
Depois dos estragos deixados por mais de 10 mil pessoas na Pra�a da Liberdade, na Regi�o Centro-Sul da capital, domingo, durante show da banda carioca Monobloco, representantes do Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha-MG), da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e da Empresa Municipal de Turismo (Belotur) se re�nem hoje para discutir o uso de espa�os p�blicos para eventos na cidade. A expectativa � de que do encontro saia uma defini��o sobre os limites para programa��es culturais na pra�a tombada e em outros locais p�blicos da cidade.
Na noite de ontem a Pra�a da Liberdade abrigou a “estreia ant�logica, espetacular e alucicrazy”, como descreve an�ncio de convoca��o, do bloco Chama o S�ndico, em homenagem aos cantores Tim Maia e Jorge Ben Jor. Os foli�es se concentraram no local �s 18h e duas horas depois sa�ram em dire��o ao Viaduto Santa Tereza.
Sem licen�a
Nessa quarta-feira, o prefeito Marcio Lacerda (PSB) sinalizou que as regras podem sofrer modifica��es. “Estamos trabalhando em duas vertentes: o processo de licenciamento precisa ser atualizado, inclusive em termos de legisla��o. Teremos uma central para agilizar processos pela internet. A outra vertente de trabalho � escolher em toda a cidade as �reas para eventos e fazer uma regulamenta��o de uso bastante detalhada, tal como fizemos na Pra�a da Esta��o. J� estamos com cerca de 80% do trabalho feito”, disse, depois de visita ao Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Autor de Ato Infracional (CIA).
O Ipeha, �rg�o respons�vel pelo tombamento da Pra�a da Liberdade, havia recomendado � PBH que impedisse o evento no local, j� que somente a administra��o municipal poderia determinar a suspens�o das festividades. Depois do estrago do fim de semana, o prefeito concorda com o veto do Iepha. “Se n�o houver disciplina, o ambiente ser� destru�do como estava ocorrendo com a Pra�a da Esta��o. Qualquer grupo de teatro ou de m�sica pode se juntar e fazer uma apresenta��o p�blica com instrumentos, desde que n�o prejudique a circula��o das pessoas. Os grandes eventos precisam de um disciplinamento mais r�gido”, afirmou.
O diretor da Sleep Walkers, Henrique Torres Chaves, rebateu a informa��o da prefeitura, dizendo que durante a reuni�o da Comiss�o de Monitoramento da Viol�ncia em Eventos Esportivos e Culturais (Comovec) deixou claro para todas as autoridades que a atra��o principal seria o Monobloco. Ele disse que a empresa vai arcar com todos os reparos necess�rios e avaliou como positivo o evento, uma vez que foram registradas “pouqu�ssimas ocorr�ncias policiais e os danos s�o facilmente recuperados”.
A cidade est� despreparada
Guilherme Paranaiba e Valquiria Lopes
A recomenda��o feita pelo Iepha para suspender eventos na Pra�a da Liberdade e o resultado catastr�fico do show de domingo no espa�o revelam um desafio para a administra��o municipal: a falta de locais para grandes shows e espet�culos. A depreda��o durante apresenta��o da banda carioca Monobloco em uma das �reas mais nobres da capital n�o � um fato isolado. Outros eventos no ano passado, como o Saint Patrick’s Day na Savassi e o Red Bull Racing na Pra�a do Papa, deram mostras de como a cidade est� despreparada para festas que re�nem multid�es. A situa��o parece ser ainda mais grave diante da proximidade da Copa das Confedera��es e da Copa do Mundo.
Ainda assim, a prefeitura n�o esbo�a um planejamento para cria��o de espa�os culturais que possam receber eventos de grande porte e tamb�m aliar divers�o com seguran�a, prote��o ao patrim�nio, fluidez no tr�nsito e respeito � Lei do Sil�ncio. A falta desses espa�os � reconhecida inclusive pelo presidente da Belotur, Fernando Rios. “Realmente faltam espa�os para eventos em Belo Horizonte. Locais com capacidade para 100 mil pessoas, por exemplo, n�o existem e n�o ser�o encontrados na cidade", afirma.
Ainda segundo ele, a busca por espa�os culturais est� entre as prioridades da PBH. "O prefeito Marcio Lacerda (PSB) est� procurando espa�os para receber grandes eventos e j� tem pelo menos dois em mente", afirmou, sem dar mais detalhes.
Para especialistas, a sa�da est� numa solu��o metropolitana. “Existem poucos espa�os na cidade para eventos e estes, assim como o Expominas, est�o sempre em uso e lotados. N�o d� mais para pensar Belo Horizonte sem considerar �reas em seu entorno, como espa�os em Santa Luzia e Nova Lima”, afirma a conselheira do Instituto de Arquitetos do Brasil em Minas Gerais (IAB-MG) arquiteta Cl�udia Pires.