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Estado de Minas

Saiba quais s�o as cidades com maior e menor taxa de div�rcios em Minas

S�o Louren�o, no Sul de Minas, registra maior taxa de separa��es do estado, segundo o Censo 2010. J� o munic�pio de Padre Carvalho, no Norte, apresenta o menor �ndice


postado em 14/05/2012 07:27 / atualizado em 14/05/2012 08:04

Para manter o casamento é preciso obediência de um pelo outro. O homem tem que respeitar a mulher e ela precisa respeitar o marido - Vicente José dos Santos, de 84 anos, casado há 62 com Paulina Rosa Saraiva,de 80, moradores de Padre Carvalho(foto: Dione Afonso/Esp. EM. )
Para manter o casamento � preciso obedi�ncia de um pelo outro. O homem tem que respeitar a mulher e ela precisa respeitar o marido - Vicente Jos� dos Santos, de 84 anos, casado h� 62 com Paulina Rosa Saraiva,de 80, moradores de Padre Carvalho (foto: Dione Afonso/Esp. EM. )

Mil quil�metros separam S�o Louren�o, no Sul do estado, e Padre Carvalho, no Norte. E n�o � apenas a geografia que p�e os dois munic�pios mineiros em lados opostos. O primeiro, das “mo�as precipitadas”, tem a maior taxa de div�rcios (5,7% da popula��o) em Minas, segundo o Censo 2010 do IBGE, enquanto o segundo, “das juras eternas de amor”, tem o menor �ndice (0,1%). O Estado de Minas foi �s duas cidades para conhecer hist�rias de casamentos e div�rcios e buscar uma explica��o para muitas e poucas separa��es.

A terra das juras de amor eterno…

“At� que a morte os separe.” A recomenda��o feita aos casais na hora do “sim” diante do altar � seguida � risca em Padre Carvalho. O munic�pio, de 5.834 mil moradores, no Norte do estado, a 551 quil�metros de BH, tem o menor �ndice de div�rcios (0,1% da popula��o) do estado, segundo o Censo 2010. No munic�pio, emancipado de Gr�o Mogol em 1995, as pessoas levam vida simples e respeitam os princ�pios religiosos, o que sustentaria os casamentos, conforme os pr�prios moradores.

De acordo com o tabeli�o do Cart�rio de Registro Civil, Reginaldo Costa, s�o quatro casamentos, em m�dia, por m�s. Para um casal se divorciar, � necess�rio ir at� a vizinha Salinas (a 56 quil�metros), cuja comarca abrange Padre Carvalho. H� uma lei que permite que casais sem filhos dissolvam o casamento no pr�prio cart�rio, sem processo. Mas desde que a lei entrou em vigor, em 2009, ningu�m oficializou o div�rcio.

Um exemplo de “amor eterno” � o do casal de agricultores Vicente dos Santos, de 84 anos, e Paulina Sairava, de 80. Em janeiro, eles completaram 62 anos de uni�o. Tiveram 16 filhos (12 vivos), 48 netos e 18 bisnetos. “O homem tem que respeitar a mulher e ela precisa respeitar o marido”, ensina Vicente. “Al�m do respeito, � preciso ter amor”, acrescenta dona Paulina, antes de entregar uma rosa ao marido, como demonstra��o de afeto.

Outra refer�ncia � a experi�ncia de 53 anos de uni�o dos aposentados Jos� Ferreira de Medeiros, de 74, e Santa Ferreira de Medeiros, de 74. Eles tamb�m ditam a “receita” para um casal nunca pensar em separa��o. “No casamento, a pessoa precisa sempre se dedicar � outra”, observa Jos� Ferreira. “A primeira coisa que precisa ser eliminada � o ci�me. Mas � l�gico que � necess�rio ter muito respeito entre os dois”, opina Santa. Assim como Vicente e Paulina, Jos� e Santana s�o cat�licos.

O MESMO TETO PARA SEMPRE

A promessa de que sempre v�o dividir o teto � assegurada pelo operador de m�quina Denis Luiz dos Santos, de 27, e Joveny Maria da Costa, de 25, que se casaram em 7 de janeiro, depois de nove anos de namoro. Ela conta que ele foi seu primeiro namorado e que a separa��o nunca passa pela sua cabe�a. Denis e Joveny se casaram no civil, pensam em oficializar o matrim�nio na igreja e ter tr�s filhos. Ela � cat�lica e ele, evang�lico. “Mas isso n�o atrapalha nada entre a gente”, diz Joveny. “Para o casamento dar certo mesmo � preciso que a gente esque�a as tenta��es da vida de solteiro e passe a se dedicar totalmente � mulher”, afirma Denis. “A primeira coisa que precisa ter � um conhecer o outro. Isso garante a manuten��o do casamento”, completa o operador de m�quina.

A solidez dos matrim�nios, em grande parte, � garantida pelo trabalho do casal Sin�zio Ars�nio dos Santos e Ala�de Guimar�es Santos. Eles integram a Pastoral Familiar de Padre Carvalho e promovem encontros de prepara��o para o casamento com noivos da cidade.

Sin�zio, que � funcion�rio p�blico, ressalta que os noivos participam de 10 encontros. “Realizamos um trabalho para que cada um saiba das qualidades e defeitos do outro. S� depois o casal poder� se entender pra valer e fazer o compromisso da uni�o para sempre”, afirma Sin�zio. “J� houve v�rios casos em que depois dessa ‘descoberta’, o rapaz desistiu do casamento”, comenta.

Ala�de lembra que d� conselhos sobre o comportamento que o homem e a mulher devem ter para garantir a solidez do casamento. “A primeira coisa � buscar a Deus. Tamb�m � preciso di�logo”, afirma. Ela conta que, al�m da prepara��o de noivos, de vez em quando, orienta casais da cidade que est�o em crise no matrim�nio.

Div�rcios

3,1%
BRASIL

3,3 %
MINAS GERAIS

5,7%
S�O LOUREN�O

0,1%
PADRE CARVALHO


Vi que ainda tinha tempo para ser feliz, encontrar outra pessoa, não queria perder a vida inteira ao lado de alguém que não me dava valor - Sônia (nome fictício), de 52 anos, divorciada em São Lourenço(foto: Maria Tereza Correira/EM DA Press)
Vi que ainda tinha tempo para ser feliz, encontrar outra pessoa, n�o queria perder a vida inteira ao lado de algu�m que n�o me dava valor - S�nia (nome fict�cio), de 52 anos, divorciada em S�o Louren�o (foto: Maria Tereza Correira/EM DA Press)
Terra das mo�as "precipitadas"

S�nia e Gilberto (nomes fict�cios) se casaram em 1986. Ela tinha 26 anos e ele, 25. Namoraram por um ano e meio. “Ele era uma pessoa quieta, ningu�m falava mal dele”, conta a mulher. Depois da lua-de-mel, por�m, o motorista de �nibus passou a farrear com amigos e voltar b�bado de madrugada. S�nia, costureira, descobriu que era tra�da. Quando sabia de um novo caso, ela se retra�a, n�o se queixava. “Por isso, com 28 anos, comecei a tomar calmante, rem�dio para press�o alta”, lembra.

Em 2011, S�nia pediu o div�rcio. “Vi que ainda tinha tempo para ser feliz, encontrar outra pessoa.” A mulher, que hoje trabalha como acompanhante de idosos, ficou com a guarda dos tr�s filhos do casal. O caso dela ajudou a transformar S�o Louren�o, onde mora, no munic�pio com a maior propor��o de divorciados em Minas Gerais.

Nessa cidade do Sul do estado, a 392 quil�metros de BH, 5,7% dos 41.657 habitantes j� se divorciaram, de acordo com o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). O percentual, superior �s m�dias estadual (3,3%) e nacional (3,1%), representa um universo de 2.374 pessoas. A cada ano, aumenta na cidade o n�mero dos que pedem a dissolu��o do casamento na Justi�a. Em 2011, o f�rum municipal promoveu 223 div�rcios, sendo 125 consensuais, 47 litigiosos e 51 convers�es de separa��o em div�rcio. Em 2010, foram 182 e, em 2009, 106.

Na Defensoria P�blica, os pedidos de div�rcio aumentam se, na v�spera, uma igreja evang�lica local tiver celebrado o culto em que fi�is s�o incentivados, para purgar a alma, a confessar a namorados, maridos e esposas as trai��es e outros deslizes. Em um dos cultos, a mulher contou ao marido que o filho n�o era dele, mas, sim, do homem at� ent�o identificado como av� paterno da crian�a.

“O neg�cio aqui � mais inflamado que em outro lugares onde trabalhei. O casamento se desfaz com facilidade, por qualquer desaven�a”, observa o defensor p�blico Roger Vieira Feichas. Um dos motivos para essa “facilidade”, acredita ele, � o fato de o munic�pio ter muitos habitantes de fora. Segundo o Censo 2010, 38% (15.868 pessoas) da popula��o local n�o s�o naturais de S�o Louren�o, sendo 6.106 de outros estados.

Rec�m-chegado � cidade, sozinho e carente, o forasteiro se envolve rapidamente com outra pessoa. Quando o casamento n�o d� certo, a solu��o � simples: voltar para o lugar de origem. “A pessoa foge diante da primeira dificuldade”, enfatiza o advogado.

Minutos depois de Feichas explicar sua teoria, um casal chega � Defensoria para assinar div�rcio consensual. O seguran�a particular, de 35 anos, nasceu na capital paulista. Morava em S�o Louren�o havia menos de um ano quando conheceu a mo�a, hoje com 31 anos. Tr�s meses depois, come�aram a dividir a casa. Mais um m�s e a mulher engravidou. O casamento, iniciado ap�s um ano de namoro, durou 11 anos. “Foi tudo por impulso, aquele fervor de estar com uma pessoa”, explica o novo divorciado.

Em uma salinha da matriz de S�o Louren�o, da qual � p�roco, o padre Afonso Alves, de 49 anos, recebe todo dia cerca de cinco casais em crise. Ele percebe que a cidade, onde mora h� pouco mais de um ano, n�o d� ao casamento o devido valor. “No interior de Minas, as tradi��es prevalecem, mas em S�o Louren�o a mentalidade � outra. A proximidade com S�o Paulo e Rio vem transformando este lugar”, justifica. De acordo com o IBGE, a popula��o carioca tem a maior propor��o de divorciados do pa�s (4,2%), enquanto a paulista ocupa o segundo lugar (3,9%) e a mineira, o terceiro (3,3%).

 

Poucos homens

A estudante de pedagogia Mariana (nome fict�cio), de 27 anos, namorava quando engravidou. A fam�lia da mo�a, que tinha 18 anos, come�ou a pressionar e o casamento foi marcado. Uma semana antes de subir ao altar, ela sofreu aborto espont�neo. “Queria cancelar a cerim�nia, mas fiquei com vergonha. J� tinha recebido os presentes”, relata.

A uni�o durou pouco, apenas um ano. Mariana acha as mo�as da cidade “precipitadas” na hora de escolher marido. “H� uma falta enorme de homem. A�, quem j� namora um cara n�o quer largar. Casa sem pensar direito. � o medo de ficar solteira para sempre”, avalia. Segundo o Censo 2010, em S�o Louren�o h� 19.758 homens, 10% a menos que as 21.899 mulheres.

Mas na cidade tamb�m h� casamentos longevos. Dura 62 anos o de Ant�nio Vieira, de 83 anos, e Maria de Lourdes Maciel, de 80. Os dois aposentados t�m tr�s filhos e quatro netos. De vez em quando, se desentendem. Por exemplo, Maria gosta de comprar roupas e m�veis novos, mas Ant�nio acha desperd�cio de dinheiro. “A gente fica um ou dois dias sem se falar, mas as coisas se resolvem”, conta ela. Cat�licos zelosos, jamais cogitaram a separa��o. “Nunca larguei dele nem ele largou de mim. Quando ele sai de casa, fico louca para chegar logo”, diz Maria. Ant�nio � mais contido ao declarar seu amor: “Ela olha muito por mim”.


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