Mais uma vez exames n�o apontaram a causa da morte do engenheiro mineiro M�rio Bittencourt encontrado sem vida no Peru. O diretor do Instituto M�dico Legal (IML) de Belo Horizonte, Jos� Mauro de Moraes, descartou a morte por causas naturais e eliminou, em partes, a possibilidade de envenenamento. O corpo do engenheiro foi examinado na capital a pedido de parentes. Para a conclus�o das investiga��es sobre a causa da morte, ainda falta o laudo das autoridades peruanas.
De acordo com os resultados apresentados, o engenheiro mineiro n�o morreu por infarto, insufici�ncia card�aca ou por qualquer causa violenta como tiro, espancamento, asfixia, enforcamento e esganadura. De acordo com Moares, o corpo n�o apresentava marcas. Os especialistas fizeram um raio x minucioso e n�o encontraram sinais de hemorragia ou fraturas.
Segundo o IML, n�o h� como determinar se houve sufocamento, porque essa causa n�o deixaria marcas no corpo. O que se pode afirmar, segundo Moraes, � que n�o havia sinais de luta corporal.
Um abelha foi encontrada na base da l�ngua de Bittencourt. Especialista da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) avaliaram o inseto e conclu�ram que n�o � um animal venenoso. A esp�cie costuma visitar corpos em decomposi��o.
Os exames descartaram, tamb�m, alguns venenos e medicamentos, mas a contamina��o por subst�ncias org�nicas (ervas, veneno de cobra, entre outros) n�o � poss�vel determinar. De acordo com o IML, o corpo estava em avan�ado estado de decomposi��o e veio do Peru com produtos qu�micos usados no embalsamento. Essas subst�ncias podem prejudicar a an�lise.
Os peritos brasileiros acreditam que exames feitos no Peru possam ser mais conclusivos, pois os peritos recolheram fragmentos do couro cabeludo, tecidos pulmonar, card�aco, hep�tico e biles. A per�cia do pa�s vizinho tamb�m teve acesso ao corpo pouco tempo depois da morte, o que facilita as an�lises.
O IML de Bras�lia divulgou na quarta o resultado das an�lises histopatol�gicas e do exame toxicol�gico, que afasta a hip�tese de envenenamento – em parte. O material para an�lise foi enviado a BH e tamb�m Bras�lia a pedido dos parentes. O dois laudos ser�o encaminhados � Fiscal�a Provincial de Cumba, �rg�o semelhante ao Minist�rio P�blico, respons�vel pelas investiga��es.
ENTENDA O CASO
23 de julho
O engenheiro mineiro M�rio Augusto Soares Bittencourt, de 61 anos, e o ge�logo paulista M�rio Gramani Guedes , de 57 anos, desembarcaram em Lima e seguiram de avi�o para Chiclayo, no Norte do pa�s, e de l�, de carro, para Ja�n, a 600 quil�metros.
Eles foram fazer estudos de viabilidade para constru��o de uma usina hidrel�trica na regi�o da floresta amaz�nica peruana.
25 de julho
O trabalho de campo come�ou cedo. A dupla brasileira, um engenheiro e um ge�logo peruanos caminharam por uma estrada abandonada por cerca de duas horas e meia. Segundo o depoimento dos peruanos, Bittencourt sentiu dor no joelho e se sentou � beira da estrada.
Guedes e os colegas seguiram por um trecho de subida. Quando voltaram, meia hora depois, o engenheiro mineiro j� n�o estava mais l�. Guedes, ent�o, decidiu esperar no local pelos peruanos, que tentaram acesso por outra trilha para chegar ao Rio Mara�on.
Os peruanos contaram � pol�cia que retornaram uma hora depois e Guedes tamb�m n�o estava no local. Segundo eles, a impress�o foi de que os dois brasileiros teriam retornado para o carro e estacionado no in�cio da estrada, onde o motorista os aguardava.
De acordo com o inqu�rito peruano, os funcion�rios da SZ Engenharia s� perceberam o desaparecimento quando um outro colega, respons�vel pela log�stica, levou �gua aos pesquisadores e comentou que n�o havia cruzado com os brasileiros na estrada.
27 de julho
Os dois corpos foram encontrados pela pol�cia peruana �s 8h, a 100 metros da estrada principal, em �rea de cerrado. A dist�ncia entre os dois era de 200 metros. Nada foi roubado e n�o havia marcas de viol�ncia, segundo a pol�cia.
Segundo o engenheiro e o ge�logo peruanos, dois camponeses s�o investigados pela morte de Bittencourt e Guedes. Um deles, Juan Zorrilla Bravo, � l�der comunit�rio e participou de manifesta��es contra usinas hidrel�tricas. Ele teria atrapalhado as equipes de busca, conforme depoimento dos peruanos. O outro, J�sus Sanch�z, teria oferecido �gua aos brasileiros no in�cio da caminhada.
Os corpos foram examinados no Peru, mas n�o havia ind�cios de viol�ncia. A pedido das fam�lias, amostras foram trazidas para serem analisadas no Brasil. Na semana passada, autoridades peruanas fizeram reconstitui��o, com a participa��o de Zorrilla. Os acusados j� prestaram depoimento e negam