram uma vaga em institui��es privadas desde o in�cio da paralisa��o, que j� dura mais de dois meses. Os pedidos de transfer�ncia aumentaram com a volta �s aulas, no in�cio do m�s, mas nem sempre t�m sido bem-sucedidos. A mudan�a esbarra na falta de vaga e no boletim dos alunos, que s� t�m a nota do primeiro bimestre.
A Secretaria de Estado de Educa��o (SEE) lamenta as transfer�ncias de alunos e promete anunciar, hoje, pacote de altera��es no sistema de remunera��o dos professores, numa tentativa de p�r fim � paralisa��o. “Estamos concluindo estudos para melhorar o posicionamento dos professores no subs�dio, para aperfei�oar esse modelo. A gratifica��o dada, por exemplo, a diretores, vice-diretores, secret�rios e coordenadores vai aumentar sensivelmente”, afirma a secret�ria-adjunta de Estado de Educa��o, Maria Ceres Pimenta.
Desde o in�cio do ano, a secretaria adotou o subs�dio, modelo de remunera��o que incorpora vencimento b�sico e outras gratifica��es em sal�rio de parcela �nica. Nesse sistema, a remunera��o m�nima seria de R$ 1.122 para professores de n�vel m�dio e R$ 1.320 para n�vel superior, considerando carga hor�ria de 24 horas semanais. Os professores de Minas reivindicam piso de R$ 1.597,87, mas o Sindicato �nico dos Trabalhadores em Educa��o indicou que est� disposto a negociar em cima dos R$ 1.187,14 definidos como piso salarial pelo Minist�rio da Educa��o (MEC).
Sem entrar no m�rito das brigas salariais e aflitos para voltar � sala de aula, estudantes da rede estadual t�m corrido atr�s de vagas, sobretudo em escolas com mensalidades de valor mediano, segundo o presidente do Sinep-MG, Emiro Barbini. “A maior demanda � por escolas de ensino m�dio, principalmente das s�ries finais, por causa da proximidade dos vestibulares. A faixa de pre�o da mensalidade dos col�gios mais procurados � entre R$ 500 e R$ 600. A melhora da renda das classes C e D tem facilitado a entrada desse aluno na rede particular”, afirma Barbini.
Faltam vagas
Mas, se a condi��o financeira tem ajudado nessa migra��o, outras circunst�ncias nem tanto. O col�gio Maximus, unidade Santa In�s, na Regi�o Leste de Belo Horizonte, recebeu apenas na semana passada 14 pedidos de transfer�ncia de alunos do ensino m�dio matriculados em escolas estaduais. Todos foram negados. “Infelizmente, n�o pudemos aceitar a matr�cula, pois n�o temos vagas”, conta o diretor da unidade, Luciano Barcelos, que explica que a falta de notas n�o seria um impedimento.
“Quando o aluno vem dessa forma, ele entra automaticamente em recupera��o. Aplicamos algumas regras de propor��o para ajudar um pouco o aluno.” De acordo com Barbini, a aceita��o de alunos com notas apenas do primeiro bimestre depende do regimento interno de cada escola. No caso da migra��o dentro da pr�pria rede estadual, o sistema adotado na transfer�ncia tamb�m n�o tem ajudado quem quer sair de uma unidade em greve para outra sem paralisa��o.
Aluna do 1º ano no ensino m�dio do Col�gio Estadual Governador Milton Campos, o Estadual Central, Nayara Raposo, de 16 anos, fora da sala de aula h� mais de dois meses, tentou nessa segunda-feira ser transferida para a Escola Estadual Presidente Ant�nio Carlos, sem sucesso. “N�o me aceitaram por causa da nota. Eles j� est�o praticamente passando para o quarto bimestre e eu s� tenho as notas do primeiro. Decidi come�ar a trabalhar, para ter alguma ocupa��o. At� pensei em mudar para escola particular, mas n�o tem jeito, � muito caro”, lamenta a menina, que n�o acredita em reposi��es. “Eles n�o d�o mat�ria direito e passam a gente de ano sem sabermos nada”, reclama.