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Estado de Minas

Ouro Preto � considerada bomba-rel�gio

Deslizamento de morro provocado pela chuva causa morte e destrui��o na cidade, apesar do alerta de que a encosta apresentava alto risco de cair


postado em 04/01/2012 06:00 / atualizado em 04/01/2012 06:59

Parte da rodoviária da cidade foi destruída no desmoronamento(foto: PAULO FILGUEIRAS/EM/D.A PRESS)
Parte da rodovi�ria da cidade foi destru�da no desmoronamento (foto: PAULO FILGUEIRAS/EM/D.A PRESS)


O maior desastre geol�gico dos �ltimos 30 anos. Assim foi definido por especialistas o deslizamento que soterrou duas casas e parte do Terminal Rodovi�rio de Ouro Preto, na Regi�o Central, e deixou pelo menos uma pessoa morta na madrugada dessa ter�a-feira. Cerca de 30 mil metros c�bicos de cobertura do solo, vegeta��o e do material rochoso conhecido como itabirito deslizaram da encosta conhecida como Serra de Ouro Preto, causando destrui��o no Bairro S�o Francisco de Paula. Bombeiros retiraram o corpo do taxista Juliano Alves, de 28 anos, de dentro do t�xi, depois de 18 horas de trabalho nos escombros. Segundo um vigia que estava na rodovi�ria, havia outro taxista no local e por isso os trabalhos continuam. Mas, apesar do risco e de um mapeamento que alertava para o perigo de desmoronamento, nenhuma provid�ncia foi tomada no local para evitar a trag�dia. Minas tem 53 munic�pios em estado de emerg�ncia.

 

(foto: Soraia Piva)
(foto: Soraia Piva)

 

S�o cinco mortes no estado desde outubro, em decorr�ncia das chuvas, segundo a Defesa Civil estadual. Ontem, um homem foi arrastado pela correnteza em Guidoval, na Zona da Mata, e � considerado desaparecida. Em 11 de outubro, um motoboy morreu eletrocutado depois de um temporal em Belo Horizonte, mas a morte n�o consta do balan�o da Defesa Civil.

Segundo funcion�rios da empresa que presta servi�os de seguran�a � Prefeitura de Ouro Preto, o vigia viu o barranco descer e ficou em estado de choque. “Ele disse que viu os dois t�xis e ainda um carro na parte de cima, mas n�o sabe se esse ve�culo conseguiu sair antes do desastre”, afirmou o supervisor da empresa, Luciano Jesus. Os bombeiros trabalham com os relatos do vigilante para nortear o trabalho de remo��o dos escombros. “Como nos foi informado que pode haver outra v�tima, vamos continuar procurando, at� porque a pessoa ainda pode estar viva”, afirmou o comandante do 1º Batalh�o dos Bombeiros, tenente-coronel Ricardo Eug�nio.

O irm�o de Juliano, o pedreiro Jorge Alves Filho, de 30 anos, ficou muito abatido. Ele informou que morava com o taxista. “Ele tomou banho e saiu para o servi�o como sempre fazia. Por volta da meia-noite, foi pegar os passageiros que chegam do �ltimo �nibus que vem de BH”, informou.

O Sindicato dos Taxistas de Ouro Preto informou que o outro taxista � Denilson Maciel de Ara�jo Silva, de 25 anos. A namorada dele, Jana�na Carvalho, confirmou que o companheiro est� desaparecido, mas disse que ainda acredita que, caso esteja sob os escombros, seja resgatado com vida.

Mapeamento

Ouro Preto � uma “bomba-rel�gio” prop�cia a in�meros deslizamentos. E tanta amea�a tem uma causa bem definida: a topografia. � o que aponta o Mapa de Zoneamento de Riscos Geol�gico e Geot�cnico para �rea Urbana, do professor Romero C�sar Gomes, do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop). De acordo com o levantamento, 60% do solo urbano do munic�pio � inst�vel e tem risco que varia de m�dio a muito alto. O estudo, feito durante mais de cinco anos, foi apresentado � prefeitura em dezembro e teve como base o cadastro dos eventos ocorridos na cidade em decorr�ncia das chuvas. A encosta que desabou ontem sobre a rodovi�ria estava na lista das regi�es de alto risco, que incluem bairros como S�o Crist�v�o e Taquaral.

“Essa � uma �rea de risco bem caracter�stica e se estende desde a sa�da de Ouro Preto, na Pra�a Tiradentes, at� a Rua Padre Rolim, via de acesso a BH. A cidade tem grande concentra��o de problemas, pois � um vale encaixado entre duas serras. Todos os bairros t�m �rea de risco e a maior delas � a serra onde ocorreu o deslizamento”, informou Gomes. “O risco � gerado quando h� ocupa��o inadequada numa �rea j� prop�cia. Numa �rea com problemas, como a Serra de Ouro Preto, qualquer corte no terreno � desfavor�vel � estabilidade”, completou.

Romero Gomes espera que o mapeamento seja usado pelo poder p�blico para provid�ncias. “Deve-se buscar uma solu��o definitiva para o problema da ocupa��o da serra. O ideal seria a retirada em massa das pessoas na �poca de chuva, mas como isso � invi�vel, ter� de ser feito um planejamento a m�dio e longo prazo”, ressaltou.

“O que nos causou espanto foi o volume de material que desceu. Mas com o volume de chuva em dezembro, que continua neste m�s, era previsto que alguma coisa pudesse acontecer nessa parte da Serra de Ouro Preto”, afirmou Romero. Ainda segundo o especialista, a rocha na serra � composta por itabirito, totalmente perme�vel, e filito, que � imperme�vel. “A parte do itabirito, a cobertura do solo e a vegeta��o escorregaram por cima do fluxo de �gua que se formou sobre o filito", conclui.

Prefeitura

Segundo o secret�rio municipal de Patrim�nio e Desenvolvimento Urbano, Gabriel Gobbi, a trag�dia foi uma surpresa, at� porque o temor era em rela��o a outra �rea, situada perto da encosta que desabou, entre a rodovi�ria e a antiga Santa Casa. “Embora n�o fosse previs�vel, era poss�vel, mas n�o esper�vamos um volume desse”, disse. O secret�rio reiterou que n�o h� como fazer interven��es a curto prazo.

“S�o �reas extensas, de topografia muito acentuada, enormes maci�os de terra, vegetadas e �ngremes, e isso demanda estudo e planejamento mais cuidadoso, n�o d� para p�r uma lona, por exemplo”, resumiu. A primeira solu��o, segundo Gobbi, � impedir a ocupa��o ou estimular a desocupa��o de �reas. Ge�logos tamb�m est�o de prontid�o para, assim que o tempo estiar, avaliar os locais de maior risco para isolar a �rea. “O que podemos fazer � isso. N�o � poss�vel obras agora”, afirmou.

O prefeito �ngelo Oswaldo (PMDB) disse que 80% da �rea da cidade � considerada de risco e por isso � imposs�vel fazer mudan�as que, segundo ele, inviabilizariam Ouro Preto. “Nossa equipe monitora esse locais frequentemente e no caso deste deslizamento n�o havia ind�cios de que poderia cair a qualquer momento. N�o posso mudar a rodovi�ria, porque n�o tenho lugar para isso e nossa cidade n�o pode parar. Somos uma est�ncia tur�stica e essas mudan�as s� s�o vi�veis quando detectamos que vai cair. Em virtude dos problemas, j� retiramos 19 fam�lias no Bairro S�o Francisco de Paula por conta de novos deslizamentos”, informou.

 

 


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