

Na pausa do almo�o, fonte ligada para cadenciar o merecido descanso. Na volta para casa, se o tr�nsito � mesmo ruim, ao menos por uns instantes a vis�o se distrai com as luzes e o jorro de �gua. Ontem, um dia depois da inaugura��o da nova Pra�a Diogo de Vasconcelos, na Savassi, Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, o quadril�tero que tem como eixo as avenidas Crist�v�o Colombo e Get�lio Vargas voltou a ter uma cena t�pica daqueles tempos �ureos, bem antes do in�cio das obras de requalifica��o. H� muito, n�o se via tanta gente num dos espa�os mais charmosos da cidade. Todos impulsionados pela curiosidade de ver o novo, sentir os ares de modernidade e conhecer de perto uma das interven��es que mais trouxeram insatisfa��o e inc�modo a moradores e comerciantes da regi�o.

Na nova Savassi, muitos foram os elogios de frequentadores e moradores. Os resultados tamb�m agradaram aos profissionais da �rea de urbanismo. A arquiteta Val�ria Alves afirma que lugares como esse permitem a integra��o das pessoas e a apropria��o do espa�o p�blico, mas pondera: “O fator seguran�a ser� fundamental para manter esse movimento que vemos hoje. � importante saber como as autoridades v�o lidar com isso, pois local com muita gente atrai marginais e, se eles tomarem conta, ningu�m sair� de casa para aproveitar a Savassi”. Val�ria chama a aten��o ainda para o tipo de material usado nos assentos – granito r�stico com encosto de metal – “resistente e de f�cil manuten��o”.
Renova��o
O ar de renova��o � outro ponto forte, segundo a arquiteta. “� um projeto ousado, inclusive o tipo de ilumina��o do totem, que valoriza muito o conjunto � noite”, diz. Para ela, a reinaugura��o n�o significa o fim das interven��es. “� preciso, por exemplo, que comerciantes melhorem as mesas, sem disputar espa�o com os pedestres. A regi�o n�o estar� est�tica, mas ser�o mudan�as mais organizadas, com a orienta��o de um projeto”, argumenta.
A libera��o das mesas nos quarteir�es fechados est� em an�lise na Prefeitura de Belo Horizonte. De acordo com a sugest�o dos arquitetos respons�veis pela requalifica��o, mesas de madeira com suporte de ferro na cor preta, ornamentados com novas sombrinhas, tomar�o conta em breve do lugar, como mostrou o Estado de Minas no fim de mar�o. Mas o comerciante dever� respeitar as faixas de circula��o de tr�s metros de largura cada, exclusivas de quem anda a p�.
Um quadril�tero em movimento

O outro autor da obra, o arquiteto Eduardo Beggiato, diz que o objetivo do trabalho foi cumprido. “A requalifica��o dos espa�os urbanos tem ocupa��o imediata, � um sentimento de pertencimento que toma conta. Agora, temos um marco urbano, que em algum momento deixou de existir na cidade”, diz. “As pessoas gostam da Savassi e t�m nela a refer�ncia de lazer, de trabalho, de bem-estar. O projeto n�o era revitalizar a �rea, porque ela j� tinha vida. � para requalificar”, conclui.
Insatisfa��o
A presidente da Associa��o de Lojistas da Savassi (Alsa), Maria Auxiliadora Teixeira de Souza, promete cobrar da PBH o cumprimento do termo de ajustamento de conduta, assinado com o Minist�rio P�blico para que a Savassi n�o receba eventos. Os comerciantes come�aram a organizar um movimento, por causa dos shows promovidos ontem e que est�o marcados hoje no calend�rio das comemora��es da reinagura��o. Al�m de dois palcos, foram instalados nove banheiros p�blicos nos quarteir�es fechados das ruas Ant�nio de Albuquerque e Pernambuco.
“Nenhum lojista foi comunicado. �s v�speras do dia das m�es precisamos vender. Quem vir� para a Savassi com essa bagun�a? Isso � um absurdo, uma falta de comprometimento. Estamos torcendo para que, com o fim das obras, a clientela volte. Mas percebemos que o perfil est� mudando e estamos preocupados com isso”, ressalta Auxiliadora. A obra n�o agradou os comerciantes. “Descaracterizou a Savassi totalmente. Preferir�amos uma obra mais barata e menos trabalhosa. Isso tudo ocorreu a que custo?”, questiona.
O POVO FALA:
Voc� gostou das mudan�as?
TEREZINHA FRAN�A, APOSENTADA: “Venho sempre � Savassi fazer compras e acompanhei a fase de obras. Ficou bem bonito e alegre, mas houve preju�zo para o com�rcio. N�o sei se era necess�ria essa mudan�a, gastando todo esse dinheiro.”
Joaquim V�tor de Melo A. Pinto, estudante: “Moro perto daqui e me lembro que a Savassi eram s� umas pedras (referindo-se ao cal�amento de pedra portuguesa), agora est� bem mais bonito e posso passear. Antes, n�o dava para sair de casa. Valeu a pena esperar.”
RUTH OLIVEIRA CRUZ, ANALISTA DE RECURSOS HUMANOS: “Trabalho na regi�o, mas hoje (ontem) estou de folga, esperando uma pessoa. A Savassi sempre foi muito bonita, mas havia um tempo que n�o era cuidada. Valeu todos os sapatos vermelhos. Ficou at� mais agrad�vel esperar.”