
Na semana passada, funcion�rios da Funda��o Biodiversitas, do Instituto Chico Mendes de Conserva��o da Biodiversidade (ICMBio) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renov�veis (Ibama) estiveram na �rea particular onde Socorro vive, mas n�o conseguiram captur�-la. Parte da equipe passou duas noites no campo, para n�o perder o animal de vista e saber o local exato em que a macaca dormiria. Mas ela se assustou com a proximidade dos vigilantes e escapou. Nova expedi��o de captura ser� feita depois do carnaval.
O nome Socorro foi dado ao animal devido �s condi��es de sa�de em que ele se encontra: fraco e desnutrido. Ningu�m sabe ao certo como a primata chegou � �rea, mas especialistas j� descartaram a hip�tese de ela pertencer a um dos grupos existentes na regi�o. Na Reserva Particular do Patrim�nio Natural (RPPN) Feliciano Abreu Abdala, em Caratinga, no Vale do Rio Doce, h� cinco grupos, e na Mata do Sossego, �rea da Funda��o Biodiversitas em Simon�sia, h� apenas um. “Os exemplares do mesmo grupo t�m semelhan�as f�sicas que os especialistas conseguem perceber. E, no caso dela, isso n�o ocorre”, afirma o gerente de reserva da Mata do Sossego, Alexandre Enout.
Segundo a vizinhan�a, a muriqui teria sido largada na regi�o por um ca�ador quando era um beb�. A m�e teria sido morta pelo mesmo homem. Estima-se que ela tenha entre 6 e 8 anos. “A informa��o das origens n�o � precisa e a hist�ria do ca�ador � apenas suposi��o”, ressalta Enout. Ele acrescenta que as condi��es de sa�de s�o um fator que impede a reintegra��o � natureza e, por isso, depois de resgatada, ela ser� conduzida ao zool�gico de BH.
A proposta � levar Socorro para junto de Zidane, que est� no zool�gico, mas nunca foi exposto ao p�blico. De acordo com a assessoria de imprensa da Funda��o Zoobot�nica, o muriqui, resgatado depois de oito tentativas, n�o se adaptou � presen�a de muitas pessoas. Comportamento que pode mudar se tiver uma companhia. � pr�prio da esp�cie viver em conjunto, com afagos e prote��o. Quando e se Socorro for capturada, ela ir� para a �rea de quarentena, afastada de Zidane, e s� depois ser� feito um estudo de comportamento para saber se os dois poder�o ficar juntos ou n�o.
ESP�CIE
O muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus), considerado o maior primata das Am�ricas, est� amea�ado de extin��o na categoria “criticamente em perigo”, segundo a lista das esp�cies da fauna brasileira amea�adas de extin��o, publicada em 2003. Originalmente a distribui��o da esp�cie abrangia grande parte da mata atl�ntica do Sudeste do Brasil, desde o sul da Bahia at� o Paran�, mas o desmatamento contribuiu para a redu��o dr�stica da popula��o da esp�cie. Atualmente o primata est� restrito a pequenos e isolados fragmentos do bioma, o que coloca o muriqui em situa��o de risco, j� que a maior amea�a para a manuten��o de popula��es dessa esp�cie � a destrui��o da mata atl�ntica. Em Minas Gerais, a ocorr�ncia desses primatas foi confirmada em apenas 10 remanescentes de �reas de mata.
A Mata do Sossego est� localizada no mais extenso e preservado remanescente cont�nuo de mata atl�ntica entre os munic�pios de Simon�sia e Manhua�u (MG), a 324 quil�metros de Belo Horizonte. Atualmente a RPPN � um n�cleo que possibilita a amplia��o de estudos cient�ficos na �rea e o fortalecimento da participa��o regional e do incentivo a pr�ticas ambientalmente sustent�veis, visando a forma��o de um corredor ecol�gico entre as RPPNs Mata do Sossego, em Simon�sia (Zona da Mata), e Feliciano Miguel Abdala, em Caratinga (Vale do Rio Doce), um outro importante n�cleo de conserva��o do muriqui.
SAIBA MAIS
Monocarvoeiro
Nome popular: Muriqui-do-norte ou monocarvoeiro
Nome cient�fico: Brachyteles hypoxanthus
Caracter�sticas: � um primata de ocorr�ncia restrita � mata atl�ntica. � o maior primata do continente americano e o maior mam�fero end�mico ao territ�rio brasileiro. Os machos podem atingir at� 15 quilos. Estudos recentes de gen�tica e morfologia revelaram a exist�ncia de duas esp�cies distintas. A esp�cie que ocorre em Minas Gerais, Esp�rito Santo e Sul da Bahia � Brachyteles hypoxanthus, enquanto Brachyteles arachnoides � t�pica de S�o Paulo, Rio de Janeiro e parte do Paran�. O reconhecimento da exist�ncia de duas esp�cies diferentes traz como consequ�ncia um agravamento do status de conserva��o do muriqui, estando a esp�cie da por��o norte muito mais amea�ada. Estima-se que entre 700 e mil muriquis-do-norte vivam nos remanescentes florestais de Minas Gerais e Esp�rito Santo.
FONTE: Funda��o Biodiversitas