
O Laborat�rio de Ci�ncia e Tecnologia de Pol�meros do Departamento de Engenharia Qu�mica da UFMG analisou 25 sacolas ecol�gicas recolhidas aleatoriamente em estabelecimentos de BH. Com a inscri��o que comprova atendimento �s normas da Associa��o Brasileira de Normas T�cnicas (ABNT) impressa nas sacolas, a expectativa era de encontrar amido de milho, batata ou mandioca na composi��o das amostras. Mas o resultado foi bem diferente. “N�o encontramos nenhuma sacola que n�o fosse � base do polietileno (pol�mero usado na fabrica��o de embalagens de pl�stico). E aquelas que se intitulam oxibiodegrad�veis, com um aditivo que acelera sua decomposi��o, cont�m ainda metais pesados”, afirma o coordenador do laborat�rio, o professor Roberto Fernando de Souza Freitas.
E o que ganha o meio ambiente? “Nada, estamos recebendo sacolas fraudadas. � preciso que �rg�os de defesa e fiscaliza��o solicitem an�lises a laborat�rios credenciados”, afirma o professor, que contesta a Lei das Sacolas Ecol�gicas. “A efic�cia passa tamb�m por uma destina��o correta do material biodegrad�vel, que tem que passar por um processo de compostagem. Em vez de substituir as sacolas, � necess�rio educar as pessoas e criar estruturas p�blico-privadas para descartar corretamente os pl�sticos, seja a sacolinha ou o computador. Da mesma forma que o pl�stico tem a propriedade de durar 500 anos, ele tamb�m pode ser reciclado por 500 anos e atender a seis gera��es”, ressalta.
Defensor da substitui��o dos modelos � base de petr�leo, o professor de qu�mica do Centro Universit�rio Newton Paiva Luciano Faria, em estudo com 60 sacolas feito com espectrofot�metro de infravermelho, aparelho usado na identifica��o de pol�meros, obteve a mesma constata��o da UFMG. “Os espectros entre as sacolas convencionais e as biodegrad�veis s�o id�nticos”, afirma. Ele cobra fiscaliza��o para o cumprimento de uma legisla��o que considera importante, j� que a olho nu n�o � poss�vel identificar diferen�as marcantes entre os modelos. “Sacolas convencionais, al�m de demorar 400 anos para se decompor, influenciam na decomposi��o dos materiais que est�o dentro dela. Se caem nos cursos d’�gua, trazem preju�zos para a fauna e a flora”, afirma.
An�lises
O estudante do 5º per�odo de engenharia ambiental da Newton Warlen Librelon foi ainda mais longe. Desde setembro, est� analisando 15 sacolas pl�sticas e j� adianta: a decomposi��o est� longe de ocorrer. A pesquisa est� sendo desenvolvida em cinco ambientes – �gua tratada pela Copasa, �gua da Lagoa da Pampulha, debaixo da terra, sobre a terra e ao ar livre. Em cada um deles foram deixadas tr�s amostras diferentes. “Desde o in�cio do trabalho, a diferen�a � quase impercept�vel”, destaca.
O prazo j� ultrapassou os seis meses em que, de acordo com a legisla��o de Belo Horizonte, deveria haver a decomposi��o dos sacos biodegrad�veis, mas o universit�rio est� considerando o per�odo de 18 meses defendido pelos fabricantes para a conclus�o do processo. “O pr�ximo passo � a avalia��o microbiol�gica para verificar quais mecanismos est�o se manifestando. Vamos aguardar mais tempo para ver se elas v�o se decompor e em quanto tempo isso ocorrer�”, diz.
As irregularidades relacionadas � composi��o das sacolas biodegrad�veis podem ser explicadas pela dificuldade de se obter a mat�ria-prima no pa�s. “A produ��o do material biodegrad�vel ocorre apenas na Alemanha, que fornece para o Brasil uma cota de 100 toneladas por dia. Isso equivale ao consumo da cidade de S�o Paulo em dois dias”, afirma o presidente da Associa��o Brasileira da Ind�stria de Embalagens Pl�sticas Flex�veis (Abief), Alfredo Schimitt. De acordo com a Secretaria Municipal Adjunta de Fiscaliza��o (Smafis), est� em estudo a possibilidade de um conv�nio com a UFMG para viabilizar os testes das sacolas.