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Estado de Minas

Policiais contam como salvaram moradores no Cai�ara antes de desabamento

Quatro policiais militares e uma moradora do pr�dio na Rua Passa Quatro tiveram presen�a de esp�rito suficiente para impedir que mais pessoas perdessem a vida


postado em 03/01/2012 07:42

A soldado Sheyla, ao lado dos companheiros de PM, chorou ao lembrar o salvamento de 11 pessoas no prédio da Rua Passa Quatro(foto: Jair Amaral/EM DA Press)
A soldado Sheyla, ao lado dos companheiros de PM, chorou ao lembrar o salvamento de 11 pessoas no pr�dio da Rua Passa Quatro (foto: Jair Amaral/EM DA Press)
Retirar do colo da m�e assassinada seu beb� de um ano e tr�s meses tinha sido o momento mais emocionante da carreira da soldado Sheyla Cristina da Silva, de 28 anos. N�o lhe sa�a da mem�ria o beb� indefeso filho da comerciante Ana Carolina Assun��o, de 27, uma das cinco v�timas do man�aco de Contagem, Marcos Antunes Trigueiro, em 2009. A militar n�o imaginava, contudo, que menos de tr�s anos depois um fato ainda mais emocionante marcaria sua vida. A coragem a levou a se arriscar para salvar 11 pessoas que dormiam no pr�dio que desabou no Bairro Cai�ara, Regi�o Noroeste de Belo Horizonte. “Chorei quando o edif�cio come�ou a cair. Pensei que todo mundo ia morrer por causa do buraco que engolia a rua, do cheiro forte de g�s vazando e do fogo dos cabos el�tricos voando nos postes”, conta a policial.

A soldado, que tem seis anos de corpora��o, � um dos quatro policiais militares do 34º Batalh�o (Cai�ara) que, em um gesto her�ico, ajudaram 11 moradores a sair dos oito apartamentos do edif�cio de dois blocos na Rua Passa Quatro. Depois de patrulhar uma �rea pr�xima, por volta da meia-noite, a soldado Sheyla, o tenente Gustavo Martins Ribeiro de Carvalho, de 24, e os soldados Samuel dos Santos e Marcelo Silva dos Reis, ambos de 27, voltavam para o quartel quando viram a moradora Maria da Gl�ria aparecer de pijama na frente da viatura e pedir socorro.

“Ela estava desesperada. Dizia que estava ouvindo estalos no pr�dio e que ele iria cair. Pedia para ajudarmos a salvar o filho dela que estava dormindo em um dos apartamentos”, conta o tenente Gustavo. Ao ouvirem os ru�dos provocados pelo colapso dos pilares e lajes do edif�cio, o tenente ordenou que as luzes e sirenes fossem acionadas para chamar a aten��o dos demais moradores. “As pessoas iam abrindo as janelas para verem o que estava acontecendo e a gente mandava elas descerem r�pido, porque o pr�dio estava caindo”, contou o oficial, que tem seis anos de PM.

� medida que os moradores deixavam o edif�cio, os policiais aproveitavam para saber se havia mais algu�m no local. Uma pessoa contou que duas crian�as estavam trancadas no apartamento dos fundos, no segundo andar, e poderiam n�o ter ouvido os chamados dos policiais. “Crian�as n�o t�m for�a para arrombar uma porta. Pular da janela era imposs�vel, porque ela dava para um abismo. Quando soubemos que havia crian�as presas nossa atitude foi autom�tica: corremos para dentro do pr�dio e come�amos a chutar portas e arrombar apartamentos para ach�-las”, conta o tenente.

ARROMBAMENTO

Quatro portas foram arrombadas at� que os militares encontraram o apartamento onde as meninas estavam. “Elas ficaram muito assustadas quando os policiais bateram na porta. N�o sabiam o que estava acontecendo e por isso respondiam a eles que n�o podiam abrir porque estavam sozinhas”, conta o pai das duas, o professor J�nio L�cio Talini dos Santos, de 49. De acordo com ele, a porta da cozinha tinha sido deixada aberta para as filhas usarem se precisassem sair. J�nio disse que, naquela noite, estava num bar no Centro.

“As duas meninas estavam chorando apavoradas quando arrombamos a porta. Perguntaram se podiam levar um chinelo e eu disse que n�o. Falei para descerem com a gente descal�as mesmo porque o pr�dio estava caindo”, lembra o soldado Samuel, h� cinco anos na pol�cia. Os militares relataram que o bloco da direita desabou de uma vez 15 segundos ap�s sa�rem do edif�cio e chegarem ao meio da rua. Instantes depois o bloco da esquerda veio abaixo. “No calor do momento a gente nem se lembra de sentir medo. Fiquei feliz de ter ajudado essas pessoas, mas triste ao ver que tudo o que elas tinham foi soterrado”, disse o soldado Marcelo Silva, que tamb�m tem cinco anos de PM. “A ficha ainda n�o caiu direito. Mas cumprimos nosso dever. Fiquei emocionado depois, pensando no meu filho, de oito meses”, desabafou o soldado Samuel.

De acordo com o tenente-coronel Idzel Fagundes, comandante do 34º Batalh�o, onde os quatro militares s�o lotados, eles seriam cumprimentados pelo comandante da PM, coronel Renato Vieira. “Um processo de sindic�ncia, com entrevistas a testemunhas, vai ser aberto para apurar o desempenho dos policiais no salvamento. Deve levar cerca de 30 dias para sabermos se eles receber�o alguma condecora��o pelos feitos no cumprimento do dever. Podem at� ser promovidos de patente por bravura”, disse.

CHOQUE

Em estado de choque e sob efeito de medica��o, a pensionista Maria da Gl�ria Peixoto In�cio, que foi quem chamou os policiais, n�o teve condi��es de falar com a reportagem. Seu filho Saulo Peixoto In�cio, de 32 anos, mudou h� tr�s meses do pr�dio depois que se casou e agora � quem abriga a m�e e o irm�o, Glauco, de 31. “Perdemos carro, moto, geladeira nova, nossas roupas: tudo foi soterrado. Minha m�e s� conseguiu salvar o cachorrinho. Ela � uma pessoa corajosa que pensa primeiro em quem est� � sua volta do que nela mesma. � um exemplo para mim”, afirmou.


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