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Estado de Minas

Cerca de 6 mil constru��es est�o em perigo na capital mineira

Defesa Civil notificou respons�veis por 60% das 10 mil edifica��es vistoriadas em 2011 a fazer manuten��o imediata, para evitar acidentes. Chuva agravou problemas


postado em 05/01/2012 06:00 / atualizado em 05/01/2012 06:59

 

 No Caiçara, moradores do prédio que desabou e causou a morte de uma pessoa receberam três notificações para reforma urgente. Falta de manutenção pode resultar em desastres(foto: PAULO FILGUEIRAS/EM/D.A PRESS)
No Cai�ara, moradores do pr�dio que desabou e causou a morte de uma pessoa receberam tr�s notifica��es para reforma urgente. Falta de manuten��o pode resultar em desastres (foto: PAULO FILGUEIRAS/EM/D.A PRESS)

 

Uma cidade em alerta. Das cerca de 10 mil vistorias realizadas pela Defesa Civil no ano passado em BH, 60% resultam em notifica��o por apresentar algum tipo de risco, do mais simples ao grave, grande parte piorada pela chuva dos �ltimos dias. Mas todos t�m necessidade de interven��o imediata. Esse n�mero se refere � “cidade formal”, ou seja, s�o im�veis em loteamento legal, da periferia � Zona Sul da capital. � o mesmo aviso recebido pelos moradores do condom�nio do n�mero 525 da Rua Passa Quatro, no Bairro Cai�ara, Regi�o Noroeste de BH, que desabou na segunda-feira e causou a morte de um homem de 40 anos. Ele est� entre os oito mortos em decorr�ncia da chuva em Minas desde outubro, segundo a Defesa Civil. No interior do estado, que continua com muitas enchentes, s�o 66 munic�pios em situa��o de emerg�ncia e dois em situa��o de calamidade.

“As notifica��es em BH s�o relacionadas � preven��o de desastres, desde problemas muito simples, at� aqueles que levaram � trag�dia do Cai�ara”, informou Alexandre Lucas Alves, coordenador da Defesa Civil de Belo Horizonte. Na segunda-feira, o pr�dio de dois andares e oito apartamentos sustentado por um “paliteiro” em �rea de forte declividade, desabou e soterrou duas pessoas. O corretor de im�veis Janilson Aparecido Moraes, de 40 anos, morreu. Outras 11 pessoas conseguiram deixar os dois pr�dios momentos antes de a estrutura ruir.

“� muito importante que as pessoas que recebem notifica��es atendam as orienta��es da Defesa Civil. � fundamental providenciar as interven��es o quanto antes”, disse Alves. Ele destacou que, mesmo que o �rg�o n�o seja “provocado”, moradores devem contratar engenheiro capacitado para avaliar a situa��o do empreendimento. “H� problemas que podem n�o ser identificados aparentemente pelo morador. Da� a import�ncia de contratar um profissional e fazer manuten��es frequentes”, afirmou Alves.

A trag�dia do Cai�ara ocorreu depois de os moradores receberem tr�s notifica��es, sendo a �ltima “urgent�ssima”. Um engenheiro chegou a ser contratado pelo condom�nio, que teria feito or�amento de pelo meno R$ 300 mil para reformar o empreendimento. Nada foi feito. A falta de recursos para as interven��es necess�rias � um dilema conhecido. “Muitos n�o fazem a manuten��o e, quando chega ao ponto de ter um problema, o custo para solucion�-lo � alto. Por isso, inspe��es prediais devem ocorrer a cada dois anos”, disse o engenheiro civil Frederico Correia Lima Coelho, presidente do Instituto Brasileiro de Avalia��es e Per�cias de Engenharia de Minas Gerais (Ibape-MG).

Engenheiro civil Frederico Coelho mostra ferragens expostas em prédio no Bairro Santa Lúcia. Segundo ele, a chuva causa ferrugem e infiltrações que comprometem a estrutura.(foto: Beto Magalhães/EM/D.A PRESS)
Engenheiro civil Frederico Coelho mostra ferragens expostas em pr�dio no Bairro Santa L�cia. Segundo ele, a chuva causa ferrugem e infiltra��es que comprometem a estrutura. (foto: Beto Magalh�es/EM/D.A PRESS)
O coordenador da Defesa Civil aponta que os principais motivos que resultam nas notifica��es s�o problemas estruturais, infiltra��es de encanamento e esgoto, defici�ncia do sistema de drenagem interna e de �gua pluvial, falhas construtivas e falta de manuten��o. Se n�o h� risco de desastre, o �rg�o municipal entrega a orienta��o sobre o que � aconselh�vel fazer. As den�ncias que levam a Defesa Civil a um im�vel v�m dos pr�prios moradores, Pol�cia Militar, Corpo de Bombeiros e vizinhos. � o caso de um grupo de moradores de um edif�cio da Rua Planet�ides, no Santa L�cia, Regi�o Centro-Sul.

Chuvas em Belo Horizonte

A subs�ndica Vilma Carmargos fez abaixo-assinado entre os moradores do pr�dio e o encaminhou ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-MG) e � Prefeitura de Belo Horizonte, que repassou a demanda para a Defesa Civil. O que os preocupa � a constru��o, justamente no per�odo das chuvas, de um pr�dio com previs�o de 12 andares em terreno de forma��o geol�gica de risco (filito). Parte da encosta do terreno j� cedeu e amea�a as constru��es vizinhas.

“Nosso pr�dio, al�m das funda��es para receber as cargas verticais, teve de ser contido com dispositivos denominados cortinas atirantadas que funcionam bem h� mais de 20 anos e cujo custo superou o or�amento da constru��o do edif�cio”, conta a moradora. Ela reclama que o propriet�rio do terreno e a construtora nunca concordaram em encontr�-los. “Nem colocaram placa informativa de constru��o do empreendimento no local, o que � uma obriga��o legal”, reclama V�nia Camargos.

Alerta

O presidente do Ibape-MG apontou ao Estado de Minas problemas vis�veis em edif�cios, que podem servir de alerta aos moradores, uma vez que n�o s�o t�o complexos de serem identificados: degrada��o do concreto, com exposi��o do a�o; trincas na estrutura; infiltra��es; falta de bueiros (boca de lobo) na rua; canaliza��o para escoamento da �gua de chuva.

“Quando me mudei, h� tr�s anos, n�o observei as condi��es do pr�dio. Hoje, depois de todos os desastres, me preocupo mais. Minha pr�xima compra ser� mais consciente”, afirma a educadora Roberta Aranha, moradora do Bairro Buritis (Regi�o Oeste), que apresenta problemas a serem corrigidos, como colapso de concreto e ferragens expostas, de acordo com o engenheiro civil. “Chamamos a Defesa Civil e vamos fazer adapta��es no jardim, respons�vel pela infiltra��o da �gua nas paredes da garagem”, completa a vizinha Francely Lara.


A Secretaria Municipal de Regula��o Urbana informou que at� novembro de 2011, em constru��es aprovadas pela prefeitura, foram feitas 3.082 vistorias, emitidas 556 notifica��es, 60 autos de infra��o e 34 autos de embargo. No que se refere a constru��es irregulares foram 8.074 vistorias, 2.817 notifica��es, 696 autos de infra��o e 719 autos de embargo.

Casas amea�adas onde pr�dio desabou

O asfalto da Rua Passa Quatro, no Cai�ara, tamb�m corre risco de ceder, levando as quatro casas j� interditadas pela Coordenadoria Municipal de Defesa Civil. O trecho foi isolado nessa quarta-feira com tapumes e est� sob vigil�ncia da Guarda Municipal e da Pol�cia Militar, na tentativa de inibir o acesso de populares e curiosos aos escombros. Nos �ltimos dias, os moradores do Cai�ara est�o visitando o local seja por curiosidade, seja para identificar a origem do estrondo ouvido a quatro quarteir�es da Passa Quatro, seja para prestar solidariedade aos moradores do pr�dio em ru�nas que perderam tudo. “Onde posso entregar doa��es de roupas?”, perguntava a dona de casa Alessandra Campos, de 40 anos, sendo informada de que o material estava sendo recebido na Igreja Nossa Senhora da Boa Esperan�a.

Ainda n�o existe previs�o da Defesa Civil para liberar a passagem dos moradores do pr�dio desabado at� o local da trag�dia, para que possam tentar salvar documentos, pertences ou fotografias enterrados sob toneladas de escombros. (Colaborou Sandra Kiefer)

Palavra de especialista

M�rcio Baptista
Professor do Departamento de Engenharia Hidr�ulica e Recursos H�dricos da UFMG

Papel do governo e do cidad�o

“Evitar desastres � papel do poder p�blico combinado com a iniciativa do cidad�o. A manuten��o preventiva � de responsabilidade do edif�cio. E, diante de qualquer suspeita de risco � seguran�a, qualquer pessoa pode chamar a Defesa Civil para uma vistoria. Caso receba uma notifica��o, deve tomar as provid�ncias indicadas de imediato. A Defesa Civil j� tem um volume enorme de trabalho e, por isso, a a��o a partir da demanda da popula��o � mais eficaz do que esperar pela fiscaliza��o. O morador tem de ficar atento, principalmente se morar em �reas de risco, o que n�o � dif�cil em raz�o da geologia e da topografia de Belo Horizonte. Ele pode ter acesso ao mapa de risco da cidade e � planta do edif�cio para saber exatamente qual � a condi��o de onde mora. A avalia��o de um t�cnico tamb�m � importante.”


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