
Somente nos 1 mil supermercados da capital, o volume de sacolas pl�sticas usadas caiu 97% desde que come�ou a valer o Decreto 14.367, de 12 de abril de 2011, que regulamentou a “Lei das Sacolinhas”. O levantamento � da Associa��o Mineira de Supermercados (Amis), e aponta que o consumo passou de 460 mil unidades por dia para 15 mil. O setor, o maior comprador desse produto, comemora os resultados da lei. Antes, os estabelecimentos forneciam a embalagem e, com isso, gastavam entre R$ 3,3 milh�es e R$ 8,3 milh�es por ano. Agora, o custo das sacolas pl�sticas dispon�veis fica a cargo do cliente, que paga entre R$ 0,15 a R$ 0,22 por unidade. Segundo o presidente da Amis, Jos� Nogueira Soares, n�o h� lucro nesse com�rcio e a recomenda��o � de que a mercadoria seja repassada ao consumidor a pre�o de custo.
A redu��o percebida nos supermercados n�o representa o universo total de circula��o das sacolinhas. Longe desses estabelecimentos, no com�rcio do Centro ou dos bairros, � f�cil encontrar os modelos proibidos pela lei, j� que os fiscais da Prefeitura de BH s� conseguiram flagrar 569 locais que descumpriam a norma e aplicar quatro multas em 3.431 vistorias. Os dados, da Secretaria Municipal Adjunta de Fiscaliza��o, relativos ao per�odo de abril a fevereiro, d�o ind�cios de um afrouxamento na fiscaliza��o, j� que, at� 4 de novembro do ano passado, haviam sido feitas 3.357 vistorias e expedidas 526 notifica��es. Por�m, a secretaria afirma que o dado n�o contempla todas as regionais. Al�m disso, acrescenta que a lei pegou em 85% dos estabelecimentos visitados.
Rea��o
Se depender da Associa��o Brasileira da Ind�stria de Embalagens Pl�sticas Flex�veis (Abief), as sacolas convencionais sair�o da clandestinidade. A entidade entrou com a��o de inconstitucionalidade contra a lei de BH, alegando ser extremamente restritiva ao consumidor. “Ele agora � obrigado a comprar uma sacola biodegrad�vel e ainda sacos para acondicionar o lixo. O consumo desse produto cresceu 20% a 30% e os pre�os aumentaram 400% no pa�s. O que h� � transfer�ncia de renda do consumidor para os supermercados”, acusa o presidente da Abief, Alfredo Schmitt. Os supermercados contra-atacam: “Acho natural a rea��o, porque o consumo caiu e cair� ainda mais. A ind�stria ter� de se adequar, porque o pl�stico n�o retorna mais”, aposta Jos� Nogueira.
Autor da lei, o vereador Arnaldo Godoy (PT) considera positiva a experi�ncia pioneira das sacolas ecol�gicas, que serviu de exemplo para estados como Rio de Janeiro, S�o Paulo e Esp�rito Santo. “BH abra�ou a ideia de banir o uso da sacolas convencionais. � l�gico que n�o resolve o problema, mas j� � um ganho extraordin�rio. Deixamos de descartar quase 500 mil sacolas pl�sticas diariamente. Outras 3 milh�es de embalagens, do modelo retorn�vel, j� foram vendidas. Sou convidado frequentemente para falar da lei municipal em outras cidades”, afirma. Entretanto, mesmo o benef�cio inicial representado pela queda no consumo das sacolinhas � base de petr�leo � questionado em estudos que avaliam o impacto ambiental do pl�stico supostamente biodegrad�vel.
A contabilista Maria Aparecida Costa, de 55 anos, aprova a lei, acha que a iniciativa est� sendo boa para o meio ambiente, mas n�o gosta nem um pouco de pagar pelas sacolas biodegrad�veis. Ontem, no Mercado Central, o modelo reutiliz�vel levado de casa n�o foi suficiente para acondicionar todas as compras. Em uma loja, ela teve que pagar por duas unidades. “A minha inten��o era pegar caixas, mas n�o tinha e, hoje, � dif�cil achar sacolas convencionais. A maioria dos comerciantes n�o fornece mais”, disse. Na loja de queijo, a embalagem foi de gra�a. Para a comerciante Zelita Gon�alves Costa, � uma forma de agradar a clientela fiel: “O cliente j� paga pela mercadoria e o milheiro da sacola ecol�gica custa R$ 110. Prefiro fornec�-las, pois n�o faz diferen�a para n�s. Metade dos clientes j� se habituou a trazer a pr�pria sacola”.