De um lado, quem n�o tem ingresso para a celebra��o de Saint Patrick's Day, s�bado, no estacionamento do Parque das Mangabeiras, na Regi�o Centro-Sul da capital, e planeja se aproximar da �rea fechada para pelo menos ouvir as atra��es musicais e tomar um chope. Do outro, a Pol�cia Militar (PM) fazendo um apelo para que essas pessoas n�o compare�am ao local da festa, para evitar tumultos e aglomera��es. Faltando dois dias para a comemora��o, esta � a mais nova discuss�o envolvendo a festa em homenagem ao padroeiro da Irlanda, cercada de questionamentos desde que sua realiza��o foi confirmada.
De acordo com a PM, que fez o pedido nesta quarta-feira em entrevista coletiva para anunciar estrat�gias para regularizar festas espont�neas convocadas por meio de redes sociais, os chamados flash mobs, s� as 7 mil pessoas que t�m ingresso ter�o acesso � �rea fechada que est� sendo montada na �rea reservada ao evento. O apelo � uma tentativa de evitar problemas como os ocorridos na Savassi no ano passado, quando cerca de 35 mil pessoas foram � celebra��o e causaram confus�o e problemas no tr�nsito.
Resta saber se a atitude da PM vai surtir efeito, pois os promotores do evento est�o fazendo uma grande divulga��o e exaltando a qualidade dos artistas que se apresentar�o no Saint Patrick's Day, o que vai aumentar o interesse do p�blico.
Ser�o montados tr�s palcos no estacionamento do parque, para a apresenta��o de 11 bandas e sete Djs. A exemplo do p�blico sem ingresso, vendedores ambulantes tamb�m n�o ser�o benvindos nas proximidades do Parque dos Mangabeiras. Segundo os promotores da festa, "ser� proibida a venda de bebidas alco�licas no entorno".
Al�m da solicita��o da PM, h� mais um mal entendido relacionado � festa. Duas fontes da PBH informaram ontem ao Estado de Minas que a autoriza��o para o evento poderia ser cancelada se o Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan) n�o concordasse com a festa no entorno da Serra do Curral, tombada em 1960. Mas n�o � compet�ncia do �rg�o autorizar esse tipo de festa, como informou Leonardo Barros, superintendente regional do Iphan em Minas Gerais.
Ele esclareceu que o tombamento da Serra do Curral n�o contempla impedir festas na �rea. Entretanto, a concord�ncia do Iphan faz parte das exig�ncias que o Minist�rio P�blico (MP) de Minas Gerais apresentou � prefeitura. Provocado pela Associa��o dos Moradores do Bairro Mangabeiras, que queriam impedir a festa, o MP deu aval ao evento, mas enviou documento � PBH pedindo parecer favor�vel � realiza��o da celebra��o do Iphan, Pol�cia Militar, BHTrans e Corpo de Bombeiros. Na correspond�ncia, � dado prazo at� hoje para a obten��o desses pareceres.
Como o Iphan n�o havia se manifestado at� ontem, os representantes da administra��o municipal ouvidos pelo jornal avaliaram que a falta de comunica��o seria uma recusa e que, neste caso, “por se tratar de um �rg�o federal”, a festa n�o poderia ser feita no local escolhido pelos organizadores.
AN�LISE DA NOT�CIA
Escolha equivocada
O apelo da PM para que as pessoas que n�o t�m ingresso n�o compare�am ao estacionamento do Parque das Mangabeiras s�bado comprova que os moradores do entorno da �rea verde tinham raz�o ao protestar contra a realiza��o da festa de Saint Patrick's Day no local e que a PBH cometeu um grande equ�voco ao autorizar o evento na regi�o. Se a �rea n�o comporta grandes p�blicos e a pol�cia teme tumultos, o correto seria a transfer�ncia da celebra��o para outro lugar. Ainda est� viva na mem�ria dos belo-horizontinos os problemas que a festa causou ano passado na Savassi. Cercear o direito de ir e vir da popula��o, mesmo que em forma de apelo, para tentar evitar a repeti��o dos transtornos, n�o � a solu��o.
Vigil�ncia nas redes sociais
Os flash mobs, festas espont�neas convocadas pelas redes sociais, v�o ter um controle r�gido em Belo Horizonte para prote��o das crian�as e dos adolescentes. Pelo menos este � o objetivo da Pol�cia Militar de Minas Gerais, conforme anunciou ontem o comandante do Policiamento da Capital, coronel Rog�rio Andrade. Depois de uma reuni�o na sede da 1ª Regi�o Integrada de Seguran�a P�blica (Risp), com a participa��o de representantes das for�as estaduais de seguran�a, o militar confirmou a elabora��o de estrat�gias para enquadrar as manifesta��es espont�neas organizadas na internet.
O pr�ximo passo nesse sentido ser� um encontro dos militares com representantes de movimentos estudantis, grupos de jovens e promotores culturais. A ideia � orientar esse p�blico a fazer uma festa de rua “de maneira correta e segura”, esclareceu o comandante, acrescentando que o intuito n�o � proibir, mas advertir que os limites da lei devem ser respeitados. “H� que se ressaltar que existem regras que precisam ser seguidas, como o direto do cidad�o de ir e vir e a Lei do Sil�ncio”, disse o oficial.
A reuni�o deve ocorrer semana que vem, com os jovens sendo informados a respeito da legisla��o para a comercializa��o de bebidas alco�licas e puni��es em casos de descumprimento das leis. O delegado Roberto Soares de Souza disse que a Pol�cia Civil vai acompanhar de perto as festas marcadas via internet. “A lei permite mobiliza��es populares, desde que n�o haja exageros. Neste sentido vamos atuar de maneira rigorosa para evitar infra��es como uso e vendas de drogas, consumo de bebidas alco�licas por menores, atos obscenos e os danos causados ao patrim�nio p�blico e ao meio ambiente”, destacou.
TR�S PROBLEMAS
Neste ano, tr�s eventos marcados pela internet mobilizaram as for�as policiais. Em 10 de fevereiro, a Cobre Folia, marcada para a Rua Cobre, em frente � Fumec, no Bairro Cruzeiro, foi proibida. A PM ocupou preventivamente o local e a festa n�o ocorreu.
O segundo foi o Cidade Love, no Bairro Cidade Nova, Regi�o Nordeste, em 4 de mar�o, e deixou um rastro de vandalismo. Cerca de 10 mil pessoas convocadas para uma festa p�s carnaval causaram destrui��o e foram dispersadas pela PM.
A festa p�s carnaval Vou passar a noite com elas, marcada para s�bado passado na Pra�a do Papa, foi proibida e n�o ocorreu. A PM ocupou o espa�o onde aconteceria o evento e impediu a folia. Com o bloqueio, jovens se dirigiram ao Bairro Cidade Nova, mas foram dispersados pela PM e pelo Juizado da Inf�ncia e Juventude.