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Estado de Minas UM PEDA�O DO HAITI QUE O MINISTRO N�O QUIS VER

Guidoval, na Zona da Mata, recebe ajuda humanit�ria

Devasta��o causada por enchentes impressiona militares que socorreram v�timas de terremoto no pa�s da Am�rica Central


postado em 07/01/2012 06:00 / atualizado em 20/01/2015 10:15

Município foi destruído por tsunami de lama provocado pelo transbordamento do Rio Xopotó na segunda-feira. A preocupação agora é garantir assistência a milhares de moradores que perderam tudo(foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)
Munic�pio foi destru�do por tsunami de lama provocado pelo transbordamento do Rio Xopot� na segunda-feira. A preocupa��o agora � garantir assist�ncia a milhares de moradores que perderam tudo (foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)


Militares improvisam ponte no município(foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)
Militares improvisam ponte no munic�pio (foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)
Para homens do Ex�rcito com experi�ncia em miss�es humanit�rias internacionais, que chegaram ontem para socorrer Guidoval, na Zona da Mata, a situa��o no munic�pio parece um “peda�o do Haiti” – pa�s da Am�rica Central arrasado em janeiro de 2010 por um terremoto que matou cerca de 300 mil pessoas e deixou 3 milh�es de desabrigados. Na ocasi�o, a capital, Porto Pr�ncipe, teve 80% de sua �rea destru�da. Com a libera��o nas �ltimas 48 horas de estradas vicinais pelos munic�pios de Visconde do Rio Branco e Rodeiro, jipes e caminh�es carregados de ajuda n�o param de chegar � cidade destru�da pelas �guas do Rio Xopot�, que subiu 15 metros, causando verdadeiro tsunami de lama na cidade.

Pelo caminho de dif�cil acesso pela zona rural de Rodeiro – cerca de 15 quil�metros de barro –, a destrui��o impressiona os mais experientes agentes da Defesa Civil. S�o ranchos e casinhas simples em destro�os, com cercas de arame farpado envergadas e troncos de �rvores ca�dos. Imagina-se ao longo de todo o percurso a for�a da enchente de segunda-feira, que matou Jo�o Paulo Coelho, de 82 anos, afogado dentro de casa. Da estradinha, mal se v� a casa da v�tima escondida pelo enorme bambuzal tombado.

 

Reconstrução da cidade é o grande drama da população, que nem sabe por onde recomeçar(foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)
Reconstru��o da cidade � o grande drama da popula��o, que nem sabe por onde recome�ar (foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)

 

Vencido o barro da estradinha, o cen�rio n�o � menos assustador. Caminh�es e �nibus virados, com as latarias em peda�os. Tijolos de casas, muros e cal�amentos revirados d�o trabalho � popula��o, que abre caminho para autom�veis vindos das vicinais. Vindas da mina do falecido Landico Leratti, lend�rio fazendeiro da regi�o, quatro meninas seguem para o que sobrou de suas casas. Natasha Pereira, de 11, Daiane dos Anjos, de 13, Mirela Aparecida, de 9, e Daniela Pereira, de 8, levam �gua para toda a fam�lia, que, mesmo em �rea pouco afetada, tenta retomar a rotina. O aposentado Luiz Ant�nio da Silva, de 54, confirma que n�o h� em Guidoval uma s� pessoa que n�o tenha sido afetada, direta ou indiretamente, pela inunda��o.

Duas mulheres vindas de lugarejos mais pobres, da parte alta de Guidoval, reviram destro�os num canto de rua desfeita. Buscam qualquer coisa que possa ser reaproveitada: “At� um peda�o de pano serve”, diz a dona de casa Elzira da Concei��o Almeida, de 53, moradora do Bairro Padre Bai�o.

 A outra, Erotildes dos Santos, de 54, diab�tica e com problemas no cora��o, m�e de cinco filhos, conta que h� muita gente de poucos recursos trabalhadora que vivia de “bicos” em Guidoval.Para a mulher magra, de apar�ncia muito sofrida, a cat�strofe de segunda-feira vai piorar ainda mais a situa��o de quem j� vivia com muito pouco e, agora, sem “patr�es” para quem prestar servi�os. Elzira e Erotildes contam que, assim como elas, muitas outras pessoas pobres est�o pelas ruas a catar restos por temer tempos ainda mais do�dos. O que se confirma em outros pontos da �rea central.

“Mo�o, o senhor mexe com cesta b�sica?”, quis saber a negra bonita de roupas sujas. � Menilda Furtado Costa, de 25, embaladeira, que n�o sabe se ainda est� empregada. O que sabe ao certo � que n�o tem mais um centavo no bolso e nada na casa alugada de n�mero 623 na Avenida Trajano. Vestida de short jeans e camiseta surrada, mostra pequeno amontoado de dois metros quadrados com tudo que lhe pertencia, resultado de ano trabalhado em f�brica de m�veis. Em casa, com um fog�o de resto, nem um gr�o de arroz. “Minha maior preocupa��o � com a minha m�e, que dependia da minha ajuda para viver”, diz, com os olhos grandes alagados. Em cada canto, por todos os lados, h� dramas intermin�veis.

 Represa causa medo

Na Pra�a Augusto Mendes, em Dona Euz�bia, cidade-irm� de Guidoval, cerca de 500 pessoas se agruparam, ontem, em reuni�o de emerg�ncia com o Corpo de Bombeiros e com a Defesa Civil. O aviso � para que todos os moradores � beira do Rio Pomba fiquem longe de suas casas. O clima � de muita tens�o com o risco de rompimento do a�ude da antiga usina de a��car de Astolfo Dutra, munic�pio vizinho. Uma for�a-tarefa est� trabalhando para o esvaziamento da represa que, se romper, vai pesar o equivalente a nove trombas d’�gua no Rio Pomba e, por consequ�ncia, arrasar Dona Euz�bia. A previs�o, segundo a Pol�cia Militar, � de que o trabalho de urg�ncia acabe at� amanh�. O munic�pio de seis mil habitantes, que, em 2008, se viu ao avesso com enchente, tem 993 desabrigados.

“Faz favor, senhor. Entre na minha casa. Veja isso...”, mostra Gilmar da Silva Machado, de 53, desolado com o que restou do patrim�nio da fam�lia. A m�e do morador de im�vel � beira do Rio Pomba, dona Maria das Dores, de 79, sentada numa escadinha de ferro, come quentinha chegada h� pouco pelas m�os de gente solid�ria. O pai, Manoel Machado, de 83, com Alzheimer, assiste a cena com olhar profundo. Gilmar est� seguro de que, apesar do aumento da chuva nos �ltimos anos, n�o s�o as �guas as �nicas respons�veis pela situa��o em que se encontra Dona Euz�bia. Para ele a Defesa Civil precisa acompanhar de perto o que est� ocorrendo com as empresas que seguram as �guas da parte alta da regi�o. “Isso � muito grave. � muita gente que est� correndo s�rios riscos aqui na nossa cidade”. O desabrigado afirma que pequenas barragens na regi�o est�o contribuindo com as cheias dos rios Xopot� e Pombal.


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