A presidente da Associa��o Brasileira de Psiquiatria (ABP), Analice Gigliotti, explica que a dissemina��o do crack em munic�pios de baixa renda est� diretamente ligada ao baixo pre�o da droga e � facilidade de consumo. “Uma pedra de crack pode ser adquirida at� por R$ 3, enquanto outras drogas, como coca�na, custam bem mais. Com isso, o crack – que, na verdade, � um resto da coca�na n�o refinada – entra muito mais facilmente nos lugares pobres”, diz. A especialista enfatiza que o v�cio � r�pido, o que tamb�m contribui para a prolifera��o da droga. “O crack tem alto poder viciante. Aparentemente, � uma droga mais prazerosa, mas com um efeito muito r�pido, levando a pessoa a querer usar outras vezes”, afirma Analice.
J� a presidente da Associa��o Brasileira de Psiquiatria lembra que existe rela��o direta entre o consumo de crack e a viol�ncia. “Essa liga��o com a viol�ncia acontece porque o indiv�duo, ao fumar uma pedra de crack, ficacom mais �nsia e, muitas vezes, parte para o roubo e outros delitos, para conseguir ter acesso � droga”, diz a especialista. Para ela, o combate � epidemia do crack nos pequenos munic�pios vai al�m de a��es de repress�o nesses locais. “� preciso investir mais na educa��o e refor�ar o policiamento nas fronteiras, para n�o deixar a coca�na entrar no pa�s”, diz.
Desespero
“O governo n�o est� dando a aten��o devida ao combate desse c�ncer terr�vel, chamado crack, que est� se alastrando e destruindo adolescentes e jovens nas pequenas cidades”, afirma o juiz Isa�as Caldeira Veloso, da Segunda Vara Criminal de Montes Claros, no Norte de Minas. “Quase todos os dias sou procurado por m�es desesperadas, que contam que sabem que os filhos viciados em crack v�o morrer por causa da droga, pelas m�os de traficantes ou no mundo do crime, pois roubam para sustentar o v�cio” , diz o magistrado.
Veloso lembra que a pedra da morte tamb�m invade a zona rural de munic�pios pobres do Norte de Minas, como Itacambira e Botumirim. “Acho que isso acontece porque a droga � mais barata. �s vezes, � mais f�cil comprar uma pedra de crack do que uma garrafa de cerveja”, observa o juiz.